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sábado, 22 de abril de 2017

O VENENO DO ESCORPIÃO- 21 - JORNAL DA BAHIA – Nº ZERO - EDIÇÃO EXPERIMENTAL

1 – O jurista baiano João Mangabeira (1880 a 1964) afirmava ter o órgão que mais falhou à República, entre 1892 e 1937, não sido o Congresso Nacional, mas o Supremo Tribunal Federal. Constituinte, em 1934, ele  lutou contra a ditadura do Estado Novo, do presidente  Getúlio Vargas, passou 15 meses na cadeia e, ao sair, disse: “Prefiro ser preso por esta ditadura, do que estar livre, compactuando com ela”.  Recentemente, o ministro Luiz Fux propôs ao STF  conceder a todos os juízes brasileiros um auxílio-moradia no valor de R$ 4.300 reais. Mesmo ao que atue em sua cidade e tenha casa própria – que legal!

2 – O governador Luiz Viana Filho, eleito, indiretamente, para o cargo, pela Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, em 1966, nos moldes das eleições do regime militar para a presidência da república, vendeu a Pelé, pelo preço simbólico de NCr$ 1,00 (um  novo cruzeiro, a moeda da época) , um  terreno de 10 mil metros quadrados para o “Rei do Futebol” instalar uma fábrica no Centro Industrial de Aratu, perto de Salvador. A entrega do documento de compra ocorreu no Palácio de Ondina, onde Pelé declarou: “Sempre esteve nos meus planos expandir a minha indústria até o Nordeste” – se alguém souber onde foi instalada a fábrica de Pelé na Bahia, favor informar. O povo baiano não sabe.  

3 – Inícios da década-1970 - O deputado federal Hélio Machado, do Partido Democrata Cristão foi nomeado Secretário de Viação  do Governo do Estado da Bahia, em lugar de Vieira de Mello, que assumiu a vaga de deputado, em lugar de Hélio Machado, de quem era suplente – trocou-se seis, por meia-dúzia.      

4 – Fidel Castro, aos 67 anos de idade,  em 1994,  viajando  para a posse do presidente Nelson Mandela, na África do Sul,  fez uma escala em Salvador, onde passou 13 horas.  Visitou o governador Antônio Imbassahy e o ex-Antônio Carlos Magalhães. Adorou a comida baiana, disse ser a melhor que já provara e convidou a cozinheira do palácio do governo baiano a ir trabalhar em Cuba.  Por fim, sacaneou: “Vocês aqui têm mania de eleições. O ideal é pleito com um só candidato a presidente” – a Bahia não tinha presidente, mas dois governadores. Imbassahy, de direito, e ACM, de fato. 

5 -  O presidente João Figueiredo (1979 a 1985), em sua última visita no cargo à Bahia, recebeu os cumprimentos de 62 líderes comunitários, entre eles a Irmã Dulce, que cobrou-lhe a promessa de ajuda às suas obras de caridade. Queria antigos Cr$ 240 milhões de cruzeiros para construir um hospital.  Figueiredo  respondeu que arrumaria a grana, nem que fosse assaltando um banco, no que o religiosa garantiu-lhe: “Oxente! Ajudo o senhor no assalto”. Não foi preciso. Assim que voltou a Brasília, Figueiredo mandou o ministro da Fazenda, Delfim Neto, liberar um auxílio de Cr$ 50 milhões para o hospital do “Anjo Bom da Bahia” – se tivesse assaltado um banco, teria conseguido mais grana.     

6 – O cantor baiano Anísio Silva, quando começou a fazer sucesso nacional, usava um bigodinho fino, breguíssimo. Para pesquisadores da música popular brasileira, foi o desembarque dele nas paradas de sucesso, em 1957, que fez surgir o brega romântico, que tabelava com o bolerão tipo Gregório Barrios. Anísio Silva era ralezão, bregão, mas já cantava baixinho, o que a patota da Bossa Nova adotou, a partir de 1958. Quando subia ao palco e cantava – “Alguém me disse/ Que tu amas/Novamente/Novo amor/Nova paixão/Toda contente/Conheço bem/Suas promessas/Outras ouvi/Iguais a essas/Esse seu jeito de enganar/Conheço bem – as empregadinhas domésticas iam ao delírio – em 1990, a baiana Maria da Graça Costa Pena Burgos (Gal Costa, para a rapaziada), regravou aquele sucessaço, mas não emplacou. Não tinha a breguice do velho Anisão.
 
 7 – Martha Rocha, Miss Bahia e Miss Brasil-1954, disse que os concursos de beleza no país perderam o charme porque surgiram títulos para tudo: Miss Bicicleta, Miss Outono, Miss Safra, Miss Beterraba, o diabo! Segundo ela, se a Copa do Mundo fosse em todos os anos, viraria um Miss Brasil – por isso, o Brasil levou 7 x 1 da Alemanha. 

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