Vasco

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quarta-feira, 18 de setembro de 2019

FUXICOS DA COLINA - CARTOLARADAS-1

A maricota rolava, há 23 minutos, pelo green da Colina quando, de repente, um alambrado caiu, a bagunça deixou 168 pessoas feridas e o rebu tocou para mais de 30 mil almas que conferiam a final do Campeonato Brasileiro – daquela vez, batizado por Copa João Havelange -, entre Vasco da Gama e o surpreendente paulista São Caetano-SP.
 Faltavam dois dias para o final do Século 20 e a pugna vinha sendo transmitida, pela TV Globo, para 17 milhões de brasucas e gente de outros 26 países. Rápido, apareceu na telinha helicópteros voando sobre  as quatro linhas do gramado e ambulância circulando por onde era a bola que deveria rolar. Pra completar, o presidente vascaíno Eurico Miranda invadiu o pedaço e apareceu mais do que todos os artistas, expulsando da cena quem estivesse por ali, para recomeçar a partida.
 Era impossível. Não havia clima. Tanto que o governador do Estado do
Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, mandou fechar o circo, no que Eurico Miranda o chamou de “incompetente e frouxo”.
Governador xingado – e prometendo processar Eurico -, pintou abertura para os políticos aparecerem. O senador, Antônio Carlos Magalhães, presidente do Senado, classificou Eurico por ‘louco, desvairado”, e defendeu a quebra de sua imunidade parlamentar.
 Um outro senador, Álvaro Dias, presidindo Comissão Parlamentar de Inquérito-CPI que anunciava levantar bandalheiras no futebol brasileiro,  acusou Eurico de comportamento “criminoso” e defendeu castigo para o vascaíno. De sua parte, Eurico o acusou de ter
”um grave problema sexual”.           
 Enquanto isso, o presidente das Câmara, deputado Michel Temer (futuro presidente da República, devido ao impeachment da presidente Dilma Roussef, quando ele era o vice), enviou à Corregedoria queixa da CPI contra Eurico, acusando-o por quebra de decoro parlamentar. E mandou dizer que, se houvesse pedido de quebra de imunidade parlamentar, imediatamente, o processaria.
 Para Eurico Miranda ser processado, o Supremo Tribunal Federal deveria pedir autorização e a Câmara dos Deputados concedê-la. No lance: nesse jogo, o corporativismo sempre foi ativo. Mais? A  Bancada da Bola – deputados oriundos do futebol -  fechou com o cartola vascaíno,sem falar que os donos do poder na Casa não poderiam dispensar os votos dos deputados do Partido Progressistas Brasileiro-PPB, a legenda de Eurico.
Resultado: CPI do Futebol, ameaças de quebra de imunidade parlamentar e de processos, queixas à PM-RJ, contra o Vasco da Gama, por parte de torcedores pagantes naquela tarde do 30 de dezembro de 1999, nada disso funcionou. Após o Vasco a Gama a cartolagem vascaína  brigar muito na Justiça Comum e o clube ficar presidido por seu antigo goleador Roberto Dinamite – 2008 a 2014 - , o cartolão Eurico Miranda, carioca nascido em 7 de junho de 1944, voltou e mandou no clube até o seu último dia de vida – 12 de março de 2019.

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