Tela de Eugène Delacroix, do acrervo do Museu do Louvre, em Paris. |
Embora abaixe a blusa e exiba os seus
atributos físicos, nem sempre Marianne jogou no time das descamisadas. Em
1775, quando Jean-Michel Moreau levou-a para uma moldura, ela não usava nem um modelito tomara que caia,
preferindo o figurino das mais recatadas romanas.
Passadas
14 temporadas, em julho, Marianne estreou medalha comemorativa da tomada da
(prisão) Bastilha e outros eventos da Revolução Francesa (1789 a 1794), mas não
botava no chinelo “mulheraças” como Minerva. Veio, então, o setembro de 1792,
quando o pintor revolucionário Clement aproveitou que a França procurava uma
nova imagem para representa-la e pontou-a com os seios nus - e escreveu na tela França republicana, abrindo seu peito a todos
os franceses.
Pronto! Mostrando-se mulher
de muito peito (de fora), Marianne viu a sua popularidade suplantar a de
qualquer cantor pop de séculos depois. Que beleza! Representar a Liberdade e a
República, simultaneamente, não era páreo para uma concorrente vestida. Mesmo
assim, a sua figura de 1792 deixou de
ser curtida pelos revolucionários.
Em 1793, Marianne ganhou estilização mais
agressiva. Sem levantar a blusa, mostrava carranca mais feroz, muitas vezes
levando os homens à luta. Tudo isso devido as prioridades da República, como
despertar o povo francês para a ação e a razão que a fazia usar, as vezes, usar o símbolo
masculino de Hercules, o herói mitológico grego da força física e da bravura.
Marianne,
no entanto, estava ali na esquina, em
1798, para reaparecer em grande estilo – sem lança e sem lenço na
cabeça, maleabilidade que permitia aos líderes políticos francesas manipular
sua imagem de acordo com as suas ideologias.
A Marianne portuguesa também carrega uma bandeira vrmelha... |
A
tese não cola, por eemplo, para a historiadora Mathilde
Larrère, para quem Marianne é só uma alegoria do século 19. Ela cobra antigas
invocações da Liberdade e de uso de
gorros vermelhos, na Ásia Menor.
Também, contesta que o striptease da moça represente a mãe pátria. Garante ter sido mero código artístico. E repudia a republicação da guerreira de Delacroix, lembrando que o dito cujo não era republicano.
Também, contesta que o striptease da moça represente a mãe pátria. Garante ter sido mero código artístico. E repudia a republicação da guerreira de Delacroix, lembrando que o dito cujo não era republicano.
É, também,
motivo de discussão o nome de Marianne. Muitos historiadores acreditam ter
rolado a contração de
Marie e de Anne, bastante usados pelo pais franceses do século 18.
... e exibe o sabre com o qual luta pela Liberdade, mostrando-se mulher de muito peito (de fora)... |
Marianne inspirou a
inauguração, em Nova York-1886, da estátua “A Liberdade Iluminando o Mundo” -
nome oficial da Miss Liberty -, em versão maçônica, projetada por Frédéric
Auguste Bartholdi e construída por Gustav Eiffel. A girl foi presenteada aos Estados Unidos, por Napoleão III, durantes
os festejos centeniais – 100zão do Independence Day – dos Iztêitis.
O
Brasil, também, beliscou o sucesso de Marianne, mas sem abri-lhe a blusa dela.
Estampou-a, sisuda, por várias bandeiras e brasões citadinos e estaduais, além das
cédulas de um cruzeiro (1980), de 200 cruzados novos (de 1989) e
de um real (moeda surgida em 1994).
Em
Portugal, a imagem da sua República, implantada em 5 de outubro de.1910, lembra mais a Marianne francesa,
evidentemente diferindo nas cores da roupa. A partir de 1912, um busto esculpido por Simões de Almeida, tornou-se padrão oficial, usado, também, em efígie de moedas. De sua
parte, a Marianne espanhola vem da sua primeira república, vivida entre
11.02.1873 a 29.12.1874
...no que gasta coloca menos colírio na rapaziada a Marianne espanhola. |
-
Marianne tem um seio nu porque alimenta o povo. Ela não se cobre com mantos,
porque é livre. Isto é a República", disse, quando rolava proibição do uso
de burquíni (traje de banho cobrindo grande parte do corpo) nas praias
francesas.
As
Nações Unidas, também, armaram confusão por causa de Marianne. Em 2017, trocou
a figura da tela de Delacroix, pela da Mulher Maravilha, e a tornou embaixadora
das mulheres. A heroína dos quadrinhos, porém, não segurou a barra, por causa
da sua “exagerada sensualidade”, para as feministas.
Durante
a Revolução Francesa, muitas mulheres achavam que o homem deveria ser o símbolo
da República. Pouco a pouco, Marianne o suplantou. Inclusive chegou a ocupar,
em alguns lugares, o posto da católica Virgem Maria.
Tempos em que seios à mostra não remetiam o homem a zonas erógenas, mas a virtudes, como o aleitamento. Coisas de iluministas - agentes culturais europeus dos séculos 17 e 18, lançadores de ideias libertárias, políticas e econômicas.
Tempos em que seios à mostra não remetiam o homem a zonas erógenas, mas a virtudes, como o aleitamento. Coisas de iluministas - agentes culturais europeus dos séculos 17 e 18, lançadores de ideias libertárias, políticas e econômicas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário