Vasco

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segunda-feira, 17 de novembro de 2014

VASCO VASCONCELOS, O VASCAÍNO - 24




   O ex-almirante Vasco Vasconcelos chegou a São Januário arrasado, por causa da pisada na bola da “Turma da Colina”, diante do maior rival, o Flamengo, no primeiro de maio de 1968. Logo em seu dia. Aliás, seu ex-dia, pois ele era um ex-militar. Mesmo assim, havia programado um festão para homenagear amigos trabalhadores naquele feriadão. E foi pro pega.
Pouco depois de Sua Senhoria, o árbitro Armando Marques, apitar bola de pé em pé, Vasco Vasconcelos pressentiu a sua festa rolar,  quando Bianchini acertou uma paulada na cabeça do “Urubu”, na sétima volta do ponteiro de um dos ponteiros do seu relógio. Mas passara pelo dissabor de ver os rubro-negros virando o placar, entre os 35 e os 50 minutos.
Por causa daquele vexamão, o ex-almirante, comandante de navios de um país que nem tinha mar, ficou nas arquibancadas do estádio cruzmaltino, não dando nenhuma confiança aos “pisões” – Pedro Paulo, Ferreira (Jorge Luis'), Brito, Sérgio e Lourival; Buglê e Danilo Menezes; Nado, Nei, Bianchini e Silvinho, e o treinador Paulinho de Almeida. Terminado o treino, o mineirão José Alberto Bugleux, cidadão nascido e registado em São Gotardo, foi até ele, puxar conversa. “Uai, sô!” Só porque perdemos, ocê tá de cara virada pra gente!”.
Vasco Vasconcelos, porém, foi cruel, impiedoso com o montanhês Buglueux; “Se ‘ocês’ tivessem perdido de um jeito decente, ‘minêrim’, eu até fazia que não tinha acontecido nada. Mas sofreram uma derrota animal”. Bugluex contra-atacou: “Mas que derrota animal, sô?”.O glorioso Vasco Vasconcelos emendou, de primeira:” Perderam de virada, com um gol de Onça e um do ‘Bode Atômico”. 
Bugleux coçou a cabeça, acocorou-se e contemporizou: “Uai, só! Sabe que ocê tem razão!. O “Urubu” tem mesmo um zagueiro baiano apelidado por Onça (Mário Felipe) e um atacante que a galera chama de Bode Atômico (Dionísio). Logo, foi mesmo uma derrota da roça. Sem falar que eles ainda tinham o  ‘Mão de Cêra’ e um Fio desemcapado.
Ao ouvir aquele palavreado de Bugleux, o ex-almriante bateu, de curva: “Ô minêrim! Perder, pode até perder, mas chamar o paraguaio de ‘Mão de Cera’ é demais para os meus oritimbós. Por favor, da próxima vez, chame-o pela sua graça de registro e de batismo: Manicera. E o Fio não é desemcapado. Jogou uma maravilha. Vá por mim, já que na sua Minas Gerais não tem oceano, e vivo na crista das ondas”. Bugleux  puxou o seu chapéu de palha pro lado e foi na dividida: “Se ocê pensa qui minêro nunca viu o mar, é porque nunca foi em Mar de Espanha, lá na Zona da Mata de Minas Gerais”.
O ex-almirante Vasco Vasconcelos achou que a conversa com Bugleux já ia muito longe, e botou no filó: “Minêrim, então, tá explicado: Se Mar de Espanha fica na Zona da Mata, foi de lá de onde saíram Onça e Bode, pra salgar o Bacalhau”.     


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