Personagem de Jorge Amado foi parar na fumaceira da rapaziada |
Quando o século 19 rolava, poetas europeus
fumantes criaram a lenda de que os charutos de melhor qualidade eram feitos por
lindas mulheres. Dava conta de que elas enrolariam o fumo em uma das coxas,
cruzavam as pernas e arregaçavam a saia. Lenda, mesmo! Charutos feitos como
eles poetizavam sairiam tortos, segundo especialistas, explicando que bitola
defeituosa compromete o fumo e a extração da fumaça.
Na Bahia, fabricar
charutos é trabalho feminino. Homem que se intrometer nesta área será chamado
por “duas dúzias”. Elas chegam a produzir 12 mil charutos diários, atingindo o
total de três milhões anuais para linhas, entre as marcas saídas do território
baiano. “Dona Flor e Gabriela”, esta
cigarrilha, em homenagem a personagens do escritor Jorge Amado. Quem já o leu,
lembra que o comerciante Mário Amerino Portugal emprestou a sua casa para a
primeira noite de amor entre Vadinho e Dona Flor, no livro “Dona Flor e seus
dois maridos”.
Os charutos da Surdieck ganharam aprovação dos fumadores alemães |
Este Mário existe na vida real. Foi amigo de
Jorge e exportava fumo para as ilhas Canárias, na Espanha. Um dos seus
clientes era a Companhia Insular Tabacalera, de Alonso Mendez Garcia, que
vivera em Cuba e fora expropriado por Fidel Castro. Mario tornou-se, mais tarde, amigo de
Benjamin, filho de Alonso, e o convidou a se associarem e fabricarem charutos
genuinamente brasileiros, pois o que a Suerdieck fabricava na Bahia era para o
gosto dos alemães. Então, nasceu a Mendez & Amerino, que homenageou a obra
de Jorge Amado.
Os charutos da casa
saem dos fumos mata fina e mata norte, brasileiríssimos, de sementes já
existiam por aqui quando Pedro Álvares nem desceu da sua caravela que pintou
pelas praias das Bahia, em 1.500. O fumo mata fino sai da mesma semente do
outro. Um é aromático e mais leve, o outro é mais forte e doce. A diferença vem
do terreno o primeiro se dando legal em solo avermelhado, rico em ferro,
enquanto o mata norte em terreno mais escuro, rico em material orgânico,
explicam os plantadores.
O charuto “Dona Flor” foi criado por Félix
Menéndez e está no mercado desde 2.000. É trabalhado en um blend especial
desenvolvido por Arturo Toraño. Produzido a partir de uma rigorosa seleção de
fumos, segundo seus vendedores, tem sabor encorpado para os brasileiros, mas
suave em relação aos cubanos.
A linha “Dona Flor” vende,
também, o “Dona Flor Petit Corona”, menor do que os convencionais, de 165 x 20
mm. É mais apreciado por quem gosta de fumar após as refeições. Mas, em
qualquer horário, os malandros da terra dizem: “Baiano não leva fumo, vende
fumo!
REPRODUÇÃO DE IMAGENS DE DIVULGAÇÃO DOS PRODUTOS
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