Vasco

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sábado, 8 de agosto de 2020

HISTÓRIA DA HISTÓRIA - VSC PISCINEIRO


Orçado, em 1949, Cr$ 12 milhões de cruzeiros, o Club de Regatas Vasco da Gamas inaugurou, no dia 14 de novembro de 1953, o principal estádio aquático da América  do Sul, e terceiro maior do planeta. A festa de inauguração foi tão grande, que a maior revista do continente, a carioca "O Cruzeiro" enviou dois fotógrafos - Erasmo Sousa e Walter Luís –  acompanharem o repórter Elias Nasser.
 O parque aquático cruzmaltino constou de quatro piscinas, com a maior atingindo 50 metros; torre de saltos, contendo o trampolim mais alto do mundo; arquibancada para receber, confortavelmente, 10 mil espectadores, e poderoso gerador de energia elétrica para uso em competições noturnas.

 Um desportista muito respeitado na época, o professor Castro Filho, foi o convidado vascaíno para ser o inaugurador oficial, em nome do seu Conselho Deliberativo. Enquanto ele abria o parque, era executado o hino nacional. A seguir, houve provas de natação, exibições de balé aquático, qualoucos, saltos ornamentais e partida de polo aquático, que era chamado, na época,  water polo.
O programa incluiu, ainda, apresentações de astros internacionais, como Wayne Moore, Tetsuo Okamoto, Yamashita, Sílvio Kelly, Ana Maria Schultz e Piedade Coutinho, entre outros campeões que empolgaram.
O LOBO DAS ÁGUAS - Até os seus 55 anos de existência, o Vasco ainda não havia aderido à natação. Em 1953,  interessou-se pelo trabalho de Hélio Lobo, que fora o treinador da equipe brasileira nas Olimpíadas da Finlândia, em Helsinque-1952.  Pouco depois, o contratou e o enviou à Europa, para visitar os principais centros da modalidade –  Alemanha, França, Inglaterra, Itália e Suécia –, a fim de fazer estudos. O próximo passo foi  formar a “Turma da Colina” aquática.
 Em 15 de novembro de 1953, Hélio Lobo promoveu a primeira competição interna do clube, que inaugurava a sua piscina olímpica. “O Vasco não tinha nadadores, era preciso começar de baixo, com infanto-juvenis. Eu teria que formar atletas, num trabalho a longo prazo... Seria necessário, no mínimo, de dois a três anos para que os frutos começassem a ser colhidos”, contou ele à “Manchete Esportiva” Nº 74, de 20 de abril de 1957.
Na primeira verificação caseira, o "Lobo da Colina" vira bom potencial em Lizete Alves Coelho, de 15 anos, e em Virgínia Lurdes Morais, de 13. A primeira cravara 42”6 nos 50m livres juvenil e a outra 45”7 nos 50m infantil. Em 1º de agosto, as vascaínas participavam da primeira disputa oficial. Na piscina do Bangu, Lizete chegou em terceiro, baixando o seu tempo, para 38”.2 Um ano depois, Virgínia já era a melhor nadadora carioca dos 100m livre juvenil. Vencera a prova da temporada 1954/55, com 1’19”2. Melhor: nos Jogos da Primavera-1955, disputou a mesma metragem, entre adultos, e ganhou, com 1’8”. Na mesma programação, Lizete foi a segunda, nos 400m (qualquer classe), entre as melhores nadadores cariocas. 
  SURPRESA – Com  apenas a veterana Cândida  Barroso, o Vasco surpreendeu com a sua equipe feminina nos “Jogos das Primavera-1954” conquistando a taça do que era, então, uma grandiosa promoção do “Jornal dos Sports”. Pela temporada oficial carioca, terminou em terceiro, participando de todas as disputas infanto-juvenis. Entre 1955 e 1956, já rolou vice-campeonato, com as meninas ganhando o título estadual do seu setor.  A consagração veio na temporada 1956/1957, vencendo tudo no infanto-juvenil: Troféu Superball, Taça Maria Helena Alves de Lima e os quatro concursos da temporada oficial. Valia ressaltar os títulos dos novísimos e dos principiantes adultos, porque, neste último setor, o Vasco roubara a hegemonia, de muitos anos, do Fluminense, uma das maiores potências da natação brasileira.    
Para conquistar ser campeão carioca de natação infanto-juvenil-1957, Hélio Lobo levou o Vasco a vencer 10 das 23 provas, totalizando 309 pontos, contra 179 dos tricolores. Melhor: a equipe feminina, que somou 188 pontos, ganharia a disputa, sem precisar dos pontos dos meninos.
Daquela conquista dos primeiros tempos vascaínos na modalidade, valeram destaque os recordes de Gilson Pastore Paiva, com 33”1 nos 50m nado livre, e de Edite Kluge, com 1’39”5 nos 100 m nado peito.
Lobo (quarto em pé, da esquerda p/direita) não demorou a vencer na Colina
 REVELAÇÕES – Foram estes os primeiros campeões cariocas (infanto-juvenis), surgidos durante o trabalho de formação da natação vascaína: 100 m borboleta juvenil – Edith Kluge (1’37”5); 50m nado costa – Dayse Teresinha Tomé Pires (46”1); 50m livre infantil – Edna Fereira Gonçalves (37”6); 50m costa infantil – Gilson Pastore (39”8); 50m peito petizes  - Marilda Lobato(46” 3); 50m peito petizes/M – Marcílio Faria Dias (45”2); 50m livres infantil – Gilson Pastore de Paiva (33”1); 50m livre petizes/F – Dayse Teresinha (38”2) 100m peito juvenil - Edith Kluge 1”39”5).
Antes de chegar à Colina, Hélio Lobo fora treinador do Fluminense e da equipe brasileira campeão sul-americano, em 1952, em Lima, no Peru. Segundo ele, o sucesso vascaíno daqueles tempos iniciais nas piscinas passou pelas Olimpíadas de Helsinque. “... em contato com treinadores norte-americanos e japoneses pude atualizar a técnica e os treinamentos de meus nadadores”, afirmou à “Manchete Esportiva”.         
Um outro grande feito da turma do Lobo naqueles primórdios deu-se na conquista da medalha de prata da dificílima  "Travessia-Leme-Forte de Copacabana", promovida pela "Manchete Esportiva", em 1956, por Lizete Alves Coelho, de 16 anos e que  havia conquistado, também, a medalha de prata dos 400m qualquer classe dos Jogos das Primavera". Lizete fora uma das selecionada pelo treinador durante a primeira eliminatória interna para a formação do primeiro grupo de nadadores cuzmaltinos.

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