Lá se vão perto de cinco décadas. No 7 de maio de 1972, no Maracanã, o maior craque revelado pelo futebol mineiro estreava com a jaqueta cruzmaltina. Para ter o futebol de Tostão, o Vasco da Gama investiu Cr$ 3 milhões (de cruzeiros), a moeda da época e a maior transação do período.
Eduardo Gonçalves de Andrade, campeão mundial-1970, pela Seleção Brasileira, marcando dois gols durante a campanha na Copa do Mundo do México, chegava ao futebol carioca com a fama de ter sido, também, o maior artilheiro do Cruzeiro, com 245 gols. Desembarcou no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1972, recebido por mais de 10 mil torcedores vascaínos, no aeroporto que ainda não homenageava Tom Jobim.
A festa, porém, teve curta duração. Estreou, em 7 de maio de 1972, nos 2 x 2, com o Flamengo, pelo Campeonato Carioca, e despediu-se em 17 de fevereiro de 1973, no 0 x 0 América, jogo 2.687 da história do futebol da Colina. Totalizou 44 partidas e marcou sete gols, o último em 10 de fevereiro de 1973, no jogo 2.686 da história vascaína, no 1 x 0 Flamengo.
O primeiro jogo do Tostão vascaíno foi assistido por 18.454 pagantes, mas quem compareceu às redes foi um seu parceiro de ataque, Walter Machado Silva, aos 12 e aos 49 minutos. O time era treinado por Zizinho e teve: Andrada, Paulo César, Miguel, René e Eberval; Alcir, Tostão e Marco Antônio; Silva (Ferreti), Roberto Dinamite e Gílson Nunes. No dia 18, rolou o segundo jogo e novo empate: 0 x 0 Olaria. Passados mais três dias, o Vasco venceu a primeira com Tostão em campo: 1 x 0 Fluminense, com gol de Suingue.
Logo depois daquele jogo, o Campeonato Carioca foi suspenso, para a Seleção Brasileira disputar a Taça Independência, que a então Confederação Brasileira de Desportos promoveria, comemorando os 150 anos da independência do país. Na volta ao Vasco, Tostão saiu de cena em 29 de maio de 1972 – 1 x 0 São Cristóvão –, pelo Estadual, com o time do técnico Mário Travaglini sendo: Andrada, Paulo César, Miguel, Moisés e Eberval; Alcir, Buglê (Suíngue) e Ademir; Jorginho Carvoeiro, Silva (Tostão) e Jaílson.
Em 10 de fevereiro de 1973, Tostão mandou a sua última bola vascaína à rede. Foi aos 34 minutos do segundo tempo, no 1 x 0 Flamengo, em São Januário, pelo Torneio Erasmo Martins Pedro – Andrada; Paulo César, Miguel, Moiés e Pedrinho; Alcir e Zanatta; Jorginho Carvoeiro, Tostão, Dé e Amarildo “Possesso”.
O time da despedida, no 0 x 0 América, do de 17 de fevereiro de 1973, foi com bola rolando em São Januário, pelo mesmo torneio, apitado por José Marçal Filho, assistido por 2.252 pagantes e rendeu Cr$ 23.630,00 (cruzeiros. O Vasco, alinhou: Andrada; Paulo César, Miguel, Moisés e Pedrinho; Alcir e Zanatta; Jorginho Carvoeiro (Luís Carlos Lemos), Roberto Dinamite (Luís Fumanchu (?), Tostão e Dé. O América, último adversário de Tostão, teve: Miguel; Cabrita, Geraldo, Marcos e Álvaro; Ivo e Tadeu (Gilmar); Flexa, Caio, Edu Coimbra (Reis) e Antônio Carlos.
As “três milhas” pagas pelo Vasco aos mineiros foram para o espaço quando o médico Roberto Abdalla Moura proibiu Tostão, em Houston, nos Estados Unidos, de continuar jogando futebol, devido ao descolamento de retina, sofrido em 1969. Assim, em 17 de maio de 1974, o seu contrato foi cancelado pelo Vasco, gerando briga judicial, com o clube um querendo indenização e o atleta receber o que achava que ainda tinha direito – Tostão ganhou.
Nascido em 25 de janeiro de 1947, em Belo Horizonte, campeão mineiro, pelo Cruzeiro, em 1965/66/67/68/69/1972, e da Taça Brasil de l966, além de campeão mundial em 1970, pela Seleção Brasileira, Tostão foi, também, campeão de inflação no valor dos passes dos jogadores.
IMAGEM REPRODUZIDA DE www.crvascodagama
RESUMO
1972 - Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, teve seu passe comprado, pelo Vasco da Gama, ao Cruzeiro, em 1972, por caríssimos Cr$ 4 milhões e 500 mil cruzeiro, mas ficou menos de um ano em São Januário. Logo depois de estrear, em jogo do Campeonato Carioca, ele foi para a Seleção Brasileira disputar a Taça Independência, que a então Confederação Brasileira de Desportos promoveria, comemorando os 150 anos da independência do país.
1972 - Os torcedores rubro-negros não paravam de tirar um sarro quando encontravam os vascaínos, porque a Turma da Colina gastara uma boa grana contratando Tostão, que passara por uma cirurgia corretiva de deslocamento de retina, em 1969. Para os flamenguistas, o que valia era dizer que o atleta não enxergava uma rede pela frente. Até a revista O Cruzeiro entrou na “saca” e publicou uma charge do atleta caminhando com bengala e óculos escuros.
07.05.1972 - Tostão estreou vascaíno nos 2 x 2 Flamengo, no Maracanã, pelo segundo turno do Estadual, diante de 108. 454 torcedores, que pagaram Cr$ 462 milhões, 863 mil cruzeiros para conferir a bola de: Andrada; Paulo César Puruca, Miguel, Renê e Evberval; Alcir e Tostão; Marco Antônio, Silva Batuta (Ferreti), Roberto Dinamite e Gílson Nunes, que seguiam comandados por Zizinho. Silva Batuta, marcou os dois tentos vascaínos, que esteve, por duas vezes, na frente do placar - Eberval fez um gol contra.
29 de maio de 1972 - na volta ao Vasco, Tostão marcou sete gols, em 44 jogos. O primeiro, na data acima, em Vasco da Gama 1 x 0 São Cristóvão, pelo terceiro turno do Estadual, aos 28 minutos do primerio tempo do jogo asistido por 18.158 pagantes, no Maracanã, com renda muito longe – Cr$ 102 milhões, 113 mil cruzeiros – de passar perto do que o Almirante gastara no investimento. Time do técnico Mário Travaglini no dia:: Andrada; Paulo César Puruca, Miguel, Moiséss e Eberval; Alcir e Buglê (Sungue); Jorginho Carvoeiro, Silva Batuta (Jaílson), Tostão e Ademir.
26 de outubro de 1972 - o Vasco da Gama mandava 1 x 0 Cruzeiro, n Maracanã, pela 14ª rodada do Campeonato Brasileiro. Era uma quinta-feira e 17.249 pagantes estasvam no estádio. Detalhe: Tostão, o maior ídolo da torcida cruzeirense e maior artilheiro da história do clube mineiro (249 gols, em 379 jogos), estava do outro lado do balcão, usando a camisa cruzmaltina. Pela primeira vez, ele enfrentava os cruzeirenses. Daquela vez, Eduardo Gonçalves de Andrade, o Tostão, não bateu na rede, foi Luís Fumanchu quem saiu do banco dos reservas para o abraço. O chefe da Turma da Colina era Mário Travaglini, que viu a Raposa (apelido do Cruzeiro) ser escorraçada por esta rapaziada: Andrada; Fidélis, Joel Santana, Renê e Alfinete; Alcir e Buglê; Jorginho Carvoeiro, Silva (Dé Aranha), Tostão e Marco Antônio (Luís Fumanchu).
10 de fevereiro de 1973 - o Flamengo apresentou-se diante do Vasco, com a sua torcida dizendo que beberia chope, petiscando bacalhau - Taça Erasmo Martins Pedro -, em um calorento sábado de verão carioca. Só que não combinou nada com Tostão. Aos 34 minutos do segundo, o Mineirinho de Ouro mandou o goleiro rubro-negro buscar o “trem” lá no fundo da caçapa. Fora o seu sétimo gol vascaíno e o último de sua carreira. Valeu o caneco e devolveu a gozação do torcedor rival – Andrada; Paulo César, Miguel, Moisés e Pedrinho; Alcir e Carlos Alberto Zanata; Jorginho Carvoeiro, Dé Aranha, Tostão e Amarildo foi o time campeão.
17 de fevereiro de 1973 - após Vasco 0 x 0 América-RJ, Tostão despediu-se do Vasco da Gama e do futebol, devido problemas com a retina do olho esquerdo, deslocada, em 1969, por uma bolada no rosto.
Final de fevereiro de 1973 - infecção inesperada no globo ocular esquerdo, o que sofrere deslocamento de retina, perocupa Tostão. Ele avisa ao Vasco da Gama que viajaria para Houston, nos Estados Unidos, a fim de ser examinado pelo médico Roberto Abdalla Moura, que o operara. Acreditava voltar logo e participar da estreia vascaina no Campeonato Carioca-1973 - 11.03, Vasco 3 x 1 América. Mas a infecção precisava ser removida por meio de cirrugia, que foi longa e complicada. Fim de linha no futebol de Tostão.
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