No próximo dia 7 de julho, a rivalidade Vasco x Flamengo chegará à sua 100ª temporada. Grande história rolou de lá para cá, entre os dois maiores rivais, o que será lembrado por matéria aqui no "Kike". De lá para cá, muitos atletas foram rubro-negros e cruzmaltinos. Vamos conferir mais dois:
RUBENS – Ele era de um virtuosismo tremendo. A torcida rubro-negra o
chamava de “Doutor Rubis” e aceitava até os seus defeitos. Menos o treinador
paraguaio Fleitas Solich, que não admitia vê-lo prendendo a bola, finando
tanto. Para ele, quebrava a velocidade, o dinamismo do seu ataque. E, o que era
show para galera, virava indisciplina tática para o chefe. Resultado: Rubens,
no auge do seu belo futebol, foi barrado. Pior: o Flamengo o expulsou da Gávea,
mandando-o para o pernambucano Santa Cruz. Pior ainda: Rubens não emplacou em
um futebol que não passava de quinta, ou sexta força do país.
Resgatado pelo Vasco da Gama,
para a vitrine do futebol brasileiro, o meia paulistano Rubens José da Costa –
viveu entre 24 de novembro de 1928 a 31 de maio de 1991 – ganhou a chance de
provar que não era um imprestável. Veio a noite do sábado.... de 1957 e o
Maracanã recebia.... almas. Lá pelo meio da pugna, contra o Flamengo, o maior
rival dos vascaínos cometeu um pênalti. Rubens pegou a bola, a colocou na marca
fatal, mirou o endereço para onde a enviaria e bateu com tanta força na
probrezinha, que “arrombou a rede”, como se falava.
Rubens é o segundo agachado, da esquerda para a direita, nesta foto reproduzida de www.netvasco.com.br |
Aquele gol fora uma vingança de Rubens contra o clube que o considerara ferro velho, a torcida que o
esquecera. Os rubro-negros empataram, mas o placar fora o de menos para o “Dr
Rubis”. O que lhe importava era ter mostrado que ainda tinha a receita para um
bom futebol.
Cria do Ypiranga-SP (1943 a 1950) e após passar pela Portuguesa de
Desportos (1950), Rubens tornou-se flamenguistas, em 1951, e o foi até 1957,
por 173 jogos, marcando 84 gols. Como vascaíno, ficou só pelas temporadas
1957/1958, nesta última sendo ser super-super campeão carioca, exatamente,
diante do Flamengo. Um pouco antes, ele fora o autor do gol que dera a vitória
aos rubro-negros, contra os cruzmaltinos, acabando com um tabu, de quase sete
anos sem vitórias do pessoal da Gávea sobre a “Turma da Colina”.
NEI OLIVEIRA – O
Vasco foi busca-lo no Parque São Jorge, em 1967, e ele chegou a São Januário
como “o cara”. Bem que a torcida esperava que fosse, pois canecos não pintavam
nas prateleiras vascaínas desde a conquista da I Taça Guanabara-1965. Pena que
Nei não rendeu o esperado, embora tivesse feito muitas boas partidas. Terminou
com a galera pegando no seu pé, ele entrando em lista de indesejáveis e sendo
negociado, com o Flamengo, pelo final de 1969.
Ao chegar à Gávea, Nei declarou que o seu
maior sonho era defender “um clube de tradição com uma torcida entusiástica,
como a do Flamengo”. Prometeu provar que o seu futebol continuava bom, como nos
tempos corintianos, quando chegou a companheiro de Pelé no ataque da Seleção
Brasileira, e afirmou, ainda, que tornar-se rubro-negro daria um novo alento à
sua alma. “O orgulho de vestir a camisa do Flamengo é tão grande, que chego a
ficar arrepiado só em pensar nisso”, afirmou à Revista do Esporte – Nº 554, de
18.10.1969 –, chamando a torcida do novo clube de “uma brasa”.
Nei é o terceiro agachado, da esquerda par a direita, nesta foto reproduzida de www.flamengonet.com.br |
Nei, que na certidão de nascimento tinha o “y”
em lugar do “i” que os redatores preferiam, dizia não saber os motivos do seu
banimento de São Januário e ter tomado conhecimento disso pela imprensa. “Dizem
que o Paulinho (de Almeida, treinador vascaíno, em 1968) me acusou de
indisciplina. Pura mentira. Sempre segui à risca todas as instruções que
recebo”, defendeu-se, espalhando farpas: “Encontrei, na Gávea, o ambiente que esperava
e um grande técnico (Jouber Meira?) que não sacrifica muito os jogadores”.
O choro de Nei acrescentava dizer-se muito
sacrificado dentro do esquema tático vascaíno, ficando na frente brigando
com dois a três marcadores e só
recebendo ajuda quando a defesa do adversário já estava fechada. “...por isso o
ataque do Vasco custava marcar gols”, justificou, alfinetando mais o ex-time:
“No Flamengo...temos sempre um companheiro do lado para dar sequência às
jogadas. O meio-de-campo joga apoiando mais o ataque e, com isso, as minhas
chances de ser, novamente, artilheiro, voltaram”. Mas não voltaram muito, não. Em 86 jogos
flamenguistas, só marcou 25 tentos e só ficou campeão da Taça
Guanabara-1970. No ano seguinte, não interessava mais. Foi negociado com o
Botafogo.
Ney de Oliveira, nos
documentos, era considerado pelo presidente corintiano Wadih Helou “melhor do
que Pelé”. Exagero! Mesmo assim, para a
torcida do “Timão”, ele era um fenômeno, sobretudo por conta de antever as reações dos
marcadores e balançar a rede.
Realmente, Nei foi um grande atacante. Tanto
que só defendeu grandes clubes e a Seleção Brasileira (11 jogos, sem gols). Ele
estreou vascaíno no sábado 4 de março, marcando os dois gols da vitória
amistosa sobre o uruguaio Peñarol, por 2 x 1 no Maracanã – Edson Borracha;
Jorge Luís, Brito, Ananias e Oldair; Maranhão e Danilo Menezes; Nado, Nei,
Bianchini e Moraes foi o time, escalado pelo técnico Zizinho (Thomaz Soares da
Silva).
No mesmo ano de sua chegada à Colina e no
seguinte, Nei foi eleito o melhor jogador vascaíno. Mas não ganhou títulos. Por
sinal, o único de sua carreira foi dividido com Vasco (além de Botafogo e
Santos), quando era corintiano e valendo pelo Torneio Rio-São Paulo-1966, não
decidido pelos quatro, por falta de datas, devido a necessidade de começar logo
os treinamentos dos 45 convocados pela Confederação Brasileira de Desportos,
visando a Copa do Mundo da Inglaterra.
Nascido em 6 de julho de
1994, na paulista Sorocaba, Nei iniciou a carreira pelos times infantis do
Corinthians, em 1959.
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