Pelé, Nélson Piquet e Roberto Carlos - torcedores vascaínos - nasceram com pendores extraordinários. Indiscutíveis! Mas nem sempre estiveram atuando, respectivamente, no futebol, no automobilismo e na música, com o mesmo nível de desempenho. O primeiro dispensa comentários. Piquete, tricampeão da Fórmula-1, ficou, várias vezes, pelo meio do caminho. Quanto a Roberto, teve fã com vontade de quebrar todos os seus discos ao escutar “Amada Amante”.
Pode alguém desaprender o que faz, cotidianamente? Vimos Isso na pele do time do Vasco da Gama. A rapaziada deixou a sua torcida pasma durante o recém encerrado Campeonato Brasileiro. Pareceu um filme de terror. O Vasco cometeu o pecado predileto do diabo. Encarnou a alma da segunda versão da ópera “Barbeiro de Sevilha”. A primeira é a que o compositor italiano Giacomo Rossini escreveu e encantou ao mestre alemão Ludwig Van Beetoven. A outra é uma autêntica sacanagem dos produtores teatrais, que transformaram a peça em uma farsa e o canto em gritaria. Nunca se viu uma partitura tão desrespeitada.
Foi o que o time vascaíno fez com os seus torcedores, ao ser rebaixado à Série B do Brasileirão. No palco, deixou-se de usar meio-sopranos e colocou-se sopranos-ligeiros, executando cantos da personagem Rosina. E o pior: com canções que Giacomo jamais escutara. O Vasco desafinou, barbaramente. Deixou sua galera igual ao grande compositor italiano, ao escutar uma versão da ária “Uma voce poco fa”, quando indagou: “Este é o time do Vasco? Está jogando com os reservas?”, perguntaria um marciano.
Comparando o desapontamento do ser de outro planeta, ao deparar-se com um Vasco doido, imagino ao que não vivera Giacomo Rossini ao ouvir a ária “Don Bartolo”, quando Rosina cantava o que lhe pintava na cuca. E ouviando recitais mutilados, tornando incompreensível uma sequência de cena. Foi isso o que vimos no Vasco do Brasileirão. Uma turma que desaprendeu. Jogou o péssimo do péssimo, tornou aos seus jogos de cena incompreensíveis, para quem conhecia a sua história de tantas glórias. Uma ópera de terror!
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