Os
alemães haviam se descuidado muito dos seus serviços de inteligência durantes as últimas décadas
antecedentes à I Guerra Mundial, iniciada em agosto de 1914. E começaram a
pagar por isso. Só não ficou mais caro porque uma doutora em Economia destacada
para servir no Gabinete de Censuras Postal descobriu uma tremenda falha na
espionagem de estado.
Para corrigi-la, a mulher desenvolveu um
sistema de análise textual capaz de descobrir o mínimo indício de transmissão
de inteligência. Melhorou a eficácia do serviço e levou o alto escalão do nível superior da
inteligência militar alemã a partir para uma total mudança de rumos. Colocou-se
em ação o primeiro método sistêmico real para formação de espiões, que serviu
de modelo, mais tarde, para todos cursos de treinamento da moderna inteligência.
A criadora do sistema fora uma jovem, de 26
anos, doutorada em Economia e que tentara ir à guerra como soldado de
infantaria. Elsbeth Schragmueller, o seu nome, comprovou que o serviço só daria
certo com pessoas inteligentes e motivadas. Nada de escórias da sociedade.
Um ano depois, a contraespionagem francesa e
inglesa identificou novo vigor nos agentes alemães, indiscutivelmente, muito
melhores do que os anteriores. Mas não descobriu a razão daquilo. Ficaram pela
metade do caminho quando alunos de Elsbeth foram presos e tiveram de escolher
entre o fuzilamento e a revelação de quem lhes formara. Mas eles só sabiam
informar que fora uma mulher loira, de nome desconhecido e os treinara na Bélgica (ocupada).
Reprodução de www.donhollway.com |
FRÄULEIN DOKTOR – Quando um dos alunos de Elsbeth, foi preso, na
França, entregou ter ouvido de um oficial alemão chama-la por Fräulein Doktor.
Os ingleses assumiram a responsabilidade de identifica-la, mas não chegaram nem
perto dela. Sentiram-se caçando um fantasma. Então, plantaram na imprensa
sensacionalista a figura de uma superespiã alemã, loira e peituda, uma deusa,
mas muito cruel. Em vão. Ela usava múltiplas identidades, vários endereços e,
raramente, repetia a sua presença em algum deles.
A I Guerra Mundial passou, Elsbeth
Schragmueller seguiu solteira e jamais
aceitou discutir o seu papel dentro da espionagem militar alemã. Voltou à vida
intelectual, como professora de Economia, em Munique, e ficou horrorizada com a
lenda criada pelos britânica em torno dela. Em 1932, quando uma viciada em ópio
começou a propagar-se como sendo a Fräulein Doktor da época da guerra, ela saiu
da obscuridade para desmenti-la. Revelada, finalmente, ao mundo, viveu até
1939, negando-se a falar à imprensa e nem aceitando dinheiro das editoras de
livros para contar as suas memórias.
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