Vasco

Vasco

sábado, 1 de novembro de 2014

FERAS DAS COLINA - OLDAIR BARCHI

O Vasco havia conquistado o Torneio Internacional do IV Centenário, em janeiro de 1965, e o treinador Zezé Moreira queria muito mais na temporada. Logo, teria pela frente o Torneio Rio-São Paulo e a I Taça Guanabara. O “Seu Zezé” escalava Joel Felício e Barbosinha pelas laterais, e Maranhão e Lorico segurando o meio-de-campo. Intuía, porém, precisar de um homem que entrasse bem, indistintamente, em um dos dois setores. E o cara estava ali bem pertinho dos seus olhos.
 Enquanto os cartolas de São Januário negociavam, Zezé Moreira saía com a rapaziada para um giro de seis amistosos, por Minas Gerais e Pernambuco, entre 24 de janeiro e 2 de fevereiro. Frequentemente, telefonava, indagando: “Contrataram o homem?” E ouvia dos cartolas: “Estamos perto”.

 Finalmente, no dia 7 de março, o “coringa” Oldair Barchi desembarcava em São Januário. Ele vinha sendo lateral-esquerdo, mas estreou na “Turma da Colina” como meio-campista. E aconteceu em uma tarde domingueira trágica para o Vasco. Além de goleado (1 x 4), pelo Palmeiras, no Maracanã, ainda sofreu o gol mais rápido do Torneio Rio-São Paulo e, por muito tempo, do planeta bola, aos 9 segundos – Leves; Joel Felício, Brito, Barbosinha e Ari; Maranhão e Lorico (Saulzinho); Luizinho Goiano, Célio, Oldair e Zezinho foi o time da estreia vascaína.
Depois daquilo, Oldair só voltou a jogar no decorrer de Vasco 3 x 0 Santos, em 4 de abril, quando o adversário não teve cinco titulares – Gilmar, Mauro, Zito, Coutinho e Pepe, mas teve o “Rei Pelé”. Mais uma vez, entrou pela “meiúca”, substituindo Lorico – Gainete; Joel Felício, Brito, Fontana e Barbosinha; Maranhão e Lorico (Oldair); Luizinho Goiano, Célio, Saulzinho (Mário ‘Tilico’) e Zezinho foi a rapaziada do dia.

Oldair é o penúltimo, em pé, à direita de sua tela, ao lado do goleiro 
      Em 14 de abril, Oldair fez a sua terceira apresentação vascaína, nos 4 x 0 América. Seguiu entrando na vaga de Lorico. Passados 10 dias, enfrentou, pela primeira vez, o seu ex-clube, em Vasco 1 x 1 Fluminense. Daquela vez, substituiu o volante Maranhão.
Em  2 de maio, o Vasco voltou a perder do Palmeiras (2 x 3), e ele substituiu Luisinho Goiano, para recompor o meio-de- campo, devido a expulsão de Maranhão. Uma semana depois, substituiu o maranhense, pela segunda vez, em Vasco 1 x 4 São Paulo. Em 16 de maio, mais uma entrada na vaga de Maranhão, em nova escorregada vascaína: 0 x 1 Portuguesa de Desportos.

NA REDE - Após cinco jogos, Oldair marcou o seu primeiro gol vascaíno: em 23 de maio, no 1 x 1 Corinthians, no Maracanã, ante 14.705 “figuras”, aos 26 minutos. O time do primeiro Oldair na rede teve: Gainete; Joel, Brito, Fontana e Barbosinha; Maranhão e Lorico (Oldair); Luizinho, Benê, Mário e Zezinho (Araquém).
Aquele fora o último dos 16 jogos do Vasco naquele Torneio Rio-São Paulo. Com um tento em seis participações, Oldair terminou vice-campeão, somado os mesmos 17 pontos de Botafogo, Flamengo e Portuguesa, mas levando a melhor no critério técnico: saldo de 2 gols sobre os botafoguenses e de uma vitória a mais do que os rubro-negros e a Lusa do Canindé. Mas o grande momento de Oldair viria durante a I Taça Guanabara. Saiu campeão, como lateral-esquerda, em todos jogos – Vasco 5 x 0 Fluminense (14.07); 1 x 1 Flamengo (22.07); 1 x 0 América (28.07); 3 x 1 Bangu (07.08); 0 x 3 Botafogo (11.08);  2 x 0 Fluminense (21.08); 1 x 0 Flamengo (25.08) e 2 x 0 Botafogo (05.09). Nesta última, que valeu o título da I Taça GB, ele viveu o seu maior dia de glória. Sumiu com Mané Garrincha e marcou o gol de abertura do placar – Gainete; Joel Felício, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Lorico; Luisinho, Célio, Mário e Zezinho foi o seu Vasco campeão.

Vice-campeão do Torneio Rio-São Paulo e campeão da Taça Guanabara, Oldair ia muito bem na Colina. Seguiu titular da lateral-canhota por todos os jogos do Campeonato Carioca-1965 e marcou o seu segundo gol cruzmaltino, em Vasco 5 x 1 Bonsucesso (12.12). Mas o time teve uma campanha fraca, deixando-o longe do título. Oldair, no entanto, seguiu jogando bem pela temporada seguinte, ainda dirigido por Zezé Moreira. Passados quase seis meses de quando fizera Garrincha de “João” (como o Mané chamava os marcadores), voltou a encontrá-lo. Daquela vez, com o “Torto” estrendo como corintiano. Deu Vasco 3 x 0 no Pacaembu, pelo Tornei Ro-São-Paulo-1966, e time sendo: Amauri; Joel, Brito, Fontana e Oldair; Maranhão e Danilo Menezes; Luisinho (Zezinho), Célio, Lorico e Tião ‘Cavadinha”.
Oldair saiu campeão daquela disputa, mas empatado com Santos, Corinthians e Botafogo, pois não havia datas disponíveis para a realização de um quadrangular decisivo, já que a Seleção Brasileira iria iniciar os preparativos para a Copa do Mundo. Como prêmio pelo bom futebol que vinha jogando, ganhou a convocação. Disputou somente um jogo como canarinho, em 8 de junho de 1966, no Maracanã, quando a defesa teve três vascaínos: Brito, Fontana e Oldair – o goleiro foi Ubirajara e o lateral-direito Fidélis, ambos do Bangu, completarem o setor.  Roberto Dias e Denilson formaram o meio-de-campo, com Paulo Borges, Tostão, Alcindo e Edu Américo completando a escalação do treinador Vicente Feola em Brasil 3 x 1 Peru, amistosamente.   
Oldair não chegou até a Copa do Mundo da Inglaterra, mas manteve-se titular absoluto da lateral-esquerda da “Turma da Colina”, em 1967. No início da temporada, ajudou o Vasco a ganhar a Taça Rivadávia Corrêa Mayer, após uma vitória e uma derrota, pelos mesmos 2 x 0, contra o Flamengo, o promotor da disputa e que ofereceu o troféu ao grande rival. Aconteceu em 19 de janeiro,  quando o Vasco já era treinado por Thomaz Soares da Silva, o Zizinho. O jogo foi em General Severiano e Oldair marcou o seu terceiro gol cruzmaltino, diante de 4.531 almas – Edson Borracha; Paquetá, Sérgio, Ananias e Oldair; Maranhão (Salomão) e Danilo Menezes; Zezinho (Nado); Bianchini, Adílson e Moraes, autor do outro gol, foi a equipe.

ROBERTÃO - Após mais dois amistosos vitoriosos, o Vasco foi para o Torneio Roberto Gomes Pedrosa-1967, fazer uma de suas piores campanhas: penúltimo colocado do Grupo B, com 12 pontos em 14 jogos. De sua parte, Oldair teve boas atuações e marcou mais três gols – 18.03.1967 - Vasco 3 x 3 Portuguesas de Desportos (1); 22.03 - Vasco 1 x 1 Cruzeiro (1); 01.04 - Vasco 2 x 2 Fluminense (1).
 A próxima disputa foi a Taça Guanabara e ele chegava com seis gols vascaínos na conta. Em 22 de julho, em Vasco 4 x 3 Flamengo, marcou o seu sétimo tento, aos 45 minutos do primeiro tempo, orientado por um novo treinador, Gentil Cardoso, que escalou: Franz (Valdir Apple), Paquetá, Brito, Fontana e Oldair; Jedir e Danilo Menezes; Zezinho, Nei, Paulo Bim e Luizinho.
Oldair começou o Campeonato Carioca-1967, novamente, pela lateral-esquerda. Em 14 de setembro, nos 4 x 1 sobre o Madureira, Gentil Cardoso o levou para a cabeça-de-área, para formar o meio-de-campo com Danilo Menezes. Voltou à lateral e, em 21 de outubro, durante 1 x 2 Fluminense, ocorreu algo raro em sua carreira: foi expulso de campo, aos 40 minutos, por ter cometido a segunda falta grave e recebido uma advertência pela primeira (ainda não havia os cartões).
 Da campanha vascaína no Carioca-1967,  Oldair participou de todos jogos, dos quais o último foi Vaco 0 x 0 América, em 17 de dezembro, em São Januário – o treinador já era Ademir Menezes e a turma teve: Pedro Paulo; Jorge Luis, Sérgio, Major e Oldair; Paulo Dias e Danilo Menezes; Nado, Valfrido, Nei e Averaldo. Em 1968, ele trocou a Colina de São Januário pelo terreiro do ‘Galo’, isto é, do Atlético-MG.

CONTRA -  Como ex-vascaíno, o primeiro jogo de Oldair contra o Vasco foi em 22 de setembro de 1968, pelo “Galo” e pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, embrião do atual Brasileirão. Naquela dia, ele foi expulso de campo e o ”Galo” teve o pescoço torcida: 2 x 0, no Maracanã, com gols de Buglê e de Adílson Albuquerque, diante de 35.661 almas. Os ex-companheiros que o venceram, a mando do treinador Paulinho de Almeida, foram: Pedro Paulo; Ferreira, Brito, Fontana e Eberval; Buglê e Danilo Menezes; Nado, Adílson, Valfrido (Bianchini) e Silvinho. O Atlético-MG, do técnico paraguaio Fleitas Soliche, teve: Mussula; Humberto Monteiro, Djalma Dias, Vander e Cincuneggui; Vanderlei (Hidalgo) e Oldair;

DEPOIS DA COLINA - Oldair foi galense entre 1968 e 1973 e o grande capitão do seu time, em Minas, durante a conquista do  Campeonato Brasileiro-1971. Se, durante as suas três temporadas vascaínas – 1965/66/67 – só marcou sete gols, como alvinegro mineiro deixou 61 marcas nas redes, em 281 partidas. Para a torcida do “Galo”, o gol mais importante foi o do  1 x 0 São Paulo, de falta, na fase decisiva que levou o título para “Belô”. Ele levantou a taça, também, do primeiro Campeonato Mineiro conquistado pelo Atlético-MG,  na “Era Mineirão”, em 1970, quebrando um tabu de seis anos sem o título estadual. Coincidentemente, naquela temporada, o Vasco quebrou, também, o mesmo tipo de tabu, só que com o dobro do tempo. E quem era o capitão vascaíno que levantou o caneco? Um mineiro revelado pelo “Galo”, o glorioso José Alberto Buglê.   
 Oldair Barchi nasceu em São Paulo, em 1º de julho de 1939. Viveu até 31 de outubro de 2014ente. O início da sua carreira foi pelo Palmeiras, em 1958. Mas só consegui jogar uma partida pelo time principal alviverde, pois o meio-de-campo Zequinha e Chinezinho era intocável. Então, foi tentar a sorte no Fluminense e sagrou-se campeão carioca, em 1964. Além do “Galo”, jogou, ainda, pelo Ceub e o ESAB, em 1977, este um time de vida curta no futebol profissional de sua terra.
















  
 





















Nenhum comentário:

Postar um comentário