Danilo lançava e Ademir balançava a rede. Lances assim, o locutor Oduvaldo Cozzi narrava aos montes, pela Rádio Tupi do Rio de Janeiro. Segundo o goleador, desde que ele passara a jogar junto com aquele colega, a partir de 1945, a maioria dos seus gols surgiam dos seus passes perfeitos, “na medida exata, em profundidade, de curva, para iludir a defesa. Me lançando em velocidade, era meio-gol. Diziam que o Vasco já entrava em campo ganhando, por 1 x 0”, contou Ademir, ao Nº 457 da revista “Placar”, de 26 de janeiro de 1979.
Não foi só a classe de Danilo que fez Oduvaldo Cozzi lembrar-se do Conde Danilo, da ópera “A Viúva alegre”, de Franz Lehar, para colocar-lhe um apelido ligado à realeza. A sua raça e personalidade em campo, eram outras características. Caso do jogo em que perdia, por 0 x 2, do Flamengo, em 21 de agosto de 1949. Danilo levantou o moral dos colegas, dizendo que o Vasco tinha time para virar o placar, até se estivessem perdendo, por 5 x 0 , e que o rival não era de nada. Comandou a ração, marcou um gol e levou a rapaziada à uma virada de placar estonteante: 5 x 2.
ESQUEMATIZADO - Danilo Faria Alvim era carioca, nascido sob o signo de escorpião, em 3 de dezembro de 1921. Flávio Costa, seu treinador nos tempos do “Expresso da Vitória”, o via como jogador de esquema, de resolver problemas na partida, improvisando jogadas. Foi campeão carioca em 1947/49/50/52. Pelo Vasco ainda foi campeão sul-americano de clubes campeões, em 1948, no Chile. Pela Seleção Brasileira, campeão sul-americano, em 1949, além de vice da Copa do Mundo de 1950.
Danilo deixou o Vasco em 1954, negociado com o Fonseca, de Niterói, mas este sendo uma ponte para ele ir para o Botafogo. Príncipe em campo, Danilo era rude, as vezes, fora dele. Por exemplo, saiu de São Januário sem despedidas. Apanhou as suas chuteira e foi embora. Pior fez no dia marcado para o casamento: não compareceu à igreja. Dias depois, na véspera de um amistoso entre o Vasco e o inglês Arsenal, sem avisar a ninguém, apanhou a noiva e foi com ela se casar na cidade de Miguel Pereira. Viveu por 75 anos, até 16 de maio de 1996, tendo disputado 305 jogos e marcado 11 gols com a camisa cruzmaltina.
TESOURINHA -Ponta-direita driblador, que batia muito bem ao gol. Vestiu a jaqueta cruzmaltina nas temporadas de 1950 a 1952, tendo sido campeão carioca naquelas duas ocasiões. Chamava-se Osmar Fortes Barcellos, nascido em 3 de dezembro de 1921,em Porto Alegre-RS, e tendo vivido até 17 de junho de 1979.
Na época em que trocou o Sul pela Cidade Maravilhosa, Tesourinha custou a fortuna de 300 contos de réis (moeda da época) e era considerado o melhor de sua posição no continente sul--americano. Só não disputou a Copa do Mundo-1950 porque estava em recuperação de uma cirurgia de menisco.
Esta charge (D) foi publicada (sem crédito) em 1969, pelo jornal gaúcho “Diário de Notícias”, anunciava o jogo de despedida dão craque, que foi ídolo, também, das duas maiores torcidas de sua terra, a colorada e a gremista. Quanto ao seu apelido, foi por causa da sua participação em um bloco carnavalesco da capital rio-grandense, “Os Tesouras”. Dali para Tesourinha foi um pulo.
Considerado o segundo melhor camisa 7 da história do futebol brasileiro, só perdendo para Mané Garrincha, Tesourinha ganhou homenagem de Sérgio Endler, em livro.
Em 1950, Tesourinha disputou apenas sete das 20 partidas que levaram o Vasco da Gama ao título carioca. No primeiro jogo da campanha, em 20 de agosto– Vasco 6 x 0 São Cristóvão –, ele formou o ataque com Maneca, Ademir Menezes, Lima e Chico. No jogo seguinte, uma semana depois – Vasco 3 x 2 Bangu –, a formação incluiu Ipojucan, com Lima passando à ponta-esquerda.
Tesourinha voltou a jogar em 8 de outubro, em Vasco 0 x 1 Botafogo, ao lado de Maneca, Ipojucan, Lima e Chico. Passados cinco dias, entrou em nova formação diferente, juntamente com Maneca, Álvaro, Ademir e Djayr, em Vasco 9 x 1 Madureira. Em 22 do mesmo mês – Vasco 7 x 0 Canto do Rio –, voltou a ter companheiro diferente na então chamada “linha”, Jansen, mantendo-se os demais, que foram repetidos no jogo seguinte – Vasco 5 x 1 São Cristóvão, em 29 de outubro.
Em sua última partida naquela campeonato, am 5 de novembro, Tesourinha atuou ao lado de mais um centroavante, Vasconcellos, em Vasco 3 x 2 Madureira. Os demais companheiros eram os mesmos das partida anterior. Revezando-se, com Maneca, que atou em outras posições, totalizando 19 partidas, ou Alfredo (13), o seu Vasco campeão carioca-1950, tinha esta base: Barbosa, Augusto e Wilson (Laerte); Ealy, Danilo e Jorge; Alfredo, (Maneca/Tesourinha), Ademir, Ipojucan e Djayr.
Em 1951, os companheiros de ataque de Tesourinha mudaram. Maneca, Ipojucan e Ademir continuavam, tendo entrado na formação Edmur, Friaça e Vivinho. O timer era quase o mesmo da temporada anterior, com Clarel, em lugar de Wilson, na zaga, e com Alfredo não se fixando só no ataque.
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