Para fazer uma grande festa pela recuperação do caneco (perdido,
em 1979, para o Gama), o Brasília Esporte Clube tentara trazer Flamengo e
Corinthians para o Jogo das Faixas. Estávamos a menos de 45 dias da
virada do calendário e a época não ajudava, sem falar da cota do visitante que
ficaria em um milhão e meio de inflacionados cruzeiros – caríssima!
Rola e
mexe, após esgotadas todas as tentativas de contar com um atrativaço, o
Brasília esbarrou até na possibilidade de trazer o vizinho Anápolis. “Problema nunca
foi problema para o Brasa”, brincava o zagueiro Jonas Foca, que chamava o
Brasília por apelido incandescente. Além daquilo, lembrava de 22 de dezembro de
1978, quando o Colorado do Planalto (apelido não pegou)
não conseguia, marcar nenhuma comemoraçãoe arrumou jeito diferente para o tri
não passar sem festejo: convidou a imprensa para enfaixar a rapaziada,
durante sambão, em um sabadão, na Churrascaria do
Júlio, ao lado da pista ligando Plano Piloto a Taguatinga. Me lembro que
coloquei a faixa no meia-atacante Ernani Banana.
Era a primeira vez na história do futebol brasileiro que um campeão recebia as faixas em uma churrascaria. Alguns jogadores não puderam comparecer e foram sacaneados pelos colegas. Por exemplo: 1 – Edmar (futuro artilheiro do Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Cruzeiro. Grêmio-RS e da Seleção Brasileira) estava com forte gripe e febre. Banana, que lhe dava carona para todos os treinos, mandou ver: “Deixei de pegar a gripe fominha” – o colega era o maior fominha de gols do time; 2 – O lateral Ferreti estava na Bahia, visitando a família, e alegou não ter encontrado passagem aérea no dia do churrascão. Jonas Foca não o perdoou: “Preguiça de pegar o avião”; 3 – Caçoou, ainda, com o meia-armador Raimundinho, também baiano e que estava, igualmente, na Bahia: “Na terra dele, o veículo mais rápido é o jegue. Não dava tempo de chegar”; 4 – Em vez de contratar churrasco, podiam me chamar pra fazer um terceiro- sargento”, brincava o roupeiro Seu Mário, ao que o massagista Leleco retrucava: “Pra empanturrar todo o time” – terceiro-sargento era uma mistura de carne de sol cortadinha em pedacinhos, arroz branco, tomate cortado e farofa.
Foi
uma noitada animadíssima, em que até os circunspectosirigentes Augustinho Vilar
Neto, Nabor Siqueira, Oscar Perné do Carmo, Paulo de Sousa, Edílson Braga,
Carlos Romeiro e o treinador Cláudio Garcia se animaram mais do que o normal,
ouvindo a orquestra mandar em homenagem aos campeões: Déo, Luisinho, Mário,
Foca, Zé Mario, Odair Galetti, Alencar, Wander, Rogério Macedo, William,
Paulinho, Albeneir, Ney, Aluísio Robozinho, Ricardo, Moreirinha
(foto), Péricles, Edson, Marquinhos, Nando, Guilherme, Afonso, Sidney e Zé
Carlos.
Anote os resultados da conquista: 1º turno – Brasília 2 x 0 Tiradentes; 1 x 0 Gama; 1 x 1 Comercial de Planaltina; 2 x 0 Sobradinho; 3 x 0 Desportiva Bandeirante; 1 x 1 Guará; 6 x 0 Ceilândia e 2 x 0 Taguatinga. 2º turno – 5 x 0 Desportiva; 0 x 0 Taguatinga; 5 x 0 Sobradinho; 0 x 0 Guará; 3 x 1 Ceilândia; 3 x 1 Tiradentes; 3 x 1 Comercial; 0 x 0 Gama e 2 x 0 Gama. 3º turno – 5 X 0 Tiradentes; 5 x 0 Desportiva; 1 x 0 Ceilândia; 4 x 0 Taguatinga; 3x 0-Sobradinho; 4 x 0 Comercial; 2 x 0 Guará e 1 x 1 Gama.
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