Vasco

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quinta-feira, 27 de abril de 2017

QUAL O MELHOR VASCO? CANDIDATO-1950


Barbosa, Laerte, Augusto, Ely, Danilo e Jorge (em pé, da esquerda para a direita); Alfredo,  Ipojucã, Ademir, Maneca e Djayr e o massagista Mário Américo (agachados, na mesmas ordem) 

Passados 28 dias do “Maracanazo”, como os uruguaios apelidaram os 2 x 1 Brasil, da final da Copa do Mundo-1950, o torcedor carioca ainda chorava. Principalmente, o vascaíno, que tivera a metade do seu time formando o escrete nacional. Ele queria crer que os flamenguistas Juvenal e Bigode haviam sido os grandes culpados pela tragédia, por terem permitido a Gigghia fazer a jogada do gol da vitória celeste – o goleiro Barbosa culpava o primeiro.
Seis dias após o Mundial, houve o amistoso Flamengo 3 x 1 Bangu, para ajudar ao segundo pagar o passe de Zizinho, comprado dos rubro-negros. Em 12 de agosto, o Maracanã recebia a primeira partida da sua primeira disputa estadual, Fluminense 2 x 2 Olaria. Longe dali, o Vasco mostrou motivos suficientes para apachar a melancolia de sua galera, estreando no Estadual, 35 dias após a "grande tragédia nacional", mandando 6 x 0 São Cristóvão, em um domingo, em São Januário.
 Ademir o principal goleador da Copa do Mundo, com nove tentos, mostrou que estava pronto para mais estragos, embora tivesse deixado só um na estreia, a mesma conta de Lima. Mas Ipujucan e Maneca, com duas bolas na rede, cada, deram ao torcedor cruzmaltino boas perspectivas de futuro risonho.
 
QUASE UM MÊS DEPOIS (10.09), o Vasco, treinado por Flávio Costa, que dirigira, também, a Seleção Brasileira da Copa do Mundo, mandou u mais uma goleada: 4 x 0 Bonsucesso, na casa do adversário. Ademir esteve exuberante, marcando três tentos – Maneca completou o serviço. Com aquilo, até a quinta rodada – 3 x 1 no Olaria, também fora de casa –, a "Turma da Colina" somava quatro vitórias e uma escorregada, com 18 gols pró e seis contra. O “Queixada”, que já tinha mandado sete bolas ao filó, avisando que queria repetir o seu sucesso da temporada anterior, quando dominara a corrida pela artilharia, com 31 gols.
 Para os torcedores dos rivais, o Vasco não enganava. Isso porque, quando o “Almirante” tivera paradas mais difíceis pela frente, vencera o Bangu, apertado (3 x 2), e perdera do América, pelo mesmo placar. Logo, teria de mostrar serviço diante do Flamengo, o seu maior rival. Se bem que os rubro-negros faziam uma campanha decepcionante. 

Alfredo II, Ipojucan, Ademir Menezes, Maneca e Djayr, o ataque arrasador que balançou a rede em 74 oportunidades
Veio o domingo (24.09) e o “Clássico dos Milhões” levou ao Maracanã Cr$ 578 mil, 715 cruzeiros (moeda da época). Para os flamenguistas, seria um bom momento para a reação. E ameaçaram. Aos 10 minutos, Lero abriu o placar, deixando a torcida vascaína calada, até os nove do segundo tempo, quando Alfredo empatou, para Ademir virar o placar a oito minutos do final da pugna apitada pelo chamado “mister” George Dickson.
Rolou mais um tempinho e com ele (14.10) veio um pancadaço: 9 x 1 Madureira, jogo especial para o pequenino ponta-esquerda Djayr, a revelação daquele Estadual. Carimbou a rede por quatro vezes. A próxima vítima caiu na Colina (22.10): 7 X 0 Canto do Rio, com o Djayr  voltando a aprontar. Ele e Ademir marcaram duas vezes, cada.  Estava demais o baixinho. Assim que o returno começou, ele deixou mais três (29.10), nos 5 x 1 São Cristóvão. Pra variar, esquentou mais uma pipoca na chapa, no Dia da Bandeira (19.11). O Olaria deu bandeira e caiu de 4 x 0. Era a sexta goleada no campeonato, em 13 jogos.  
URUBU NO ESPETO – O Flamengo ainda não era chamado “Urubu” – só a partir de 1969, quando o chargista Henfil propagou o apelido pelo “Jornal dos Sports”. Era novembro (26.11) e O ”Almirante” o depenou, com acachapantes 4 x 1. Principal responsável? Ipojucan, com três depenadas malvadas. Mas o saco de maldades ainda seguiria aberto: 7 x 2 Bonsucesso (10.12), com Ademir deixando os rubro-anis tontos.
E o Estadual invadiu 1951. Ano novo, goeladas novas: 4 x 0 Fluminense, no Dia de Reis (06.01), com Ipojucan coroando uma grande atuação, com três tentos – além daquele infalível do "Queixada", devolvendo o revés (1 x 2) do primeiro turno. Por sinal, no returno, a moçada vingou de todos que lhe derrubaram no turno: 2 x 1 América; 2 x 0 Bangu e 2 x 0o Botafogo. Bateu em todo mundo. Um campeão indiscutível.
Os americanos estiveram com o diabo no corpo, durante a final
O  Vasco assumiu a liderança na segunda rodada. Na terceira, isolou-se no topo da tabela, mas, na terceira, passou a ter a companhia do América. A partir dali, a rapaziada seguiu na dianteira, até a oitava rodada, em 1º de outubro, quando caiu (1 x 2) ante os tricolores, grande  estrago, derubando o time para a terceira colocação, atrás de americanos e banguenses.
 Como sofrera um novo tropeço, na rodada seguinte, 0 x  Botafogo, a combinação de resultados só seria favorável ao “Almirante” na próxima partida, quando saltou para a vice-liderança. Os americanos ainda dominavam a corrida pela ponta.

SE AS EXPECTATIVAS ERAM BOAS, com o segundo lugar, na 11ª rodada já não eram mais, pois a equipe caíra para o terceiro posto, mais uma vez, vendo América e Bangu pela frente. Tocou, no entanto, de posição com a turma de Bangu, na rodada seguinte. Briga  boa. Até a reta final, os três times disputavam o titulo.
Ademir chega na bola primeiro do que Osny e marca o gol do título sobre o América
 Com Botafogo 2 x 1 América (21.01), o Vasco se deu bem. Subiu à ponta para, na última rodada, uma semana depois, fazer 2 x 1América na final e carregar o caneco. Mas não foi fácil.
 Ademir inaugurou o marcador – empate dava o título à “Turma da Colina”–, mas o "Diabo" cresceu na partida e tocou fogo em campo. Maneco empatou, aos 33. No segundo tempo, porém, o "Almirante"rapaziada colocou o barco em ordem. Tinha mais categoria e qualidade. E o ‘Queixada” voltou à rede.
      FOTOS REPRODUZIDAS DA REVISTA MANCHETE ESPORTIVA.

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