Vasco

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quarta-feira, 11 de julho de 2018

19 - PROPAGANDA COPEIRA- VALE TUDO


Em décadas recentes, fabricantes de televisores foram os maiores anunciantes em épocas de Copa do Mundo. 
Como vimos em textos anteriores desta série, a partir de 1958, quando a Seleção Brasileira venceu o Mundial de futebol da Suécia, beliscaram a onda de euforia fabricantes de roupas a de cadeiras, passando pelos de pneus, biscoitos e muitos outros.
 Quanto aos cachaceiros, eles não foram muito de aderir a onda copeira. Mas a pinga Praianinha entrou bem no lance, o que fez muito, também, fora das Copas, anunciando-se, principalmente, pela “Manchete Esportiva”. Usava uma página inteira para dar o seu recado.
A Praianinha é produzida por uma família de destiladores – Joaquim Thomaz de Aquino Filho Ltda -  de São João da Barra,  na região norte do Rio de Janeiro, e seu rótulo, de 1944, ainda é encontrado em garrafas anunciadas em sites que vendem antiguidades, entre eles www.mercadolivre.com.br, o mais conhecido. 
                                                                                                                                                                    BRAZUCADA


Você viu (ou relembrou) muitas propagandas antigas. Esta é uma desses tempos mais modernos, um chamado "anúncio da cassa", na linguagem das redações jornalísticas. Por ele, pelo Nº 25, do Ano 51, datado de 20 de junho de 2018, a revista "Veja" anuncia a sua có-irmã "Vip", com o treinador Tite e o craque Neymar na capa. A publicação, voltada mais para o público jovem, manda o seu recado com vistas à Copa do Mundo da Rússia-2018. Cá entre nós: capa feia,, sem criatividade. Reveja alguns anúncios antigões, a partir de e 14 de junho, quando começou o Mundial de futebol dos russos.
CAFU FATURA
O lateral-direito Cafu, capitão da Seleção Brasileira campeã mundial-2002, na Copa promovida, conjuntamente, por Coreia do Sul e Japão, também mordeu uma graninha via propaganda copeira.
 Embora não fosse um atleta muito veloz, ele ajudou a indústria automobilísticas a anunciar os seus produtos, tendo por atração no lance a promessa de o motorista que passasse em um posto de gasolina e comprasse o aditivo ganhar ingressos para assistir jogos do Mundial promovido pelo Brasil-2014.
Cafu ganhou tal apelido vindo de Cafuringa, um engraçado ponta-direita do Fluminense e que, dificilmente, marcava gol. Seu verdadeiro nome é Marco Evangelista de Moraes. Nasceu em 19 de junho de 1970, em São Paulo, e defendeu a Seleção Brasileira em 132 compromissos.
 Além de campeão mundial-2002, sob o comando do treinador Luís Felipe Scolari, o Felipão, o sempre sorridente Cafu ajudou a Confederação Brasileira de Futebol a conquistar, também, as Copas América-1997 e 1999; das Confederações-1997, e da Amizade-1992. Ele atuou em alguns minutos da final da Copa-1994,.nos Estados Unidos, substituindo o titular contundido Jorginho Amorim, quando o Brasil venceu a Itália nas cobranças de pênaltis.   

IMPRENSA
Os "cruzeirenses" Luciano, Barreto, Indalécio e Nasser 
 Jornais e revistas nunca perderam a oportunidade  de, também, fazerem propaganda da casa em época de Mundiais.
Pela quinta Copa do Mundo, em 1954, na Suíça, a semanária carioca "O Cruzeiro" estampava a sua patota nas páginas, avisando ao Brasil quem lhe mandaria textos e fotos.
Segundo a revista, ela faria "a melhor cobertura" do evento, tendo selecionado o repórter e colunista David Nasser para capitanear o grupo, que tinha, ainda, o também 'escriba' Luciano Carneiro e os fotógrafos Luís Carlos Barreto e Indalécio Wanderley, com o reforço do redator José Amádio, pelos finais das competição.
 Por aquele tempo, a "Esporte Ilustrado" já fazia isso. Ocupava um bom espaço em uma de suas edições semanais para anunciar uma grande empreitada. Nessas épocas, um membro da imprensa gostava muito de se promover, o dono da "Revista do Esporte", Anselmo Domingos, que tinha sempre uma foto dele rolando pelas páginas.
De sua parte, a "Manchete", também semanária carioca, enviava suas edições para os jogadores da Seleção Brasileira lerem durantes as folgas dos treinamentos.
 Em 1958, quando a rapaziada trabalhava na mineira Poços de Caldas, com vistas à Copa do Mundo-1958, na Suécia, todos foram brindados com a distribuição da "Manchete Esportiva", que fez bela cobertura do Mundial.
 Mais adiante, quando a publicação já não existia, a "Manchete" magazine enviou fez questão de mostrar o seu carro e quem lhe representaria durante a Copa do Mundo-1978, na Argentina, casos de  Ney Bianchi, Tarlis Batista, David Klajmic, Gervásio Batista, Frederico Mendes e Gil Pinheiro, entre repórteres e fotógrafos.    

MRKETING COLLORIDO
                                                            
Pênalti é coisa tão importante que o presidente foi bater
 O escrete canarinho treinava, em maio de 1990,  em Teresópolis-RJ,  para tentar o seu quarto título em Copas do Mundo. Foi quando o presidente (da República) Fernando Collor de Mello, que havia presidido o Centro Sportivo Alagoano-CSA, sacou um grande lance.
Sem perder tempo, Collor ordenou aos seus assessores marcar um treino do selecionado nacional com a sua participação, um gol de marketing  – ele já havia vendido ao país a imagem de um presidente jovem e cheio de energia, fazendo caminhadas e corridas, aos domingos, e navegando a bordo de jet ski pelo Lago Norte de Brasília. Sem falar que batia uma bolinha com a turma do azulino de Maceió, em seus tempos de chefe do clube.
 Encontro marcado, a Seleção Brasileira teria um amistoso a ser jogado com o time da então Alemanha Orienta, no dia seguinte à visita de Collor - 13 de maio, diante de 58.898 pagantes, terminado nos 3 x 3 com os visitantes. O presidente chegou sorridente e cumprimentou todos os canarinhos – Taffarel, Mozer, Aldair, Ricardo Gomes, Jorginho Amorim, Dunga, Alemão, Valdo, Miller, Careca (titulares), Mauro Galvão, Bismarck, Bebeto, Branco, Mazinho, Zé Carlos, Sebastião Lazaroni (treinador), enfim, todo o grupo. E, ainda, telefonou para o goleador Romário, que estava na Holanda,  tratando de lesão.     
Chamando a bola por "você"
 No meio de tantas feras, Collor teria que mostrar conhecer tanto de bola quanto de governos, para o marketing sair legal. Só havia um problema: ele queixava-se  de dor em um dos joelhos. Mesmo assim, vestiu a camisa de número 20 canarinha, o de sua campanha à Presidência da República,  e apresentou-se para a peleja. Mas São Pedro não colaborou. Abriu a torneira do Céu e mandou chuviscos pra baixo, atrapalhando o marketing do Palácio do Planalto. Então, armaram um arremedo de futebol de salão em um ginásio coberto da Granja Comary.
Aquecimento na quadra
Antes de a bola rolar, Collor posou para foto, junto com o seu time, ao lado de Lazaroni, o apoiador Alemão, o goleiro Zé Carlos e mais o atacante Careca e o zagueiro Ricardo Gomes. Fez ginástica de aquecimento e rolou a bola, sem demonstrar merecer vaga no escrete nacional.
Lá pelas tantas, foi marcado um pênalti a favor do time do chefe da nação. Se pênalti era coisa tão importante que o presidente do clube era quem deveria bater, Collor usou, literalmente, da frase atribuída ao treinador (de futebol em praias) carioca, Neném Prancha, recomendando tal prática. E foi para a cobrança.
 Os fotógrafos e cinegrafistas se postaram para registrar o gol do presidente da República. Ele correu para a bola e foi sacaneado pelo apoiador Dunga, que puxou uma de suas pernas. Ordenada uma nova cobrança, Collor pegou de bico de tênis na pelota, com o pé direito, mandando um petardo à meia altura. E saiu pro abraço. Só um detalhe: o goleiro Taffarel encenou bem e não fez nenhuma questão de defender. À noite, foi manchete em todos os noticiários da TV: “Presidente Collor treina com a Seleção Brasileira e marca um gol”.  
                           FOTOS REPRODUZIDAS DA REVISTA "MANCHETE"

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