Por aquele tempo, ainda não se falava em hat-trick para quem marcasse três tentos em uma mesma partida,
termo lançado pela TVGlobo, há menos de dez temporadas. Mas houve moderninho
que chamou Bismarck por “Trismarck”, como saiu na imprensa. E o Vasco mandou 4
x 0 Santos, com o lateral-direito gaúcho Paulo Roberto Curtis mandando a última
bola no filó, aos 42 da etapa final.
Comemorações daqui, dali,
festejos no vestiário, Bismarck lembrou que não tinha grana pra colcocar
gasolina em seu carro e voltar pra casa, em São Gonçalo, a 16 quilômetros do
Rio de Janeiro. Pede emprestado daqui, dali, ninguém tinha dinheiro, pois o
Vasco não pagara o bicho pela vitória depois da partida. Quando nada, ele
arumou o que dava para colocar um cheirinho de gasosa e se mandou. No domingão
de folga, Míriam, a namorada de Bismarck, queria ir ao cinema. Foram, mas com
ele pagando as entradas. O autor de três dos quatro gol das vitória vascaína
estava duro pra assistirem “Duro de Matar” – duro de acreditar.
2 – Paulo Roberto, por ter marcado um gol em Vasco 4 x 0 Santos, achou que seria um bom momento para ganhar uma folga maior, ir a Porto Alegre. Disse que iria tratar dos papéis do seu casamento, e pediu a segunda-feira livre para resolver o caso. O Vasco o liberou, mas pelo restanante do sábado e no domingo. Ele que adiasse o casório, para o qual já havia convidado toda a patota que havia goleado os santistas: Acácio, Célio Silva, Leonardo, Mazinho, Zé do Carmo, França, Geovani, Vivinho (Tita), Sorato e Bismarck, além dos reservas, toda a comissão técnica, roupeiro e massagista – todos foram deconvidados.
3 – Geovani residia em uma casa - com piscina e quatro quartos - com pai, mãe, quatro irmãos, um sobrinho e um cunhado, bancandos todas as despesas. Um dia, as contas começaram a apertar. Então, ele pediu ao Vasco da Gama reajuste salarial, de 433%, o equivalente a 24 salários mínimos. Considerava-se o craque do time e alegou que um craque não podeirea ganhar apenas CR$ 750 mil cruzeiros mensais. Queria Cr$ 4 milhões. O Vasco preparou um cheque, de Cr$ 1 milhão, dizendo-lhe ser reajuste salarial, e mandou o diretor de futebol entregar-lhe. Geovani repudiou aumento salarial, de Cr$ 250 mil, e devolveu o cheque. Indagado sobre o rolo, pelos repórteres que cobriam São Januário, o vice-presidente de futebol vascaíno, Eurico Miranda, disse à rapaziada: “O Geovani não devolveu o cheque. O Vasco é que pegou de volta, já que ele não quis”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário