Vasco

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quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

HISTÓRIAS DO KIKE - ALEMÃO NA "SACA"

  Ele era reserva, não fez gol, não era famoso e foi muito aplaudido sem jogar nada.

Foda só fez dois jogos pela seleção alemã

 12 de dezembro de 1987 – a Seleção Brasileira  entrava no gramado do já demolido Estádio Mané Garrincha, em uma tarde de sábado, para enfrentar a Alemanha, amistosamente.  Desde 17 de abril de 1986 que o escrete nacional não dava as caras por Brasília, quando mandara 3 x 0 Finlândia, também, amistosamente, no mesmo local. Como havia vencido o Chile, por  2 x 1, em um outro amistoso, três dias antes, esperava-se que a torcida candanga comparecesse em bom número ao prélio, para saudar os atletas canarinhos. Mas só 30 mil pagantes pintaram no Mané e não aplaudiram nenhum dos craques brazucas. Sobraram aplausos para quem menos esperava, o que veremos adiante.

 O time da CBF era treinado por Carlos Alberto Silva e não agradou, nem um pouco, durante todo o primeiro tempo. Lerdo e lento, não se esforçara para criar e recebera merecidos assovios de reprovação, principalmente quando terminou a etapa inicial. E, pelo jeito,  levara poucas ou nenhuma bronca do treinador durante o intervalo, pois voltou para o segundo tempo com a mesma bola furada que vinha jogando. 

Quando nada, aos 22 minutos da etapa final, Batista marcou um gol que fez, enfim, a galera vibrar. Porteira aberta, a moçada esperava, que finalmente, o "Brasirsão" tomasse jeito e mostrasse o que sabia. Mas que nada! O futebolzinho enganador prosseguiu e a galera só foi vibrar, esquisitamente, quando os alto-falantes do Mané Garrincha anunciaram:

- Substituição na seleção da Alemanha: sai Frontzeck e entra Foda.

Frank Foda recebeu ensurdecedores assovios e aplausos quando foi anunciado


 A curtição pelo nome que, no Brasil, significava sacanagem prosseguiu sempre que o Foda pegava na bola. Surpreso com o inesperado, ele respondia com acenos para a torcida brasiliense, sem entender porque era saudado. E foi mais saudado ainda quando comemorava o gol do empate conseguido pelos alemães, aos 44 minutos do segundo tempo. 

Jogo encerrado, Foda saiu de campo acenando para a galera, em agradecimento, e recebendo mais aplausos, ainda. No vestiário, perguntou porque fora tão aplaudido, se era reserva, entrara no segundo tempo, não marcara gol e nem era conhecido no Brasil. Então, o interprete do selecionado alemão, um brasileiro filho de alemães, explicou-lhe o que o sobrenome dele significava por aqui. O Foda sorriu muito, falou “guten, guten” (bom, em alemão) e, por dentro da sacanagem, voltou ao gramado para acenar pra quem ainda estivesse pelas arquibancadas.

Como o Frank Foda mostrava-se um sujeito muito boa praça, aproveitando daquele seu bom humor, os jornalistas Jorge Martins e Nílson Nélson, presidente e vice da Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos-ABCD propuseram-nos (quem cobria a pugna) convidá-lo para beber um chopinho conosco, mais tarde – o amistoso terminou às 18 horas e daria tempo de todo mundo ir às suas redações escrever matérias, já que nos sábados os fechamentos eram mais cedo, no máximo às 19. Fazia-se só a crônica do jogo e uma sub matéria, de poucas linhas, com declarações dos treinadores e de quem marcasse gol.


Entre 2018 e 2022, Foda dirigiu a seleção da Áustria por 47 jogos

  Como o treinador alemão, Franz Beckenbeurer havia liberado os seus ateltas depois do amistoso, Jorge e Nílson pegaram o Foda no hotel, por volta das nove da noite. Nos reunimos no Bar Chorão, na 102 Norte, o mais próximo do setor Hoteleiro Norte de Brasília, onde ele estava hospedado, e o Frank Foda nos proporcionou um show de simpatiaa. Mais parecia um latino do que um alemão. Além de falar bem o inglês – todo jornalista de Brasília, também, falava – ele ainda sapecava algumas frases em espanhol. Explicou que a família dele tivera origem em Cuba e, para nossa surpresa, exclamou: “Eu sô foda!” – tinha aprendido e gostado das sacanagens brasileiras.   


FOTOS REPRODUZIDOS DE ORF STEIERMARK  - AGRADECIMENTO 

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