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sábado, 4 de maio de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - O NOVÍSSIMO TESTAMENTO DE JESUAIR BOLSOCRISTO

123 - De quanto é o salário de um chanceler brasileiro? No mínimo, de quanto dá para ele ter uma vida com todo o conforto. Para isso, seria necessário comparar o presidente da república ao mito Jesus Cristo? Foi o que o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, fez, ontem, durante a formatura de novos diplomatas que cursaram a escola do Instituto Instituto Rio Branco, em Brasília.
José Bonifácio de Andrada virou selo...
Além de comparar o presidente Jair Bolsonaro ao Homem Lá de Cima, o chanceler que ouviu um dos filhos do “chefe” manda-lo ficar quieto onde estava e não comparecer ao encontro do pai com o presidente dos Donald Trump, dos Estados Unidos, na Casa Branca, ainda derramou lágrimas.
Que emocionante! Araújo citou trecho bíblico, na parte em que se diz que "a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular" - simbolizando o Jota Cristo. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro seria “a pedra que os órgãos da imprensa e os intelectuais rejeitaram”. O tal pedregulho, para ele, tornou-se “a pedra angular do edifício do novo Brasil".
Segundo o ministro que reencarnou Jesus Cristo, provavelmente, porque o  Dia do Juízo Final  se aproxima, a diplomacia que ele exerce não é a de ficar em cima do muro, vendo quem vai levar, para cair em seus braços. Por isso, mostrou a sua carteira de identidade.
O discurso de Araújo revelou até o que a imprensa não sabia: que o presidente Bolsonaro é professor de jornalismo. Pelo menos, Araújo contou que o chefe  orientou os novos diplomatas a não terceirizarem informações. O que todo estudante aprende durante a primeira aula do curso de Jornalismo. Mas a melhor de todas, no entanto, foi dizer que nenhum presidente brasileiro valorizou mais o trabalho diplomático do que Bolsonaro que, como afirmou “teve visão mais clara sobre o papel da política externa para a transformação nacional”.
... o Barão do Rio Branco capa de virou...
No Brasil, celebra-se o  Dia do Diplomata, desde 1970, pelo decreto 66.217, homenageando  o nascimento do Barão do Rio Branco (1845), o patrono da diplomacia brasileira. Se fossem vivos, o que diriam diplomatas como Alexandre de Gusmão (1695-1753); José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838); José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco (1819-1880); José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio Branco (1845-1912)  e Oswaldo Euclides de Souza Aranha (1894 -1960), só para citar poucos? No mínimo, que Ernesto Araújo ande preparando uma nova edição da Bíblia, o supernovo, novíssimo, supernovíssimo Testamento. 
Daqueles importantes ocupantes de cargos públicos do passadão brasuca, o Gusmão é o que se pode chamar de “avô da diplomacia brasileira”. Ao participar das negociações do Tratado de Madrid (1750), ele ajudou a consolidar a ocupação portuguesa na Amazônia, no Centro-Oeste e no Sul do Brasil. O Tratado de El Pardo (1761), esculhambou tudo, mas as suas teses jurídicas e geográficas foram retomadas em negociações posteriores. O Andrada era um sujeito à frente de seu tempo. Tornou-se o “Patriarca da Independência” e foi o primeiro chanceler brasileiro. Entre outros atos importantes, lançou um manifesto às nações amigas (1822),  defendendo política externa soberana, com integração entre os países americanos. Antecipou-se à “Doutrina Monroe” (1824).
Silva Paranhos, o Visconde, foi o mais brilhante diplomata do Império e o presidente do Conselho de Ministros que mais durou no cargo. Durante a sua chefia de gabinete, aprovou-se a Lei do Ventre Livre, consolidando o fim da escravatura. Seu filho Paranhos Júnior, o barão,  foi o chanceler que passou mais tempo ininterrupto no Ministério das Relações Exteriores. Protagonista na Questão de Palmas, quando Brasil e Argentina disputavam o território que hoje é grande parte dos estados de Santa Catarina e do Paraná, o apelidado Juca Paranhos foi o cara na consolidação definitiva das fronteiras brasileiras.
... e Araújo virou apóstolo de  Bolsocristo - Foto Agência Brasil
De sua parte, o Souza Aranha, o mais diplomático dos políticos brasileiros, foi peça fundamental na transição entre a Velha República e a Era Getúlio Vargas, a partir de 1930. 
 Aranha aranhou influência sobre o Seu Gegê e o levou a aproximar o Brasil dos Aliados e romper com o Eixo, durante a II Guerra Mundial.
Felizmente, nenhum deles (bem como Araújo) beijou a mão do presidente dos Estados Unidos; disse que o que é bom para os Iztêitis é bom para o Brasil; não engrossou aquele cordão que cada dia aumenta mais e nem falava coisas de doidão, como os hippies que frequentavam a baiana Arembepe, na década-1970, tempo que virou fumaça. 

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