O Vasco teve dois jogadores, na década-1960, que não fizeram sucesso no futebol paulista, mas emplacaram legal no carioca: o lateral-esquerdo Oldair Barchi e o atacante Mário “Tilico”. Ambos vestiram a camisa canarinha.
Nordestino, saído do pernambucano Santa Cruz, o “Tilico” passou pela Portuguesa de Desportos, antes de desembarcar em São Januário. Sempre improvisado na ofensiva cruzmaltina, ele só teve a chance de jogar com a camisa 9 após a chegada do treinador Zezé Moreira. Entrou em um jogo do Torneio Rio-São Paulo, contra o Santos – 04.04.1965 –, quando 42.250 torcedores aforam ao Maracanã coma a expectativa de verem mais um show de Pelé, mesmo com a patota do “Rei” sem cinco titulares – Gilmar, Mauro, Zito, Coutinho e Pepe. Naquele dia, o Vasco mandou 3 x 0, e Mário entrou no segundo tempo, em lugar de Saulzinho, com quem revezou-se, no comando do ataque vascaíno, por mais quatro jogos, fazendo dupla “matadora”, com Célio Taveira – Mário substituiu Luizinho Goiano, em uma outra partida.
Titular em seis partidas, Mário foi crescendo. E viveu um caso raro na história da malandragem: herdou do filho, muito peralta, o apelido, de “Tilico”, colocado pelos colegas Laerte e Sabará. Com novo astral lhe dado por “Seu Zezé”, o pernambucano Mario foi campeão da I Taça Guanabara e vice-campeão da Taça Brasil, naquele 1965 em que ajudar ao Vasco a derrubar o “Rei”. Nos 3 x 0, lembra-se?
Mário sofreu apuros, também, durante os três anos vividos na Colina. Foi multado, por ter perdido o voo, para São Paulo, quando do primeiro jogo da final da Taça Brasil, contra o Santos. Por causa daquilo, juntando-se à golada mandada apelo adversário (5 x 1), foi chamado de indisciplinado e passou um tempão marginalizado. Terminou negociado, com o Fluminense.
De sua parte, Oldair fez a viagem contrária: saiu do Flu para o Vasco. De quebra, sumiu com Mané Garrincha, durante a final da Taça Guanabara-1965. Era o seu segundo título, em menos de dois anos, tendo em vista que, em 1964, já fora campeão estadual-RJ, pelos tricolores.
Mesmo com o sucesso batendo à sua porta, Oldair sofria com a distância dos seus pais, que viviam em São Paulo. Em 1966, ele conquistou o seu segundo título com a “Turma da Colina”, ao do Torneio Rio-São Paulo, sob o comando de Zezé Moreira, que o dirigira na temporada anterior e o escalara na lateral, tirando-o do meio-de-campo. No entanto, o titulo fora dividido, com Botafogo, Santos e Corinthians, por falta de datas para a decisão, tendo em vista que a Seleção Brasileira iria iniciar os treinos para a Copa do Mundo da Inglaterra.
Oldair contou ao repórter Deni Menezes, então da Rádio Globo, uma história engraçada sobre aos seus tempos cruzmaltinos. Segundo ele, quando o zagueiro Fontana desarmava um lance, o apoiador Maranhão ficava apavorado, ao vê-lo querer sair jogando. E gritava: “Solta logo a bola, que ela não gosta de você”. E uma outro, sobre Rivellino: “Jogávamos contra o Corinthians e o cara vivia tentando cavar faltas na entrada da área. Falei com a zaga para espaná-lo. Como os meninos demoraram, eu mesmo fiz o serviço”, reproduziu o trepidante Deni.
Atleta que sabia liderar, Oldair ficou em São Januário, entre 1965 e 1968, até ser foi negociado com o Atlético-MG. Pelo “Galo”, sagrou-se campeão mineiro-1970 e brasileiro-1971. Ao final da carreira, ainda defendeu o Ceub-DF e ao ESAB-MG.
CANARINHOS – Amaro Gomes da Costa, o Mário “Tilico”, nascido, em Recife – 30.04.1942 – e Oldair disputaram apenas uma partida pela Seleção Brasileira. O primeiro, contra o Chile, no 1 x 0 (19.09.1967) amistoso, no Estádio Nacional de Santiago, diante de 41.739 pagantes. Convocado pelo treinador Mário Jorge Lobo Zagallo, ele já era banguense e entrou nesta formação á base do Botafogo: Manga; Moreira, Zé Carlos, Sebastião Leônidas e Paulo Henrique (Fla); Denílson (Flu)a e Gérson; Paulo Borges (Ban), Mário, Roberto Miranda e Paulao César “Caju” (Rinaldo/Flu).
Paulistano, desde 1º de julho de 1939, Oldair fez dois jogos pelo escrete nacional: 08.06.1966 – Brasil 3 x 1 Peru e 11.06.1966 – Brasil 3 x 2 Argentina. Escalado pelo treinador Vicente Feola. No primeiro, integrou um time B, que jogou assim, no Maracanã: Ubirajara; Fidélis, Brito, Fontana e Oldair; Roberto Dias e Denilson; Paulo Borges, Alcindo,. Tostão e Edu Américo. No segundo, ele já era atleticano e o time, na verdade era um combinado de jogadores de Cruzeiro/Atlético-MG, escaldo e dirigido por um trio de radialistas (Lísio “Biju” Juscelino Gonzaga, Carlyle Guimarães e Jota Júnior). aA rapaziada: Raul; Pedro Paulo, Djalma Dias, Procópio e Oldair; Zé Carlos e Dirceu Lopes; Natal, Tostão, Evaldo e Rodrigues. (cruz montada sobre fotos publicada pela Revista do Esporte).
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