Vasco

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sábado, 18 de janeiro de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - IMPIEDOSOS HOMENS MAUS QUE MATARAM A MATA

Georges Ladoux  reproduzido de
 www.aventurasnahistória
  Pelos tempos de pouco antes, durante e os que se seguiram à primeira Guera Mundial, a espionagem tornou-se uma paranoia em países europeus e nos Estados Unidos, principalmente por conta de livros lançados por ex-agentes, que tornaram aquele mundo glamuroso e muito mais do que emocionantemente excitante, repleto de mulheres libidinosamente belas e sedutoras.
 Uma dessas publicações, The Invasion of 1910, de William Le Quex, chegou a vender o absurdioso (para a época) mais de um milhão de exemplares e foi traduzido em 27 idiomas. Mais: levou a Inglaterra a formar uma Comissão de Defesa Imperial, em 1909, de contra-espionagem, 
Na mesma Inglaterra, o escritor Eskine Childer, com The Ridlle of the Song, ficcionando sobre uma invasão do país, levou membro do Parlamento a pedir exame sobre a exequibilidade do plano. Tempos deis, fez o mito Winston Churchil a criar bases navais em três regiões britânicas. 
 Nos livros sobre espionagem, as mulheres eram sempre atrizes, dançarinas, menins de programas, ou mesmo damas da alta sociedade que não tinham o menor constrangimento em ir para a cama com quem não fosse seu marido. O mestre-espião alemão Gustav Steinheuer contou que uma dessas mulheres, a aliada Mary Sorel, espionaria para qualquer um, "desde que fosse para satisfazer a sua paixão por emoções fortes".    
De sua parte, um senador espanhol que conheceu Mata Hari,  a mais famosa das espiãs, entrara para a coisa, exatamente, por desejar sensações novas. Na verdade, não foi bem assim, conforme a escritora Julie Weelwritht, mestre pela Universidade de Sussex e especialista na pesquisa de mulheres em forças armadas e na espionagem. Segundo ela, que levantou todos os documentos sobre a holandesa Margaretha Zelle MaLeod, foi por motivos sentimentais.
Bouchardon em foto (E) da colerção do
 Fries Museuen Leeuwarden Friesland
É nesse ponto que entra uma figura mais do que filha daquela senhora, o major e chefe de contra-espionagem George Ladoux.  
 Separada do capitão Rudolph McLeod, a holandesa emigrara para a França e, para viver, passou a trabalhar como dançarina, mostrando a perigosa. Ficou famosa, adorou viver no luxo e encantou por onde passou, colecionando amantes. Mas só teve um amor, um oficial russo.
 Foi por querer visitar o amante, que se recuperava de ferimentos de guerra, perto da França, que Margaretha, já como Hata Hari, procurou Ladoux, a fim de tentar  um passe para visitar o cara. 
Diante daquele mulherão com 1m75cm de altura, incomum para mulheres da época, dona de uma beleza diferente -  aspecto mediterrâneo não convencional: ombros largos, olhar e lábios sensuais e seios pequenos - , Ladoux pensou, logo, em sacanagem, e a convidou para ser espiã. Até então, ela jamais pensara nessa possibilidade, mas topou, segundo uma linha investigativa histórica, por dinheiro pra gastar com os seus luxos.
 Rola o tempo e a França vivia uma fase de baixíssimo baixo astral derrotista, dentro da primeira Guerra Mundial.  Então, o seu governo partiu para a caça às bruxas. 
Andrés Mornet reproduzido de recorte de jornal
 Ladoux, que era um trapalhão e precisava até de limpar a sua barrar, não só com o seu governo, mas, também, com os seus amigos e aliados ingleses, que haviam detido Mata Hari, confundindo-a com uma outra espiã, não teve escrúpulo em entrega-la ao juiz de instrução Pierre Bouchardon, que não só mandou-a para a cadeia, mas torturou-a psicologicamente. 
No julgamento de Mata Hari, nada serviu-lhe como atenuante. Ladoux poderia contar que a espiã acusada por trair a França fora invenção dele. Poderia salvá-la, talvez, se não tivesse escondido do Procurador e do júri que tinha sobre a acusada só enganações dos alemães, que venderam-na por agente dupla, mensagem falsas transmitidas para serem captadas e acreditadas pelos inimigos.   
 Mais tarde, Ladoux disse ao escritor Paul Alard - para o livro Les Enigmes de la Guerre,  não ter tido provas palpáveis, tangíveis, absolutas e irrefutáveis de que Mata Hari causara um mal inacreditável à frança e, talvez tivesse sido a maior espiã do século, conforme a o o tenente Andrés Mornet, seu advogado de acusação 
Enfim: encaminhou-a para o pelotão de fuzilamento, o que se deu às 6h45 do 15 de outubro de 1917. Quatro dias após Mata Hari "já era", o chefe da contra-espionagem francesa Georges Ladoux foi preso, por acusação de espionagem: seria um agente-duplo que vendia informação de Estado.   
Mantido sob interrogatório até o final da guerra, Ladoux escapou do pior devido à assinatura de um armistício entre os guerreiros. Afastado do emprego, evidentemente, ao recobrar a liberdade, ele tornou-se escritor de ficão. E lançou a biografia de de uma suas das espiãs, Marthé Richard, que considerava o serviço dele  muito mal dirigido e repleto de paranoias. E não via em Mata Hari inteligência suficiente para sr uma espiã francesa.
Mata Hari reproduzida www.wikipedia
 George Ladoux foi um mala, também, como escritor. Aproveitando que Marthé Richard - a mais bem sucedida de suas espiãs enviadas para a Espanha - fora uma prostituta, de carteirinha registrada junto às autoridades francesas, e que, depois, teve dois casamento com milionários, além de tornar-se a sexta mulher  a pilotar avião e a lutar por melhores condições de vida para as suas ex-colegas - ele copiou os estilos de escritores famosos -  Connan Doyle, Fenimore Cooper, Maurice Leblanc e Mayne Reid -- e lançou, em Londres, em 1932, uma biografia dela - Marthé Richard, the Skaylark. The Foremost Woman Spy of France. E não deu-lhe nada. E ainda ganhou, na Justiça, o processo em que ela cobrava-lhe o que seria hoje direitos de imagem.  
 No mesmo 1932, Ladoux mordeu grana, também, por conta de Mata Hari, com o livro Les Chasseurs d´espions. Comment j´ai fait arrêter Mata Hari, lançado em Paris. |O advogado de acusação da moça, o contraditório tenente Andrés Mornet disse, depois que a espiã "já era", não haver, contra ela, provas suficientes para chicotear um gato - como Ladoux tirou o corpo fora, mataram a gata.  
      






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