Vasco

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terça-feira, 19 de maio de 2020

HISTÓRIAS DO KIKE - OBRIGADO A PERDER

Cartolas mais inventivos do que os brasileiros, seguramente, não existe no futebol de nenhum plante. Basta entrarmos no túnel do tempo e visitarmos o regulamento do Campeonato Carioca de 1977. Incrível! Os caras criaram situação em que, em rodadas decisivas, um time não poderia vencer e nem perder. E muito menos empatar. Vejamos o rolo:

Chegada a penúltima rodada, Vasco da Gama (campeão do primeiro turno) e Botafogo estavam separados por dois pontos. Flamengo e Fluminense lideravam, igualados. Mas vascaínos e botafoguenses tinham mais pontos no somatório de duas etapas. Então, o Fla teria que empatar com o Botafogo na última rodada para ir ao triangular final. Se vencesse, haveria jogo extra Vasco x Botafogo, e o campeonato terminaria em caso de vitória vascaína, que faturaria os dois turnos 

Não se perdeu? Pois tem mais: se o Flamengo perdesse do Botafogo teria que decidir com o Fluminense a terceira vaga de finalista. Àquela altura do campeonato, o Flamengo não poderia vencer e nem perder do Botafogo. Teria de empatar, para os botafoguense se classificarem e não deixarem o caneco ficar cruzmaltinado. Haveria, também, a possibilidade de Botafogo, Flamengo e Fluminense chegarem à última rodada do returno igualados. E de Botafogo e Flamengo um ponto à frente do Fluminense na soma de pontos das duas etapas. Neste caso, Bota e Fla teriam de perder no jogo entre eles, pois só assim um deles iria ao triangular final com o Vasco. Já o vencedor disputaria um jogo extra com o Flu.

Dá pra entender? Dois times jogando pela derrota. Se houvesse empate entre Botafogo e Flamengo, o campeão da segunda etapa seria o Fluminense e haveria um jogo extra pela terceira vaga. Única situação no futebol mundial em que   o mais importante seria a derrota. Só mesmo cartola brasileiro era capaz de produzir – era? 

Pois vamos para a última rodada do segundo turno. Três equipes estavam distanciadas - uma da outra - por um ponto, e o terceiro a quatro pontos do quarto colocado. Então, o primeiro colocado enfrentaria o terceirão, que teria de perder do primeirão para este ser o campeão da etapa e ele, terceirão, entrar em um triangular final como um dos times que mais pontos somaram em duas etapas.

Não se perca: o Vasco da Gama, campeão do primeiro turno e o campeão da segunda fase já estariam garantidos no triangular final se uma dessas variantes rolasse. Numa outra, se o terceirão vencesse o primeirão nesta última rodada, os vascaínos seriam campeões de dois turnos, e fim de papo. Se o terceirão vencesse - que quena! - estaria estaria eliminado; se perdesse - que legal! - estaria classificado.

Fato parecido rolou no futebol candango, quando arrumaram um regulamento para impedir o Taguatinga Esporte Clube de conquistar o terceiro título consecutivo, em 1993. Na última rodada, o Águia teria de vencer o Gama durante o tempo regulamentar, depois, na prorrogação e, por fim, em cobrança de pênaltis. O que aconteceu nos dois casos no  futebol carioca e no candango? Assunto para uma outra coluna. Combinado?          

 

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