Ministério da Justiça, onde encontrava-se seres humanos parecendo chaminés |
No dia 19 de agosto
de 1999, sendo repórter da Rádio Nacional de Brasília, fui pautado para cobrir
reunião do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoas Humana, órgão do
Ministério da Justiça.
Na mesma pauta, havia, ainda, a posse do novo
Secretário Nacional de Segurança Pública, do qual não lembro mais do nome.
Jamais me senti tão mal, como naquele ambiente, cercado por velhos carecas, com pele parecendo
pele amassado e não parando de tossir.
Nada tenho contra os velhos, pois até pretendo ser de sua turma, futuramente.
Só que estes deveriam, após os 65 de idade, proponho, abrir espaços para os
jovens no mercado de trabalho em órgãos públicos.
Durante aquela pauta, não vi um jovem pelo
recinto. O mais antipático, porém, era a puxação de saco. Agentes de segurança babaricavam delegados de polícia; advogados faziam gracinhas para
conselheiros; estes para o ministro e, por ali, rolavam as ridiculices.
Antes de fazer a cobertura jornalística de
órgãos governamentais, eu havia passado pela reportagem esportiva. Convivia com
atletas saudáveis, sem o hábito do fumo e a consequente tosse mais desagradável ainda.
Saí do Ministério da
Justiça deprimido pela babação de ovo,
em cima dos superiores, da parte dos protagonistas do evento, bem como pela
audição da linguagem policialesca e do juridiquês
que só pendia para o lado da punição.
Aquela, realmente, não era a minha praia. Fiquei com o astral mais pra baixo do que o buraco mais pra baixo do mais profundo abismo.
Parque Nacional da Água Mineral, em Brasília, uma graça da natureza |
Por volta das 15
horas, encerradas as minhas tarefas na Rádio Nacional, segui para o Jornal de
Brasília, onde eu trabalhava, também.
Só de ler a minha pauta, viver a natureza no Parque Nacional da
Água Mineral, já me senti melhor. Iria cobrir o lançamento de projeto do
governo distrital, oferecendo natação para mulheres grávidas.
Coincidentemente, o time do Gama estava no
local, fazendo trabalhos de recuperação física em piscina. Aproveitei e fiz duas matérias. Vendo jovens fortes, saudáveis, correndo, saltando,
longe de fumaça de cigarros e de tosses infindáveis, recuperei o meu astral,
com a colaboração, também, de simpáticas gordinhas à espera de mais um
brasileirinho.
Com eles e com elas, consegui respostas para todas as minhas
perguntas. Diferente do que eu vivera pela manhã, quando indagara ao ministro
da Justiça – acho que era José Dias – sobre a absolvição de comandantes
militares acusados de participação no Chacina de Carajás – matança de
trabalhadores no Pará – e ele se negara a responder à rádio do Governo,
alegando que o exercício do cargo e a sua ética profissional – era advogado –
não lhe permitiam comentar decisões da Justiça.
Se o ministro da
Justiça não podia comentar decisões da Justiça sobre fato que deixara o país e
o planeta perplexos, quem poderia?
- Nem como cidadão,
o senhor pode comentar? – indaguei.
- Eu não divido ao
meio – respondeu.
Hora depois, os
jogadores do Gama não tiveram nenhuma vergonha de explicar os muitos erros
cometidos na partida da véspera, contra o Santos, quando fizeram muitos
torcedores sair de casa, voltar quase à meia-noite, gastar dinheiro indo ao estádio e ver 0 x 0 no placar. Abriram os seus deméritos para quem
pagou para ter decepção.
Ainda
bem que ministro não lota estádio!
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