Vasco

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sábado, 1 de agosto de 2020

O VENENO DO ESCORPIÃO - CÉU GANHA BRILHO DA ESTRELA RENATO BARROS


Foto de Renato Barros clicada pelo amigo Gustavo Mariani 
  Céu ganhou mais uma estrela. Há cinco dias, um cometa passou pela Terra, carregou e instalou,  Nas Alturas, mais um astro. Agora, temos, na Imensidão Azul, a luz e o brilho do guitarrista, cantor e compositor Renato Barros.
 A sua energia era tanta que ele, com as suas várias formações de Blue Caps – foi o único a passar seis décadas ininterruptas mandando embalos para quem gosta de sacudir o esqueleto.
 Renato Cosme Vieira Barros, carioca, desembarcou por estas plagas terrestres no 27 de setembro de 1945. Aos cinco de idade, já estava enchendo o saco da mãe (cantora da Rádio Nacional), para ele ensinar-lhe os segredos do violão.
Aprendido o ofício e chegado a teenager, Renato juntou-se com os irmãos Edinho e Paulo César, e mais patota das amizades do bairro, pra rolar um som e namorar as gatinhas.
Achavam-se os Bacaninhas do Rock da Piedade. Que horror! Mas o apresentador radiofônico Jair de Taumaturgo execrou aquele nome e sugeriu Renato e Seus Blue Caps, lembrando-se do norte-americano Gene Vincent and His Blue Caps.
 Com novo nome, a moçada venceu um concurso de calouros, os tradicionais  melhores do mês,  da Rádio Mayrink Veiga e, por premiação, foi ao programa do Chacrinha, da TV Tupi-RJ. Agradou ao Velho Guerreiro e, dali, partiu para Os brotos comandam, da TV Rio/Rádio Guanabara, apresentados pro Carlos Imperial. A turma decolou, tendo por primeira formação Renato (guitarra e vocal), Paulo César, (baixo), Ed Wilson (só vocal), Tony (bateria) e Cid Chaves (sax-tenor). Era 1959. Em 1960, o selo Ciclone convido-a pra  acompanhar o grupo vocal Os Adolescentes, gravando as músicas A tristeza e Garota fenomenal.
  Quando Jair de Taumaturgo soube, chamou-os para darem passadinhas frequentes pelo seu programa televiso dominical,  Domingueira do rock. Em 1961, Edson Vieira Barros, virou Ed Wilson e deixou o grupo, para fazer carreira solo, sugerida por Imperial. Vaga aberta, Erasmo Carlos assumiu o vocal da banda e a rapaziada gravou o seu primeiro LP – Twist - , contando, também, com vocais de Reynaldo Rayol (cinco faixas) e Cleide Alves (quatro).
Renato Barros, Gelson Morais (baterista), Gustavo Mariani (jornalista), Cid Chaves (vocalista)e Paulo César Barros (baixo), antes de show, em Brasília

Duas temporadas depois, Renato estudou solos de guitarra que não haviam na música popular jovem brasileira e gravou Splish Splash ( versão homônima de sucesso norte-americano de Bob Darin), com Roberto Carlos, pela CBC. O som explodiu nas paradas e marcou a decolagem definitiva do capixaba, tornando-se um um dos maiores sucessos da década-1960.
 Ainda, em 1963, Renato&Blue Caps foram convidados, pelo selo Copacabana, e gravavam Boogie do bebê e Limbo rock, com Erasmo cantando e até tocando guitarra ritmo. Próxima aventura, pelo selo Som, o segundo LP, que teve Lobo mau, sucesso de  Roberto Carlos, em 1965.  Em dezembro do mesmo 1963, Erasmo Carlos partiu par a carreira solo e abriu vaga para o só guitarrista Carlinhos, fazendo Renato e Paulo César serem vocalistas.
Em 1964, veio compacto duplo-CBS, com We like Birdland e Bigorrilho. E gravações acompanhando Wanderléa, no LP Quero você.  Por ali, o grupo era atração diária do programa de Carlos Imperial da TV Rio.
Atração divulgada no ingresso do programa das jovens tardes de dmingo

 Ninguém mais segurou Renato e Seus Blue Capas, a partir de 1965, quando a rapaziada lançou LP-CBS o LP Viva a juventude, contendo Menina linda, a  versão de Renato Barros para I should have know better e que chegou ao topo das paradas de sucesso, fazendo mais sucesso no Brasil do que o original inglês.
 Como a vendagem do  compacto fez mais sucesso do que os Beatles, a turma recebeu o troféu "Favoritos da nova geração" e desfilou, em carro aberto, pelas ruas do Rio de Janeiro. De quebra, a produção do programa Jovem Guarda, da TV Record-SP, foi ao Rio contrata-los.
Na mesma temporada, Renato&Blue Caps acompanharam Jerry Adriani no LP Um grande amor. Em 1966, veio o maior  sucesso da banda em LP, Um embalo com Renato e seus Blue Caps, tendo como uma das principais faixas Primeira lágrima, contando o final do romance Renato Barros/Lilian Knapp, da dupla Leno e Lilian.
Chegado ao fim dos tempos do iê-iê-iê, a partir de 1969, os Blue Caps de Renato passaram a atuar como banda de baile. Também, participaram dos filmes Rio, verão e amor, dirigido por Watson Macedo, contando, ainda, com Brazilian Bitles, Lillian Knapp, Bossa 3 e Zumba 5.
Em seis décadas de estrada, Renato viu os Blue Caps terem várias formações. A última  teve ele, Gelsinho (filho do baterista Gélson Morais, também já no Céu), Cid Chaves (só cantando), Darcy Velasco (teclados) e Amadeu Signorelli (baixo). Em dezembro de 2001, eles gravaram, finalmente, disco ao vivo - pela Warner. Em 2005, lançaram caixa com 15 álbuns originais e mais um CD bônus com raridades.
 Veio, então, o final da manhã deste 28 de julho de 2020. Antes, no dia 20, Renato teve que passar por complicada cirurgia  de emergência, de sete horas de duração, com dissecção da artéria aorta, no Hospital das Clínicas de Jacarepaguá-RJ.
Cid, Renato, Toni, Paulo César e Carlinhos no LP de maior sucesso
 Durante a cirurgia, ele chegou a ficar 30 minutos sem as funções vitais, bem perto de sair deste plano. Mas os médicos conseguiram reverter o quadro e ele resistiu ao procedimento.  No entanto, durante a segunda-feira (27.07), a situação piorou e ele foi entubado e sedadoO rim já não funcionava e os pulmões estavam em estado crítico. Tudo havia começado com forte dor no maxilar, peça que o ajudara a cantar canções que embalaram milhões de casais de namorados e que, depois de casados,  batizaram muitos filhos pelo nome de Renato.

OBS: a pedido de Renato e de Cid, comecei a escrever, a partir de 1985,  o livro “O Embalo de Renato e Seus Blue Caps”, que não foi lançado, a pedido do primeiro, por ter muitos problemas, na Justiça, com velhos desafetos que passaram pela banda. Como ele nunca sinalizou a publicação, o texto encontra-se, em um DVD, perdido, em algum ponto de minha casa. Se eu o encontrar, lançarei o livro, com toda a vendagem da primeira edição totalmente em benefício de suas duas netas.  

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