Em 1955, o Vasco deu por encerado o
ciclo do veterano goleiro Moacyr
Barbosa, em São Januário. Três anos depois, o treinador Gradim achou que não,
o “reinventou e o revascainou"”. O velhinho voltou e mandou ver. Ganhou elogios até de Nélson
Rodrigues, que escrevia, na “Manchete Esportiva”, uma das mais respeitadas
crônicas do jornalismo esportivo brasileiro.
Em 1959, o contrato de Barbosa terminou,
ao final do primeiro semestre. Ele assegurava que faria o seu último acordo com
um clube. Então, bateu forte no cofre cruzmaltino. Pediu Cr$ 25 mil cruzeiros mensais e Cr$ 200 mil de
luvas (a graninha por fora daquele tempo).
Duro na queda, o Vasco contrapropôs Cr$ 20 mil e Cr$ 100 mil, pelas duas alternativas.
Depois, subiu as luvas para Cr$ 150 mil. Por ali, a imprensa carioca passou a
questionar se Barbosa valeria o que pedia, por já ter sido ‘convidado a se
retirar’ de São Januário. Mas reconhecia que os reservas não tinha a sua experiência
e o “Tio” significava tranquilidade para a defesa. E, assim, terminou ficando.
A imprensa carioca começou a chamar
Moacyr Barbosa de “velho” quando o goleiro atingiu 36 anos de idade. Ele não
gostava. Por aquela época, fazia um “passeiozinho” por fora de São Januário,
defendendo o Bonsucesso “Velho porquê?”,
indagava, e revelando ser aquela uma sua grande mágoa. Para justificar
merecedor da confiança dos seus treinadores, citava uma partida em que o
“Bonsuça” perdera do Bangu (11.08.1957 - 0 x 2). Ao deixar o gramado, fora
aplaudido por associados e torcedores até do adversário. “...os anos não me
pesam. Se, há 10 anos, eu tivesse a
experiência de hoje, seria...um goleiro excepcional”, disse à edição de Nº 93 da “Manchete
Esportiva” de 31 de agosto de 1957. E disse mais: que nem durante a Copa do
Mundo-1950 se encontrava tão bem, como perto dos 40 anos de vida. Motivo? “No Vasco, eu descansava mais do que
jogava, porque a defesa era sólida, bem plantada”, explicou.
Por aquela época em que falou à “ME”,
Barbosa tinha no currículo cinco títulos de campeão carioca – 1945/47/49/50/52
– e sul-americano de clubes campeões-1948, todos pelo Vasco. O futebol havia
lhe dado uma casa, no bairro carioca de Ramos, onde possuía, também, um
terreno, e mais dois outros, na Ilha do Governador, além de um automóvel. Ele começara a jogar, tardiamente, aos 19
anos, pelo um time do Laboratório Paulista de Biologia. Chegara a São Januário
depois de passar pelo paulistano Ipiranga.
Paulinho (E) e Bellini (D) dizem que estas fazem milagres |
Enquanto
Barbosa só disputava três jogos do Campeonato Carioca-1961, os antigos reservas
Ita (5 jogos) e Miguel (3), davam por encerrada a sua história cruzmaltina.
Tanto que returno, o primeiro foi titular por 9 partidas, e Miguel por mais
uma.
Barbosa deixou de um emblema na Colina,
em 1962. Para defender o Campo Grande – antes não tivesse ido. Quando cruzou
com os velhos amigos, vendo Humberto Torgado com a sua amada e antiga camisa,
se deu mal. Foi buscar a bola no fundo das redes por sete vezes: Vasco 7 x 0,
em 21 de setembro de 1962, pelo Campeonato Carioca. Quem tinha amigos goleadores como o Lorico
(3), Saulzinho (2), Sabará e Barbosinha, precisava de inimigos pra quê?
Ita e Miguel iriam brigar para descobrir. (foto reproduzida da Revista do Esporte).
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