O centroavante Delém, que integrou a “Turma da
Colina” entre 1956 e 1960, chegou a pensar em ir embora, pouco depois de
começar a trabalhar na Rua General Almério de Moura. Não conseguia repetir o
futebol que fizera o Vasco tirá-lo da gaúcha Porto Alegre. Mas o diretor de
futebol, Antenor Martins, fez a sua cabeça. “Qual é, tchê! O Vasco espera muito
dê ti”, brincou, imitando o linguajar gaúcho. “Tu não vais decepcionar aos
guris que confiavam tanto em um rompedor de defesas, um artilheiro, buscado
longe. Barbaridade! E vamos à luta!”, reforçou.
Papo legal! Delém criou alma
nova, passou a jogar com mais vontade de marcar os gols que haviam sumido do
bico de suas chuteiras e, de tanto empenho para acertar, as vezes, saía de
campo lesionado. Mas, enfim, a boa fase voltou, ouviu os aplausos da torcida,
ganhou a confiança da comissão técnica e, rapidamente, uma convocação para a
Seleção Brasileira. O que não acreditou, quando os colegas o informaram. Achou
que fosse gozação, e, até, engrossou com a rapaziada. Só com o aviso dos
cartolas vascaínos botou fé na conversa.
Vladem
Lázaro Ruiz Quevedo foi o nome de registro de Delém, nascido em 15 de abril de 1935. Viveu até 28 de março de 2007,
quando residia na argentina Buenos Aires, onde defendeu o River Plate, a partir
de 1961. Também, foi treinador e descobridor de talentos. Por ter sido revelado
pelo Grêmio, muitos pensavam que ele fosse gaúcho. Mas nascera na capital
paulista. Só começara a carreira pelas categorias de base do “Tricolor dos
Pampas”, em 1956 – dois anos depois, tornou-se um cruzmaltino e, de
cara, campeão carioca.
COLINEIRO
– O primeiro jogo oficial de Delém com a
jaqueta vascaína foi em 7 de setembro de 1958, pelo primeiro turno do
Campeoanto Carioca: Vasco 3 x 0
Portuguesa-RJ, no Maracanã, com o treinador Gradim escalando: Barbosa,
Paulinho, Bellini e Coronel; Écio e Orlando; Sabará, Rubens, Delém, Wilson
Moreira e Pinga. Na rodada seguinte, no mesmo estádio, marcou o primeiro “peixe
na rede”, em Vasco 1 x 1 Flamengo, com a formação, em relação a anterior, só
trocando Wilson Moreira, por Almir Albuquerque.
Delém firmou-se como titular. Venceu o Olaria (4 x 2),
em seu segundo jogo consecutivo (19.09), e ganhou mais um clássico (3 x 2),
daquela vez (28.09) diante do temível Botafogo, que tentava o bi, com feras
como Nílton Santos, Garrincha, Didi, Paulo Valentin e Quarentinha. E, por ali,
encerrou a sua contribuição ao time na primeira fase do campeonato.
No returno, seguiu titular. Em sua primeira
apresentação em São Januário (05.10), venceu o Bangu (2 x 0). Novamente, na
casa vascaína (12.10), passou por mais um (6 x 3), deixando dois nas malhas do
Canto do Rio. No jogo seguinte (19.10),
tropeçou (1 x 1), enganchando-se no São Cristóvão. Mais um tropeço (3 x 3)
rolou (25.10), diante de mais um “pequeno”, o Bonsucesso, mas com ele pipocando
duas pelotas nas redes rubro-anis.
Depois de dois empates, quando o Vasco era o favorito,
Delém viu (01.11) a sua turma pisar na bola (1 x 2), enfrentando um outro
freguês, a Portuguesa. E deu o duro para a recuperação do time (09.11), diante
do Madureira (1 x 0). Em seu terceiro clássico (16.11), ficou igual (1 x 1) ao
Fluminense. Pelos três jogos seguintes, não pegou o grande América da época (2 x 0); o Olaria
(30.11), com balaiada (4 x 0), e (07.12) o vingativo Botafogo (1 x 2). Voltou
ao time em dia (14.12) de novo vingança (1 x 3) de rival – Flamengo.
Veio, então a decisão do
Campeonato Carioca, que foi parar em um Super-Super, com o time da Colina
campeão. Delém, no entanto, não estgá na foto, pois não atuou em nenhuma das
partidas – Vasco 2 x 0 Flamengo (20.12.1958); 0 x 1 Botafogo (03.01.1959); 2 x
1 Botafogo (10.01); 1 x 1 Flamengo (17.01). Sem problemas: supersupercampeão,
contribuindo com cinco bolas no filó. (imagem reproduzida da Revistas do Esporte)
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