da revista Placar
Agradecimento
A rapaziada havia faturado o título estadual
de 1987 e estava embalada pra bisar a parada na temporada seguinte. Romário era
o cara. Além de ter sido o principal
matador do Camp-RJ-87, fora, também, o
dos Jogos Olímpicos-1988, em Seul, na Coreia do Sul. Estava com muita moral, imexível, na Colina. Nem o presidente do
Vasco mexia com ele. Mas o treinador
Sebastião Lazaroni achava que poderia mexer.
Resultado: frequentemente, os dois saíam na porrada verbal, chegando-se a um
ponto em que os jogadores não suportavam mais tanta baixaria.
Veio uma tarde de treino coletivo e, lá pelas
tantas, Lazaroni apitou, para corrigir o lance,
quando o lateral-esquerdo Lira conduzia a bola. Irritado, Lira mandou um
bicão na pelota, pra longe, deixando o chefe indignado. Laza gritou:
-
Fora! Saia do treino.
Romário,
que estava por perto, deu uma contra-ordem:
-Fique!
Não saia!
Que esculhambação! Daquele jeito, o
Vasco estava fazendo o jogo que interessava só aos adversários. Liderados pelo
zagueiro Fernando, os atletas resolveram dar uma geral na situação. A partir de
então, não iniciariam os trabalhos do dia, enquanto Romário não chegasse, pois
o maior ídolo da torcida vascaína estava, sempre, atrasado. Não adiantava
Lazaroni convocar ninguém para o meio do gramado. Ninguém ia.
Fernando ficou encarregado de dar o
sinal para a chegada do artilheiro. Então, quando Romário pintava, a rapaziada iniciava
uma interminável sessão de palmas, que o deixava constrangido. Os caras foram
cruéis, mas a estratégia deu certo. Romário comprou um relógio melhor,
acalmou-se mais, o time subiu de produção e conquistou a Taça Rio, a segunda
etapa do Estadual. E chegou ao almejado bi, decidindo contra o rivalaço Flamengo.
Romário acalmado, pararam as baixarias com
Lazaroni e o craque marcou 34% dos 47 gols da rapaziada durante a conquista do
bi. Um desses tentos, foi antológico, em 2 x 1 Flamengo: encobriu o goleiro
rubro-negro, com um lençol
desmoralizante.
Lazaroni reproduzido de waskipedia Agradecimento |
O juiz Aloísio Viug expulsou de campo quatro atletas que haviam se destacado na bagunça. Entre eles, Romário – e Cocada, é claro!
Título conquistado, diante das críticas das
imprensa carioca ao comportamento de Romário na finalíssima daquele Estadual, a
diretoria do Vasco da Gama tentou dar uma de moralistas e anunciou a
possibilidade de negociar o seu artilheiro, caso algum clube aparecesse com um
cheque de Cr$ 1,5 bilhão de cruzeiros, a inflacionada moeda da época.
Com um detalhe: aquele valor teria de ser pela valorização do dólar no chamado câmbio negro. E as porradas da imprensa, então, passaram para os cartolas de São Januário, pois aquele tipo de conversão da moeda era ilegal.
Com um detalhe: aquele valor teria de ser pela valorização do dólar no chamado câmbio negro. E as porradas da imprensa, então, passaram para os cartolas de São Januário, pois aquele tipo de conversão da moeda era ilegal.
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