Vasco

Vasco

sábado, 16 de setembro de 2017

CLUBE DOS ESQUECIDOS - PAULO BALTAR

 Em seu tempo de rapaz solteiro, ele era um viril quarto-zagueiro do Sampaio EC, do mesmo nome do bairro carioca em que nascera (28.06.1941). Depois de casado, com a Dona Elza, não tinha mais tempo para bater bola. Só para fazer a turma correr muito atrás da pelota. Era preparador físico.
 Paulo Baltar levou um novidade para São Januário: a introdução do karatê na preparação física, “para quebrar a monotonia dos muitos anos de uso de um mesmo método de preparação”, como explicou. De início, buscou na arte marcial o “istokê”, visando mais rapidez nos movimentos, e o levantamento, obrigando o atleta a sustentar todo o peso em uma só perna, enquanto a outra movimenta-se até o queixo, com a ponta dos pés.
 O começo de tudo foi um convite do treinador Zezé Moreira para ele assistir um treino físico da equipe vascaína. Baltar foi para as cadeiras sociais e ficou do lado de alguns torcedores, observando e anotando  tudo sobre os movimentos dos jogadores. Considerou o que viu de superado e fez algumas observações ao “Seu Zezé”, que o convidou a estagiar na Colina. Mas o treinador saiu e ele o acompanhou. Surpreendentemente, tempinhos depois Paulinho de Almeida o convidou para ser o seu  preparador físico.
A NOVIDADE gerou discussões, como o "karatê levar o atleta à estafa e a distensões musculares". Baltar contestava, garantindo que os dois problema não haviam visitado São Januário, após os quatro primeiros treinos.
Paulo Baltar introduziu, também, o bambolê no treinamento físico vascaíno,
 conforme este recorte de jornal da coleção do pesquisador  Jorge Medeiros. 
 O seu plano era ter a rapaziada no ponto ideal após 12 sessões de uso do método, que incluía, também “circuit-training”, com três voltas ao redor da pista de atletismo do estádio vascaíno. Baltar resumia o seu trabalho, em 40 a 50 minutos, buscador de velocidade, agilidade e destreza, resistência e força, alegando que isso era usado pelo futebol alemão.
 Segundo Baltar, os jogadores estranharam a novidade, de início. Mas depois encararam legal, com ele prometendo-lhes que, que após os  12 treinos, nenhum time carioca aguentaria o Vasco. QUASE FOI VERDADEe. No primeiro turno do Campeonato Carioca, o “Almirante” ficou na ponta do Grupo B, com 20 pontos, dois a mais do que o Botafogo, vencedor da Chave A.
 Escorregou ante o Flamengo (1 x 2) e passou, como um trator, por cima dos demais: 3 x 2 América; 4 x 1 Madureira; 2 x 0 Bonsucesso; 2 x 1 Bangu; 3 x 0 Portuguesa; 2 x 0 São Cristóvão; 3 x 1 Fluminense; 2 x 0 Olaria e 2 x 0 Botafogo. Pelo returno, 1 x 0 Bonsucesso; 0 x 0 Flu; 0 x 0 Bangu; 1 x 0 América;  2 x 2 Fla; 1 x 0 Madureira e 0 x 4 Botafogo.
A rapaziada terminou a temporada, com 29 pontos, contra 32 do Botafogo, o que significa que o karatê pode ter deixado o time de mãos vazias, sem a taça, devido ao rendimento físico do time durante a fase decisiva da disputa, quando perdeu cinco pontos e ganhou só dois.     Nº 467, fev.1968           
QUASE SETE sete meses depois de ter saído de São Januário, o preparador físico Paulo Baltar voltou. Se, em 1968, ele havia introduzido o karatê em seus trabalhos, em 1969 apresentou o jiu-jitsu aos atletas. Garantia não ser “invencionices”, mas uma maneira de motivar a rapaziada, e prometia que nenhum atleta vascaíno levaria tapa no rosto, porque, instintivamente, esta ria sempre em guarda.   
Baltar prometia, ainda, que os vascaínos iriam às bolas divididas com a certeza de ganhar o lance e jamais perderiam uma partida no grito. Para uma outra fase dos seus trabalhos, falava em “resistência ao sofrimento”, isto é, movimentos visando dar maior maturidade ao atleta, ao mesmo tempo em que o prepara, psicologicamente, para sofrer durante uma partida. Os movimentos: 1 – corrida vertical; 2 – rede de abordagem; 3 – passeio de Tarzan; 4 – falsa baiana; 5 – pranchas; 6 – preguiça; 7 – passeio de jacaré – Baltar fora antecedido neste retorno ao Vasco por Carlos Alberto Parreira.

Um comentário:

  1. Vale conferir o blog do ex-goleiro Valdir Appel e e descrição do trabalho do Baltar. Como curiosidade teve a introdução do bambolê para os jogadores praticarem atividades físicas variadas. Imagina o Brito rodando o bambolê!!!

    ResponderExcluir