Vasco

Vasco

terça-feira, 29 de julho de 2014

FERAS DA COLINA - SUINGUE

       
O Vasco já formou times de fazerem verdadeiros “carnavais” em cima dos seus adversários, como se falava, antigamente. De quebra, o 'xerifão' Brito e o atacante Sabará eram mestres nos sambas dos velhos carnavais cariocas. Mais pra frente, teve um meia aloirado apelidado por Toninho Vanusa, em alusão à “blondice” de uma cantora homônima de muito sucesso na década-1960. 
Quando aderiu ao futebol, em 1916, o Vasco conviveu com o som de “Pelo Telefone”, de Mauro Almeida e Dunga, o primeiro sambinha gravado no país. Em 1917, o seu torcedor Alfredo da Rocha Viana, o Pixinguinha, aos 20 anos, compôs o maior clássico da música popular brasileiro, “Carinhoso”, em parceria com Braguinha, e o escondeu por 11 anos, por achar que ninguém aceitaria algo que contrariava os modelos da época. Choro deveria ter três partes, e a sua criação só tinha duas.
Em 1928, uma temporada antes de o Vasco  conquistar o seu terceiro campeonato – em 1929 –, finalmente,  “Carinhoso” foi gravado, instrumentalmente, pela orquestra de Pixinguinha e Donga. Inicialmente, era uma polca vagarosa, transformada, depois, em um chorinho. Mas o Vasco transformou-se, também. Na década-1930, aderiu ao futebol profissional. Época em que um possível vascaíno – supõe o pesquisador Sérgio Cabral –, o compositor Noel Rosa, contou as malandragens de um cara que “Vestiu uma camisa amarela e saiu por aí”.  Chegado ao final dos anos-1940, aquele time que jogavam uma bola tão alegra quanto o chorinho “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo, surpreendeu o continente sul-americano, um ano antes, tornando-se campeão dos campeões continentais. Era um tempo que o tango ainda encantava “los brasileños”, enquanto as serestas já o esperava na esquina para dar-lhe o bote.
 Chegam os anos-1950, e eles vão embora com Wagner Maugeri, Maugeri Sobrinho, Lauro Müller e Victor Dagô mandando o torcedor cantar que “A Taça do Mundo é nossa”. Nossa e buscadas na Suécia com a força dos vascaínos Bellini, Orlando e Vavá.  Os 'canarinhos' e os 'azulões' fizeram o mundo rebolar. Como nos tempos do iê-iê-iê, dos vascaínos Roberto e Erasmo Carlos, na Jovem Guarda, na década-1960. Enfim, o Vasco já pegou o embalo da polca, do samba-canção, do bolero, de guarânias, lambada, enfim de tudo. É uma instituição com muito swing.
Swing? Um filho do jazz. Como a Bossa Nova. Como o Vasco, que criou bossas novas como pretos, pobres e analfabetos jogando futebol, em uma época repleta de preconceitos. Por isso, um dia, o Swing foi parar em São Januário, já com o seu apelido da grafia dos  tempos de Prudentina-SP  abrasileirada para Suingue.
Álvaro Aparecido Pedro era o nome do apoiador, nascido em 13 de março de 1946, em Rancharia-SP.  Viveu durante 67 anos e esteve vascaíno depois de passar, também, por Palmeiras (1966/1968), Corinthians (1969/1973) e Fluminense.  Depois do Vasco, ainda passou pelo paraense Clube do Remo. Pendurada as chuteiras, foi treinador em sua terra e juiz de futebol, no Espírito Santo.
 Suingue tinha uma boa estatura para o atleta do seu tempo: 1m75cm.  Calçava chuteiras nº 41 e os seus cabelos e olhos eram castanhos claros. Filho de José Antônio Pedro e de Palmeira Lopes Pedro, foi devoto de Nossas Senhora Aparecida. Profissionalizou-se, pela Prudentina, em 1962, umano em que rolava muito swing pelas ondas longas e curtas das rádios brasileiras. (foto reproduzida da Revista do Esporte Nº 376, clicada por Osmundo Salles, Dom Carlos Menezes, Jorge Renato ou Arnaldo Campos).

Nenhum comentário:

Postar um comentário