Almeida em reprodução de www.youtube |
O primeiro presidente da república portuguesa a
visitar o Brasil foi Antônio José de Almeida, o sexto do
seu país e que cumpriu mandato entre 5 de outubro de 1919 A 5 de outubro de 1923.
Convidado pelo seu colega Epitácio Pessoa, ele
veio prestigiar as comemorações do centenário da independência da antiga colônia,
em 1922. Mas nem tanto.
Explica-se: a embarcação que o trazia – um vapor -
ainda não estava toda pronta par a viagem e esta atrasou-se, por dois dias, começando em 28 de agosto. Pra
pior, avarias no frigorífico obrigaram a comitiva a parar na espanhola Las
Palmas, nas ilhas Canárias, após três dias de navegação.
Só com 10 dias de atraso, em 17 de setembro, o
presidente português desembarcou no Brasil, passando no Atlântico o dobro do
tempo que gastava-se na época naquele trajeto. O Almeida conquistou os brasileiros com a sua simpatia. Hospedou-se no Palácio Guanabara e, de cara,
mandou uma tremenda balela: “ Já me sinto bem, só de estar no Brasil”, disse,
após 20 dias de atribulada viagem e que teve os imprevistos atribuídos a
sabotagens de monarquistas desse e do outro lado do Atlântico.
Sacanagens monarquistas, ou não, o
Almeida foi recebido por uma grande
galera, que não se programara para ir ao porto, pois a meteorologia previa para
o domingo 17 de setembro muita chuva. No entanto, pintou um sol de rachar e o
presidente português foi delirantemente aplaudido, sem falar de ter faturado
todas as manchetes dos jornais.
Os
portugueses definiam Antônio José de Almeida, sujeito de barbas brancas, como
uma figura – além de simpática – de “perfil oriental, alma romântica e olhos ardentes”, cabendo tudo isso dentro
de um caudilho que fora um dos principais responsáveis pela república em
Portugal.
Contribuiu muito para a simpatia dos cariocas pelo Almeida, de acordo com repórteres que o acompanharam, o seu dom de orador que sabia impressionar, um autêntico “Rolando Lero” – personagem enrolão, dos programas de Chico Anísio na TV.
Contribuiu muito para a simpatia dos cariocas pelo Almeida, de acordo com repórteres que o acompanharam, o seu dom de orador que sabia impressionar, um autêntico “Rolando Lero” – personagem enrolão, dos programas de Chico Anísio na TV.
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E não
ficou por aí. O “Rolando Lero” português afirmou que o Brasil, mesmo quando
colônia, fora, dede cedo, uma nação, com mais condições de vida própria do que
muitos outros povos que passavam por independentes, “mas não passavam de
organismos subordinados a outros mais poderosos que os dominavam”.
Pronto!
Com uma prosopopeia daquelas, o Almeida tornou-se uma autêntica máquina de
fazer discursos. Onde ia, teria que discursar. Durante a visita de 20 de setembro
à Câmara dos Deputados, nem “Rolando Lero” seria capaz de dizer o que ele disse:
“ ...estou aqui em nome de Portugal, para agradecer aos brasileiros o favor que
eles nos prestaram, proclamando-se independentes...”.
Grande
favor! Portugal cobrou do Brasil dois milhões de libras esterlinas para reconhecer
a independência brasileira, dinheiro que o Brasil não tinha e precisou pedir
emprestado à Inglaterra.
Portanto, se o que o Almeida falou não fosse “una
broma”, como dizemos espanhóis, Portugal não iria até 29 de agosto de 1825 para
assinar o “Tratado de Paz e Aliança” e reconhecer o Brasil independente,
negociado, por Don Pedro I, com o apoio, principalmente, dos Estados Unidos e
da Inglaterra.
Ainda bem que, no Rio de Janeiro, a rapaziada leva tudo na
sacanagem. Inclusive, “rolandos leros” portugueses.
Uma das maiores figuras no Brasil que apoiava o presidente de Portugal era José Augusto Prestes. Ele se tornaria presidente do Vasco em 1924. Um grande democrata
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