O Brasil do Governo João Goulart, em 1962,
tentava afirmar política externa independente e praticava intervenções em
empresas concessionárias de serviços públicos. Foi por ali que o presidente
“brasuca”, o Jango, visitou Washington, nos Estados Unidos.
Recebido no aeroporto da base aérea de
Andrews, na capital norte-americana, pelo seu xará John – traduzindo para o
português, tudo terminava em João. Oficialmente, os dois analisaram a situação
política mundial, a postura dos países ocidentais, todos pró Estados Unidos na
“guerra fria” mantida com a então União Soviética, e os problemas do continente
latino-americano. Depois, os dois chefes de estado divulgaram um comunicado
conjunto, reiterando que a tradicional amizade entre os seus dois povos seguia
inalterada, mesmo com recentes divergências em algumas áreas de intetração
comercial.
Pergunta-se: pra quê os Estados Unidos precisariam
discutir situação da política internacional com o Brasil? Washington daria
ouvidos a Brasilia sobre alguma questão internacional importante? Claro que
não. O JK de lá precisava só segurar os impetos não muito simpáticos ao “Tio
Sam” do JG de cá. E liberou US$ 129 milhões de dólares, de saldo de um
empréstimo, de US$ 338 milhões, concedido ao Brasil, em maio de 1961. Isso, além
de pedir ao Fundo Monetário Internacional-FMI para dilatar o prazo de pagamento
da dívida, de US$ 20 milhões, que estava vencendo.
Tanta gentileza era pouco. Tanto que o JK de
lá e JG de cá, ainda, reafirmaram a dedicação de Brasil e Estados Unidos ao
convívio interamericano e aos valores da diganidade humana. Jango, da boca pra
fora, afirmou tencionar prestigiar o capital privado no desenvolviment da
economia brasileira e John Kennedy
acenou com o envio de técnicos do seu governo para trabalhar junto a várias
agências estatais de cá, além de incrementar a ajuda que já era dada pela
Aliança Para o Progressso. Vinte e quatro meses depois, o “Tio Sam” ajudava os
militares brasileiros a sumirem com o Jango.
Daquela visita cheia de muita conversa tipo
papo de boteco, só ficaram bolinhas de concreto. Os dois João se encontram
usando ternos e gravatas azuis. O JK de lá com gravata de bolinhas
vermelhas e o JG de cá com bolinhas brancas –- bolinhas que bateram na rede....
pelo lado de fora.
FOTOS REPRODUZIDAS DA REVISTA "O CRUZEIRO" DE 21.04.1962
FOTOS REPRODUZIDAS DA REVISTA "O CRUZEIRO" DE 21.04.1962
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