Vasco

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sábado, 8 de agosto de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - ROSENTHAL, PREMIADO PELO DESTINO EM IWO JIMA

 Esta é mais uma daquelas histórias do tinha que ser e do não tinha de ser. Rolou com o que foi chamada por Foto do Século XX. Escapou de quem deveria tê-la clicada e caiu na digital de quem não deveria. 
A tal foto, registrada por uma câmera Graflex 4 x 5, virou selo postal e escultura monumental pelas bordas do Rio Potomac, em Washington, a capital dos Estados Unidos. Foi exibida à exaustão, pelo cinema, tendo por autor um sujeito que não teria a mínima chance de ficar famoso durante a II Guerra Mundial -  a não ser como fotógrafo, da Associated Press.
Rosenthal reproduzido de www.wikipedia
 Pouco antes o pau quebrar, Joe Rosenthal havia sido dispensado do cargo de fotógrafo do Exército norte-americano, sob o argumento de que não teria uma boa visão – imagine se tivesse! Conta a história (ou lenda) que, por um canto de um dos olhos, ele teria avistado fuzileiros Aliados erguendo um mastro, com uma bandeira tremulando. Virara-se de lado, levantado a câmera e tirado a foto que o fizera entrar para a história da fotografia - e passado o restante dos seus dias negando que a cena fora montada.
O seguinte é o seguinte: era o 23 de fevereiro de 1945. Há 96 horas antes, fuzileiros navais norte-americanos e japoneses travavam batalhas sangrentíssimas (só terminadas no dia 26), pelo controle da da ilha de Iwo Jima, no que foi chamado por Operação Detachment. Para a turma do Tio Sam, dominar o local era importante, para dispor de três aeroportos que virariam bases para ataques mais eficazes às principais ilhas do pedaço. O point era para ser tomado em cinco dias, mas levou 35, numa das aventuras mais ferozes e sangrentas da guerra no Pacífico. Iwo Jima, porém, jamais foi usada pelo exército dos Estados Unidos como base de preparação e nem serviu de base naval para a sua Marinha.
Para defender a ilha, os japinhas fortificaram posições, instalaram, bunkers, casamatas e esconderam peças de artilharia por interconectado quase 18 km de túneis. Sua artilharia naval tinha muito mais superioridade, além de contar com a ajuda dos aviadores da Marinha e da Força Aérea. Superioridade, indiscutível, em números, recursos e tecnologia.
Constas que, dos 21 mil militares japonesas na área, pelos inícios dos combates, 216 foram aprisionados, 18 mil abatidos e cerca de 3 mil escaparam para fazer guerrilhas. Só perto do fim da guerra, com Iwo Jima dominada, o último guerrilheiro japonês se rendeu, quando já era 1949.
A foto de Rosental, chamada por  Raising the Flag on Iwo Jima, clicada do topo do cone vulcânico de 168 metros de altura do Monte Suribachi, mostra seis  fuzileiros erguendo a bandeira dos EUA. O instante fora fixado pelo fotógrafo do corpo de fuzileiros navais norte-americano, o sargento Louis Lowery, mas a visão da bandeira teria provocado um ataque das tropas japonesas. Na ação, ele perdera a câmera e descera das alturas para buscar uma outra. No percurso, encontrara-se com Rosenthal (que subia) e contou-lhe já ter a bandeira sido hasteada.
Mesmo assim, Rosenthal decidira seguira caminho. Ao chegar ao cume, teria observado uma equipe de fuzileiros navais preparando o levantamento de uma segunda bandeira (maior), pois o Tio Sam a queria vista de toda a ilha. 
Esta imagem (A Foto do Século 20) deveria ser clicada por Louis Lowery, mas
 terminou sendo por Joel Rosenthal. Não estava no script da guerra.
Fotógrafos de guerra quase nunca ganham uma segunda chance de conseguir ótimas fotos. Mas Rosenthal foi premiado pelo tinha de ser. Com 1,65 de altura, ele teria empilhado alguns sacos de areia para subir e mandado ver. Para garantir uma boa imagem, teria pedido para 16 fuzileiros navais e dois militares da Marinha posarem ao lado da bandeira. 
Trabalho feito, o filme de Joel foi enviado, dentro da câmera, para Guam, a fim de ser revelado e transmitido, por telefoto, para  São Francisco. Por muito tempo, o sargento Lowery espalhou  que a imagem de Rosenthal havia sido forjada. Depois que os dois se encontraram, por acaso, em um evento da Marinha, tempos depois, ele desmentiu o desmentido.

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