O VENENO DO ESCORPIÃO - NAPU-3, O FILHO QUE FOI O PAI DA SACANAGEM

Napoleão III foi ex-sobrinho...

Nascido Charles-Louis Napoléon Bonaparte e vivido entre 20 de abril de 1808 a 9 de janeiro de 1873, este carinha foi o que não passava de um filho daquela senhora muito xingadas por torcedores de futebol. Mas nem tanto, tecnicamente. A sua genitora (dele) havia assinado contrato na jurisdição voluntária do Estado. 
Rolava, porém, a variante de que a sua gloriosa mamãe Hortência tivesse pulado o alambrado e plantado um jardim na pequena área da testa do maridão Luís Bonaparte, irmão do Imperador Napoleão, um outro cornuti, amansado por Josefina.

 Filho de danada, por filho da vadia, Charles-Louis cumpriu com o seu dever ante os franceses apreciadores de um bom spaghetti alla puttanesca. Legalizou a profissão de concubina, quando viveu a glória política que o fez de primeiro presidente da segunda república francesa (1848 a 1851) e de imperador do segundo império francês (1852 a 1870). Mostrou-se um cara legal e grande lapin (como os franceses chamavam os garanhões) com a sua cocotte (prestadoras de bons serviços na horizontal), a Condessa Di Castiglione. Esta, aos 16 de idade, fora enviada, pela Itália, para espionar em Paris, mas preferiu ir às nuvens avec l´Empereur.

... de Bonaparte e...

 O lapin se dava bem por conta da lei de Napoleão III, mas não ficava barato. Gastava altas granas para manter uma cocotte, por exemplo, em uma mansão da Rua Faurbourg Saint-Honoré, o ponto in da sacanagem parisiense, no que eram especialistas duques e condes taradinhos: cerca de dois ml francos mensais, além de fornecer carruagem, dois cavalos, um mordomo e uma cozinheira. Se o cara não estivesse com os bolsos em dia, quando quisesse prevaricar, poderia instalar a vagaba na Rua de Grammont, pagando-lhe 300 francos mensais, para ela gastar em roupas. E fazer de contas que não sabia que ela, nas horas vagas, se tornasse uma desportista e treinasse salto com vara, para deleite de outros cavalheiros.

 A lei de Napoleão III era tão legal para os sujeitos de fina cepa que eles podiam até escolher a qualidade do produto na hora da troca de óleo. Por conta de sua canetada, Paris encheu-se de lindas gataças (ainda não havia o termo) provenientes de Itália, Inglaterra, Rússia e dos Estados Unidos, todas a fim de um bom papo e de outras armações com os caras da hora que, de vez em sempre, davam uma passadinha pelas casas de jogos, corridas de cavalo e pontos turísticos da capital francesa.

... amante de uma condessa italiana.

 Quem outorgou a Napoleão III o título de filho daquela senhora foi o geneticista Gérard Lucotte. Este provou que não haver parentesco da linhagem masculina entre Charles-Louis  e Napoleão, pois o DNA do ex-tio imperador era do grupo córsico-sardo, enquanto o do ex-sobrinho era do tipo caucásico - vinculação sanguínea impossível, segundo a ciência. Com isso, a ascendência de Napoleão Bonaparte foi até o seu filho e príncipe imperial Napoleão II, que viveu até 1832.

 Engana-se quem pensar que Napoleão III, além de filho de mãe muito cheia de tesão, só fez golpear a república, reinstalar o império e legalizar a sacanagem concubinal na França. Ele, ainda, perpetrou uma tremenda puxada de saco dos Estados Unidos, ao qual presenteou com um dos mais famosos monumentos do planeta, a Estátua da Liberdade, por ocasião das comemorações do centenial 100zão da independência da patota do Tio Sam, em 1876 – um belo currículo sacanial. 

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