Além de cinco vezes vencedor da Copa do
Mundo, o Brasil trem mais um título na competição: “campeão moral”. Este lhe
foi concedido pelo treinador Cláudio Coutinho, inconformado por o seu
selecionado ter saído invicto da Argentina – terminou em terceiro lugar.
Esta é um história complicada. Sabendo do
resultado Brasil 3 x 1 Polônia, os argentinos mandaram os 6 x 0 Peru que
precisavam e foram à final, restando ao time canarinho mandar 2 x 1 Itália e
voltar terceirão.
A Seleção Brasileira, no entanto, pareceu
destinada a não beliscar muito naquele Mundial. Contou isso a 32.569 pagantes,
em sua estreia – 1 x 1 Suécia, em 03.06.1978, em Mar del Plata. Reclamou
bastante de um gol anulado pelo árbitro Clive Thomas, do País de Gales, na
última bola do jogo, quando Nelinho (Cruzeiro) cobrou escanteio, da direita, e
Zico (Flamengo) cabeceou para a rede - o galês considerou que o tempo havia se
esgotado.
O gol anulado valeu o primeiro “choro oficial”
da Copa-78, a XI, desde 1930. Após 48 horas, o presidente da então Confederação
Brasileira de Desportos (hoje, CBFutebol), o almirante Heleno Nunes, protestou
jundo à FIFA pela atitude de Thomas.
Para a principal magazine brasileira da época,
a “Manchete”, do grupo Adolph Bloch, “para quem viajou milhares de quilômetros
para chegar a Mar del Plata as emoções foram poucas”, escreveu o repórter Ney
Bianchi - N 1.365, de 17.06.1978 -, referindo-se ao gol de Reinaldo Lima
(Atlético-MG) e a um sem-pulo de Rivelino (Fluminense), no primeiro tempo, além
do “não gol” de Zico. Por sinal, a semanária fez boa cobertura da partida,
fotografada a cores por Frederico Mendes, Gervásio Batista e Gil Pìnheiro.
Claro que a torcida brasileira não deixou de
apupar o árbitro, sobretudo a sua genitora. Mas a verdade foi que o
lateral-direito Nelinho enrolara muito para bater o “corner” – Leão (Palm);
Toninho Biano (Fla), Oscar (SP), Amaral (Cor) e Edinho (Flu); Cerezzo
(Atl-MG)/Dirceu (Vsc); Batista (Inter-RS) e Rivellino (Flu); Gil (Bota)/
Nelinho (Cruz), Reinaldo (Atl-MG) e Zico (Fla) foi o time que correu atrás do
empate, conseguido aos 45 minutos – Thomas Shöberg havia aberto o placar, aos
37, em tarde de frio intenso.
Reinaldo Lima empata o jogo com a Suécia |
Quatro dias passados, no mesmo estádio, Amaral
salvou um gol da Espanha, em cima da linha fatal, e 0 x 0 foi outra decepção de
quem viajara de tão longe. Quando nada, no dia 11, aos 40 minutos, Roberto
Dinamite explodiu o filó e Brasil 1 x 0 Áustria levou a rapaziada para os 3 x 0
Peru, no dia 14, no Parque San Martin, na mais friorenta ainda Mendoza.
Seguiram 0 x 0 Argentina, em Rosário, e
3 x 1 Polônia, novamente, em Mendoza, além dos já citados 2 x 1 Itália, no
estádio de Nuñez, em Buenos Aires. Naquela tarde de um sábado, 24 de junho, pela
primeira vez, um seleção seria campeã moral de uma Copa do Mundo – no domingo,
a Argentina venceu a Holanda, na prorrogação, e ficou com o caneco.
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