Hermano tivava dez no idioma brazuca, mas era zero em bola rolando
Bicampeão do Torneio Incentivo, em 23 de junho de 1978, o Gama
tinha por próximo passo eleger uma nova diretoria. Por unanimidade (130 com
direito a voto), os conselheiros, escolheram Osvando Lima, cinco dias após a
conquista do título, para comandar o rumo do Periquitão no biênio 1978/80.
Comerciante proprietário de uma das principais lojas de vestuário da cidade do
Gamas - Casa Lima -, Osvando tinha por principal meta construir o parque
desportivo e a sede do clube. Depois, olharia para o futebol. Mas este
terminou ganhando a sua prioridade.
Como o treinador Manoel Cajueiro deixara o clube, após o final do
Torneio Incentivo-78, Osvando manteve o preparador físico Vanderlei Sales e
entregou-lhe, interinamente, o comando técnico do time, repassado a Jaime do
Santos durante o Campeonato Candango. Antes, porém, Vanderlei comandou a equipe
na festa de recebimento das faixas de bi do Incentivo-78, num amistoso,
com a Anapolina-GO, em seis de agosto daquele mesmo 1978.
Veio, então, o jogo das faixas, no Bezerrão, numa tarde de
domingo. Por aquele tempo, era costume o torcedor ouvir o jogo, acompanhando as
narrações de Aílton Dias e de Marcelo Ramos colando aos ouvidos os aqueles
antigos radinhos à pilha. Os dois, anunciaram: “O Gama jogará com: Chico;
Carlão, Kidão, Manoel Silva e Edvaldo; Santana. Júlio e Vicente; Manoel
Ferreira, Roldão e Alves”. Assim que terminou de falar, Marcelo Ramo teve a
frente de sua cabine tomada por torcedores, gritando: “Cadê o ‘gringo?”
A Anapolina tinha um bom time, para o futebol do Centro-Oeste. O
que atuou naquela tarde, por exemplo – Moacir; Wilson, Mura , Gideone e
Nilton; Roberto Chaves, Luis Carlos e Raimundinho; Natinho, Paulo Campos e
Maurício – era páreo duro para Goiás, Goiânia e Vila Nova, os principais
de Goiás. Fazendo um jogo muito equilibrado, o visitante abriu 1 x 0, com gol
de Paulo Campos. Aí a torcida gamense voltou gritar mais, daquela vez cobrando
do presidente: “Cadê o ‘gringo’, Osvando, ele existe?”
Como o Gama não conseguia empatar, Vanderlei Sales mandou Equaras
para o jogo. O argentino, que chegara dizendo-se, indistintamente,
ponta-direita, centroavante e meia-armador, atuando na armação, com a mesma
desenvoltura que o fazia pelos flancos, “setor preferido”, era tão ruim, mas
tão ruim, que Toninho Cândido, o diretor de futebol alviverde, não só o mandou
embora do clube: o expulsou do planeta.
Oficialmente, Osvando Lima dissera que Equaras, que falava um português quase perfeito, recebera uma proposta, irrecusável, para voltar a trabalhar no consulado brasileiro da cidade argentina de La Plata, onde já teria servido e se tornado fluente em nosso idioma. Enfim, ele contratara um “gringo” que havia aprendido a falar como brasileiro, mas esquecera de jogar futebol como um argentino.
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