Vasco

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sábado, 12 de julho de 2014

NO MUNDO DA COPA - MARACANAZO

Brasil manifestara o desejo de promover um Mundial durante o Congresso da FIFA, de 1938, em Paris. Mas, devido a II Guerra Mundial, a Copa do Mundo passou 12 anos sem ser realizada. Em 1946, após o conflito, realizou-se um congresso, em Luxemburgo, marcando a retomada da competição para 1950. Antes, em 1948, no Congresso de Londres, finalmente, o Brasil fora definido como sede da “World Cup”.
Para o IV Mundial de Futebol – e para ficaxr com a Taça Jules Rimet (foto), o Brasil construiu o maior estádio do mundo, o Maracanã, no Rio de Janeiro, inaugurado em 16 de junho de 1950, e iniciou a disputa com quatro grupos de quatro seleções, sem o sistema eliminatório vigorado em 1934/38.
Em 24 de junho, 81.649 torcedores assistiram à Seleção Brasileira golear os mexicanos, por 4 x 0, – gols de Ademir, aos 32 minutos do primeiro e aos 36 do segundo tempo; Jair, aos 21, e Baltazar, aos 27 da fase final – formando com: Barbosa, Augusto e Juvenal; Ely, Danilo e Bigode; Maneca, Ademir, Baltazar, Jair e Friaça.
Dez dias depois, uma equipe, predominantemente paulista, empatou com a Suíça, por 2 x 2, no Pacaembu. Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Ruy e Noronha; Alfredo, Maneca, Baltazar, Ademir e Friaça foi a formação, assistida por 42.032 pagantes. Alfredo, aos 2, e Baltazar, aos 31 minutos do primeiro tempo, marcaram os gols brasileiros.
De volta ao Maracanã, em 1º de julho, o técnico Flávio Costa manteve só Bauer, dos paulistas, no time. Zizinho tomou o lugar de Baltazar e Chico o de Friaça, na vitória, sobre a Iugoslávia, por 2 x 0. Aos três minutos, Ademir abriu o placar. Mas o segundo tento só foi surgir, aos 24 da etapa final, com Zizinho, o suficiente para classificar o Brasil, no Grupo 1, enquanto o 2 fora vencido pela Espanha, o 3 pela Suécia e o quatro pelo Uruguai.

Veio a fase decisiva, e o Brasil sapecou, em nove de julho, no Maracanã, 7 x 1 nos suecos. Só no primeiro tempo foram três gols – Ademir, aos 17 e aos 36, e Chico, aos 39 minutos. Na etapa final, Ademir marcou mais dois gols – aos 7 e aos 9 –, enquanto e Maneca, aos 40,e Chico, aos 43, completaram o serviço, testemunhado por 138.886 pagantes. O time foi: Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir, Jair e Chico (foto).
Estava bom demais. E melhorou em 13 de julho, no Maracanã, quando o Brasil mandou 6 x 1 pra cima dos espanhóis. Enquanto isso, no Pacaembu, o Uruguai virava, para 3 x 2, o jogo em que perdia para a Suécia. Quatro dias antes, já sofrera muito para empatar, por 2 x 2, como os mesmos espanhóis, que haviam caído ante Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo e Bigode; Maneca, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.
O INCRÍVEL MARACANAZO – Era 16 de julho e, oficialmente, 173.850 pagantes foram registrados pelas catracas do Maracanã. Mas umas 200 mil pessoas poderiam estar na casa, pois, em determinado momento, as máquinas pararam de anotar os "entrantes". Pelos dias que antecederam a tarde da final do Mundial, a Seleção Brasileira já era saudada como a campeã do mundo. Na véspera do jogo, o jornal “O Mundo” publicou uma foto da equipe, sob a manchete: “Estes são os campeões do mundo!" E deveriam ter sido, pois eles chutaram 30 vezes ao gol, contra 12 tentativas dos uruguaios, que ninguém, antes, acreditava.
Tudo favorecia ao Brasil. Em 30 jogos entre as duas seleções, haviam sido registradas 13 vitórias nossas e 11 deles, além de seis empates. Fizemos 58 gols e eles 52. Dentro do clima de “já ganhou”, os brasileiros só levavam em conta um iten sobre a Celeste: a sua sorte, como no gol de empate, com a Espanha, para chegar à decisão. Só que ela tinha um grande capitão, Obdúlio Varela, que sabia inflamar os companheiros. Tanto que eles colocaram duas bolas contra as traves defendidas por Barbosa, além das duas nas nossas redes.
HORA ERRADA - A empolgação passava de todos os limites, na concentração da Seleção Brasileira. Dirigentes, visitantes e torcedores tinham a certeza da vitória. Extrapolava-se. Centenas de pessoas transformavam o local em um autêntico inferno. Os atletas não diferiam de ninguém. Só esperavam pelo fim da partida, para “cumprirem o óbvio”. Além de a imprensa produzir edições especiais, saudando os “novos campeões mundiais”, compositores compareciam com músicas falando da grande conquista.
Antes de a Seleção ir a campo, os atletas foram obrigados a ouvir vários discursos bombásticos, chamando-os de “legítimos campeões mundiais, herois de 50 milhões de brasileiros, mestres insuperáveis das arte de jogar futebol”, coisas assim, que só serviram pra pré-derrotá-los.
O carnaval estava pronto. A candidatura de Flávio Costa, a vereador, ganhava mais e mais adeptos. De sua parte, o treinador temia e alertava, repetidamente: “Ainda é cedo pra festejar um título que nem acabamos de disputar. Falta enfrentar os uruguaios, e eles são adversários dificílimos. Também, teem chances e lutarão por isso”. Mas ninguém lhe dava ouvidos. O que importava, simplesmente, era o pensamento: se o Brasil detonara Espanha e Suécia, não teria dificuldades pra fazer o mesmo com o Uruguai, que sofrera para tirar aqueles dois adversários da frente.
O JOGO – O Brasil foi pro jogo com tanta gana que cometeu 21 faltas, contra 11 dos uruguaios. Dominou todo o primeiro tempo, mas a Celeste segurou o placar de 0 x 0. Valeu-se do fato de Jair Rosa Pinto, com passos policiados por Obdúlio Varela, não ter conseguido entrar na sua área, como era uma sua característica, e da demorar nos chutes do goleador Ademir Menezes, atacante rápido e famoso pelos impressionantes rushes em direção ao gol.
Os uruguaios, capitaneados pela “coragem indômita e a indomável valentia” de Varela, como se escreveu, seguravam os brasileiros, com marcação forte e cerrada. Os ponteiros Friaça (direito) e Chico (esquerdo), por exemplo, tinham, respectivamente, Rodríguez Andrade e Gambetta, como selos apregados em suas camisas. Ademir, que já havia marcado nove gols, via o violento Matias Gonzalez querendo consumir até a sua sombra. Pra piorar, Tejera não deixava Zizinho respirar, quando atacava, e até o centroavante Schiaffino o marcava, quando recuava. A seleção de Flávio Costa era um Brasil freado. De nada adiantava Danilo Alvim e Bauer apoiarem bem. Atacando, desesperadamente, as vezes, abria-se a retaguarda aos contra-ataques celestes.
Pouco depois de o árbitro inglês George Reader apitar o reinício da partida, Zizinho roubou a bola sobrada de uma disputa, entre Friaça e Rodríguez Andrade, e mandou-a para Ademir, que lançou Friaça. Este, do bico da área, bateu cruzado, abrindo o placar. Para a torcida, se o Brasil só precisava empatar, para levar a taça, com 1 x 0 de vantagem, o mais era fazer o goleiro Máspoli não parar de visitar o fundo da rede.
Os uruguaios não aceitaram a derrota antecipada. Viram que Bigode, o lateral-esquerdo brasileiro, não estava bem. Famoso, por cometer faltas, seguidamente, o marcador alviazul achara de mudar a sua característica logo numa final de Copa do Mundo. Tentava jogar limpamente. Resultado: foi, pelo seu setor, que a Celeste mudou os destinos da decisão.
Ao 20 minutos, Alcides Gigghia deixou Bigode para trás, lançou Schiaffino e este empatou: 1 x 1. Aos 33, Gigghia repetiu o lance. Progrediu, pela direita e, em vez de voltar a cruzar a bola para Schiaffino, mandou-a para o gol, iludindo Barbosa. (foto) A pelota passou entre o goleiro e o poste esquerdo, no único erro do camisa 1 brasileiro em todo aquele Mundial: Uruguai 2 x 1, treinado por Juan López e aplaudido pela torcida anfitriã, quando Varela recebia a taça, das mãos do presidente da FIFA, Jules Rimet.
O time brasileiro foi: Barbosa, Augusto e Juvenal; Bigode, Danilo e Bauer; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico. Uruguai: Máspoli, Matias González e Tejera; Gambeta, Obdúlio Varela e Rodrigues Andrade; Gigghia, Júlio Perez, Míguez, Schiaffino e Morán.

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