Vasco

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domingo, 12 de janeiro de 2020

O DOMINGO É UMA MULHER BONITA - A GENEROSA E DESCAMISADA MARIANNE

              IMAGENS REPRODUZIDAS DE ENCICLOPÉDIAS DE HISTÓRIA
Tela de Eugène  Delacroix, do acrervo do Museu do Louvre, em Paris.
Há países que adotam a iconografia de uma mulher com os seios nus como grife de sua República. Foram inspirados por Marianne, um símbolo francês.
 Embora abaixe a blusa e exiba os seus atributos físicos, nem sempre Marianne jogou no time das descamisadas. Em 1775, quando Jean-Michel Moreau levou-a para uma moldura, ela não usava nem um modelito tomara que caia, preferindo o figurino das mais recatadas romanas.
Passadas 14 temporadas, em julho, Marianne estreou medalha comemorativa da tomada da (prisão) Bastilha e outros eventos da Revolução Francesa (1789 a 1794), mas não botava no chinelo “mulheraças” como Minerva. Veio, então, o setembro de 1792, quando o pintor revolucionário Clement aproveitou que a França procurava uma nova imagem para representa-la e pontou-a com os seios nus - e escreveu na tela França republicana, abrindo seu peito a todos os franceses.
 Pronto! Mostrando-se mulher de muito peito (de fora), Marianne viu a sua popularidade suplantar a de qualquer cantor pop de séculos depois. Que beleza! Representar a Liberdade e a República, simultaneamente, não era páreo para uma concorrente vestida. Mesmo assim, a sua figura de 1792  deixou de ser curtida pelos revolucionários.
 Em 1793, Marianne ganhou estilização mais agressiva. Sem levantar a blusa, mostrava carranca mais feroz, muitas vezes levando os homens à luta. Tudo isso devido as prioridades da República, como despertar o povo francês para a ação e a razão que a fazia usar, as vezes, usar o símbolo masculino de Hercules, o herói mitológico grego da força física e da bravura.
Marianne, no entanto, estava ali na esquina, em  1798, para reaparecer em grande estilo – sem lança e sem lenço na cabeça, maleabilidade que permitia aos líderes políticos francesas manipular sua imagem de acordo com as suas ideologias.
A Marianne portuguesa também carrega uma bandeira vrmelha...
 A partir de 1830, quem entra nessa história é o pintor  Eugène Delacroix, com sua tela A Liberdade Guiando o Povo. Hoje, há quem conteste a história do sentimento de liberdade igualdade e fraternidade em de que os seios nus de Marianne seriam a personificando da mãe que guia os seus filhos.
A tese não cola, por eemplo, para a historiadora Mathilde Larrère, para quem Marianne é só uma alegoria do século 19. Ela cobra antigas invocações da Liberdade e de uso  de gorros vermelhos, na Ásia Menor. 
Também, contesta que o striptease da moça represente a mãe pátria. Garante ter sido mero código artístico. E repudia a republicação da guerreira  de Delacroix, lembrando que o dito cujo não era republicano.
  É, também, motivo de discussão o nome de Marianne. Muitos historiadores acreditam ter rolado a contração de Marie e de Anne, bastante usados pelo pais franceses do século 18.
... e exibe o sabre com o qual luta pela Liberdade,
 mostrando-se mulher de muito peito (de fora)...
 Mariane não foi a primeira musa da Liberdade. A coisa começou quando Aníbal Barca escolheu a deusa Libertas para representar a Liberdade entre seu povo, após a vitória na II Guerra Púnica –  três pegas entre Roma e a fenícia Cartago, entre 264 a 146 A.C, durando um século e com a vitória romana valendo o domínio do Mar Mediterrâneo
 Marianne inspirou a inauguração, em Nova York-1886, da estátua “A Liberdade Iluminando o Mundo” - nome oficial da Miss Liberty -, em versão maçônica, projetada por Frédéric Auguste Bartholdi e construída por Gustav Eiffel. A girl foi presenteada aos Estados Unidos, por Napoleão III, durantes os festejos centeniais100zão do Independence Day – dos Iztêitis.
O Brasil, também, beliscou o sucesso de Marianne, mas sem abri-lhe a blusa dela. Estampou-a, sisuda, por várias bandeiras e brasões citadinos e estaduais, além das cédulas de um cruzeiro (1980), de 200 cruzados novos (de 1989) e de um real (moeda surgida em 1994).
Em Portugal, a imagem da sua República, implantada em  5 de outubro de.1910,  lembra mais a Marianne francesa, evidentemente diferindo nas cores da roupa. A partir de 1912, um busto  esculpido por Simões de Almeida, tornou-se padrão oficial, usado, também, em efígie de moedas. De sua parte, a Marianne espanhola vem da sua primeira república, vivida entre 11.02.1873 a 29.12.1874
...no que gasta coloca menos colírio na rapaziada 
a Marianne espanhola.
Recentemente, em agosto de 2016, o primeiro-ministro Manuel Valls arrumou um tremendo rebu, ao dizer que seios nus de Marianne eram mais representativos da nacionalidade francesa do que véu islâmico que cobre cabelos e pescoço.
- Marianne tem um seio nu porque alimenta o povo. Ela não se cobre com mantos, porque é livre. Isto é a República", disse, quando rolava proibição do uso de burquíni (traje de banho cobrindo grande parte do corpo) nas praias francesas.
As Nações Unidas, também, armaram confusão por causa de Marianne. Em 2017, trocou a figura da tela de Delacroix, pela da Mulher Maravilha, e a tornou embaixadora das mulheres. A heroína dos quadrinhos, porém, não segurou a barra, por causa da sua “exagerada  sensualidade”, para as feministas.
Durante a Revolução Francesa, muitas mulheres achavam que o homem deveria ser o símbolo da República. Pouco a pouco, Marianne o suplantou. Inclusive chegou a ocupar, em alguns lugares, o posto da católica Virgem Maria. 
Tempos em que seios à mostra não remetiam o homem a zonas erógenas, mas a virtudes, como o aleitamento. Coisas de iluministas -  agentes culturais europeus dos séculos 17 e 18, lançadores de ideias libertárias, políticas e econômicas.

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