O lateral-esquerdo Oldair Barchi era um dos nomes esperados
na convocação da Seleção Brasileira que treinaria para a Copa do Mundo-1965.
Fazia grande temporada no time vascaíno. Até sumira com Mané Garrincha,
durante a final da Taça Guanabara. Dois meses depois, pela taça
Brasil, o que ele não esperava era pegar pela frente um pontinha nordestino, de
1m64cm, pesando só 58 quilos. Que sufoco! Se o enfrentasse mais vezes, com
aquele carinha jogando daquele jeito, certamente, teria a sua
convocação ameaçada. Sorte a dele que o Vasco, no início de 1966, tirou Nado do
Náutico Capibaribe. E os dois chegaram juntos ao time canarinho.
José Reinaldo Tasso
Lasalvia, o Nado, foi o primeiro atleta saído diretamente do futebol
nordestino para a Seleção Brasileira. Não chegou à Copa do Mundo, para muitos,
injustamente. No Vasco, estreou em 20 de maio daquele 66, durante um amistoso,
contra o Napoli, na Itália. Um dos seus grandes amigos em São Januário, o então
goleiro Valdir Appel, conta uma história interessante.
“Em
1967, o Nado sofreu uma contusão, em um dos joelhos. Recuperou-se rapidamente e
passou a treinar entre os aspirantes e juvenis. Durante um coletivo, contra os
juvenis, só não fez chover. Um português que assistia ao treino, desancou:
’Ó pá, maijz o Basco não toma jáito!
Gasta 100 milhões (de cruzeiros) com um tal de Nado, quando tem um táim
um gajo muito melhor no juvenil”.
ARTISTA - Nascido em Olinda, 15 de novembro de 1938, Nado começou a
fazer artes com a bola, aos 13 anos, pelo time infanto-juvenil do Argus, de sua
cidade. Aos 19, já estava no Náutico, assinando o seu primeiro contrato, no
valor de Cr$ 5 mil cruzeiros mensais, pouco para o tamanho do seu talento.
Quando perguntado sobre a sua jogada preferida, ele não escondia: “Ir à linha
de fundo e centrar forte para a área. Driblo, mais ou menos, e não sou nenhuma
tartaruga”.
Em seus tempos de “Timbu”, Nado e o irmão Bita levavam zagueiro
à loucura. Uma das jogadas fazia o mano recuar, pela ponta-direita, servi-lo e
correr, velozmente, para a área do adversário. Ele ia até a linha de fundo e
centrava, com endereço certinho. Em
um outro lance, trocavam de posição, fazendo tabelinhas, com o arremate final
sendo dele.
Além de uma
contusão, em 1967, Nado enfrentou um outro momento duro no Vasco. Foi barrado
pelo treinador Ademir Menezes, juntamente com outros três ídolos da torcida,
Brito, Fontana e Oldair. No entanto, no ano seguinte, o treinador que chegou,
Paulinho de Almeida (assim como Ademir, ex-jogador cruzmaltino), devolveu-lhe ao time titular. E Nado tornou-se uma de suas principais peças,
sobrando-lhe três convocações para voltar a vestir a camisa canarinha, e uma
para a seleção carioca que enfrentou a paulista, no Maracanã, em homenagem à
rainha Elizabeth, da Inglaterra.
CANARINHO - Nado fez três partidas pela Seleção Brasileira: 10.05.1966 –
Brasil 1 x 1 Chile; 07.08.1968 – Brasil 4 x 1 Argentina; 14.12.1968 – Brasil 2
x 2 Alemanha Ocidental. Na estreia, escalado pelo técnico Vicente Feola,
amistosamente, no Morumbi, em São Paulo, o time foi: Manga; Djalma Santos,
Bellini, Altair e Paulo Henrique; Dudu e Fefeu; Nado, Tostão, Flávio e
Rinaldo. A segunda vez foi no Maracanã, também, amistosamente. O adversário
era a Argentina e o treinador Mário Jorge Lobo Zagallo armou um time com base
no Botafogo, a sua patota. De outras equipes, só o goleiro Félix, do
Fluminense; o lateral Murilo, do Flamengo, no decorrer da partida; o zagueiro
Brito, do Vasco, e o atacante Nei Oliveira, também vascaíno. Finalmente, diante
dos alemães, Nado entrou em lugar de Paulo César “Caju”, e atuou ao lado de
Pelé.
Nado deixou o Vasco
em 1969. Como não era escalado pelo treinador Evaristo de Macedo, ganhou passe
livre e foi para o Olaria. Por este clube, em um jogo-treino contra a Seleção
Brasileira B, durante os preparativos para a Copa-70, driblou Everaldo e Joel e
marcou um golaço em cima de Leão: Olaria 1 x 0 Brasil B. Mas seu grande momento
canarinha aconteceu na partida conta os argentinos. Fez lembrar Mané Garrincha.
Antes de ser
ponteiro-direito, Nado era meia-armador. Foi o
treinador Ricardo Diez, em seus tempos de Náutico, que o convidou a mudar de posição, pois ele
contava com uma grande boa concorrência ano setor. Nado mudou e gostou. A
torcida, mais ainda.
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