Filho de um antigo
centroavante do Luso Brasileiro Futebol Clube, o bom de bola Newton Ferreira,
que chegou a ser campeão estadual e integrou o selecionado maranhense do
Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais-1929, o poeta Ferreira Gullar, com
certeza, não herdou o gen desportivo do seu glorioso pai. Bem que ele tentou, no
campo de pelada do Ourique, em frente ao Mercado Novo de São Luís do Maranhão,
defendendo o time infantil do Ferroviário Futebol Clube.
Ainda não havia o termo “simancol”, receita
recomendadas aos desassuntados. Mas, para o nosso gáudio, a bola livrou-se de um deles
bem antes de ele “se mancar” que não reunia nenhum pendor para o ludopédio. Foi quando, disputando um lance, levou uma rasteira caprichada, caiu de bunda no
chão e quase quebrou o espinhaço. Santa bundada! – o futebol brasileiro perdeu
um tremendo perna-de-pau e as letras nacionais ganharam um esfuziante cracasso.
Credito da imagem inserido dentro dela.Agradecimento. |
Fora das quatro linhas, José Ferreira
adentrou ao campo dos livros, enquanto um dos ex-colegas de bola encantava quem o via
rolar a “maricota”. Aos 21 anos de idade, ele mudou-se para a Cidade
Maravilhosas e maravilhou-se com o time do Vasco da Gama – campeão estadual-1945/47/49/50
e sul-americano-1948. Já nem se lembrava mais do apelido de “Periquito”, dos
tempos de garoto peladeiro. Jogava botões com a sua "patota" – sempre e sempre –
tendo o escudo vascaíno. E torceu pelo “Almirante” sem se importar que Ademir
Menezes, Ipojucan, Danilo, toda a “Turma da Colina” carregasse no peito a Cruz
de Cristo, quando ele já ameaçava encorpar as hostes comunistas. Mas manteve-se fiel às suas ideologias desportivas, cruzmaltinandos,
enquanto esteve por este planeta – até 4 de dezembro de 2016.
Como a
maioria dos maranhenses de boa cepa, o José filho do atacante Newton Ferreira,
também tinha um Ribamar após o seu pré-nome. Era, no registro civil, José
Ribamar Ferreira, nascido em 10 de setembro de 1930, na “Ilha do Amor”, como a
rapaziada de sua terra chama São Luís do Maranhão – e deve ser mesmo, pois as suas morenas são de uma energia impressionante, o que posso provar, porque sou casado com uma delas e passo atestado de garantia do produto.
Bola vai, amor vem, enquanto o glorioso Zé de Riba vivia expulso até de um eventual banco dos reservas em um despretencioso convescote, ele passou a tirar as mais interessantes prosas e versos de suas "cabeçança". Aliança com a poetiza intuição. Tornou-se Ferreira Gullar, sujeito comunista moreno e exilado político verde-e-amarelo. Jamais desligou-se de suas origens.
Bola vai, amor vem, enquanto o glorioso Zé de Riba vivia expulso até de um eventual banco dos reservas em um despretencioso convescote, ele passou a tirar as mais interessantes prosas e versos de suas "cabeçança". Aliança com a poetiza intuição. Tornou-se Ferreira Gullar, sujeito comunista moreno e exilado político verde-e-amarelo. Jamais desligou-se de suas origens.
Canhoteiro era o Garrincha da ponta-esquerda. Reprodução de gazetapress.com.br .Agradecimento |
O poeta lia que o seu velho amigo jogava tanto quanto Garrincha. Que beleza! Haviam trocado passes
antes da fama dele. Ferreira Gullar só não leu que Canhoteiro era tão desligado
e irresponsável quanto o Mané. Chegava a desprezar a Seleção Brasileira, para
não ter que jogar sério, o que podia fazer em seu clube. Tão irresponsável que, quando ficava no banco dos reservas, usava só o agasalho. Quando era chamado para entrar em campo, corria para o vestiário e pedia preciosos minutos colocando chuteiras e meiões. Chegou a fazer isso, também, defendendo o escrete nacional.
Passou-se
mais um tempinho e o poeta contou ao cronista esportivo Armando Nogueira do seu
passado de “maltratador de bola”. Armando marcou em cima. Assim que Canhoteiro foi jogar no Rio, ele procurou-lhe na concentração do São Paulo e
falou-lhe do sucesso literário do seu conterrâneo Ferreira Gullar. Canhoteiro
ouviu, calado, parado, e, instantes depois, indagou:
“O Periquito agora
é poeta?” – realmente, era o Garrincha da ponta-esquerda!
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