Brito foi vascaíno por 15 temporadas |
Já houve, também, casos célebres: 1 – o coringa Alfredo foi para o Flamengo e não conseguiu ser flamenguista, de saudades da Colina, levando o presidente rubro-negro, Gilberto Cardoso, a telefonar para São Januário, pedindo a volta do atleta à Colina; 2 – sondado pelo rival, o goleiro Carlos Germano respondeu que jamais seria um flamenguista; 3 - o polivalente Fábio Baiano jogou só uma partida pelo Vasco, e não foi aceito pela torcida. No dia seguinte, foi embora.
Vejamos alguns casos de quem, tempos depois de
se dar bem com uma das camisas, flamengou
ou vascainou:
BRITO – A campanha
(invicta), comandada pelo treinador Flávio Costa, um flamenguista, que dera o
título de campeão carioca-1945 ao Vasco da Gama, somou mais um torcedor da
“Turma da Colina”: o garoto forte, cabeludo, de olhos amendoados e gênio
expansivo. Começava, por ali, uma grande paixão. Tempos depois, ele treinava
com a rapaziada de São Januário, agradava e assinava ficha de inscrição, assinando: Hércules Brito
Ruas.
Não foi fácil para
Brito chegar a titular no time do Vasco. Teve de assistir jogos de Bellini,
o dono da sua posição, por muito tempo. Mas garantia jamais ter
sentido-se desprestigiado por ser reserva do “eterno capitão”. Garantia, porém,
de só ter aprendido, com o rival, estilo vigoroso e entusiasmo.
Reprodução de Placar. Agradecimento |
Em 30 de setembro de 1969, Brito tornou-se flamenguista, recebendo NCr$ 80 mil novos cruzeiros relativos ao valor do negócio. Queixava-se de "só ter feito dois bons contratos" em São Januário. Saiu afirmando ter vivido muito mais alegrias do que decepções, dentre esta ter sido afastado do time e acusado de sabotador, pelo treinador e ex-ídolo vascaíno Ademir Menezes, e não ter recebido, da torcida, o apoio moral de que precisava, levando-o a pedir uma licença ao clube.
Pouco depois de trocar de endereço, Brito desagradou a
torcida vascaína, dizendo que "o Flamengo fazia o seu jogador vibrar,
mudar tudo quando vestia a sua camisa, pois a torcida rubro-negra era muito
mais vibrante, fazia um ídolo da noite para o dia". Pra piorar,
acrescentou: “Sempre fui vascaíno, mas sempre quis jogar pelo Flamengo...Tive a
sorte de me transferir para o Flamengo. Posso dizer que agora estou realizado”,
declarou ao Nº 556, de 01.11.1969, da "Revista do Esporte", que o
brindou com a capa da edição seguinte, sorrindo e envergando a jaqueta
rubro-negra.
BIANCHINI – Por NCr$ 50 mil novos cruzeiros, de uma dia
para o outro, o Vasco negociou o passe de Bianchini, com o Flamengo. O
atacante, que fora o principal goleador do Campeonato Carioca-1963, em seus
tempos de banguense, jogara pela Seleção Brasileira, ao lado de Pelé, que pediu
ao Santos para contratá-lo. Além disso, dera muitas alegrias à torcida do
Botafogo, que o negociou com os vascaínos.
Recebido por uma
multidão de torcedores quando da sua apresentação rubro-negra no estádio da
Gávea, Bianchini participou de um rápido treino, pediu o apoio da galera e
mandou-lhe uma mensagem: “Espero realizar por aqui mais do que fiz no Vasco”.
Malandro, Bianchini disse aos jornalistas que
vinha, de há muito, alimentando a
esperança de defender o novo clube. “Não é de hoje que eu e o Flamengo nos
vemos com bons olhos”, afirmou, acrescentando que, antes, havia sido sondado
por um dirigente flamenguista e, desde então, passou a pensar na possibilidade.
Jogava com empenho pelo Vasco, mas
“sempre pensando no Flamengo”.
Segundo Bianchini, ele pressentiu o seu fim de
linha vascaíno quando o treinador Paulinho de Almeida tirou-lhe do time,
escalando Valfrido em seu lugar. Saiu atirando no chefe, acusando-o de não ter
tido a coragem de explicar-lhe os motivos que o fizerem sentir-se um proscrito.
“Fui afastado sem a menor consideração”, desabafou para a Revista do Esporte –
Nº 553, de 11.10.1969 –, jurando jamais ter sido indisciplinado, em São
Januário, e chegado até a atuar, muitas vezes, sem as suas condições físicas
ideais.
Adhemar Bianchini
de Carvalho viveu durante 65 temporadas, entre
28 de setembro de 1940 e 27 de outubro de 2005. Casado, com Fernanda,
gerou Fabíola e Verônica e conheceu os netos Samyr e Alice, filhos da primeira.
Sua vida rubro-negra durou e rendeu pouco: 16 jogos e cinco gols.
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