Cartaz de divulgação de programação |
Um dos principais responsáveis pelo estouro da
audiência televisiva era um italiano nascido na Calábria e criado na Argentina,
o mocinho Ted Boy Marino. Loiro, bonitão e invencível, ele fez tanto sucesso
quanto aos reis do iê-iê-ie que, naquele momento, dominavam corações e mentes de
garotos a coroas.
Aquele show que tanto divertia o tele e o
torcedor presente ao ginásio continha, realmente, cenas pastelão, como lutador
espremendo limão nos olhos do adversário, cuspindo no rosto do outro e até
arrancando a roupa do juiz, deixando-o com o bubum de fora, para risadas
gerais. De sua parte, o público, também, interagia, atirando sapatos,
guarda-chuvas, canetas, o que pudessem em cima dos bandidos, dos quais o mais
odiado era Aquiles, o Matador. Fora dos ringues, o cidadão Vespaciano Félix de
Oliveira era visto pelos colegas como a mais adorável das criaturas.
Capa de revista era uma consrtante |
Ser mocinho, casos de Ted Boy e de Tigre
Paraguaio, principalmente, não era nada mole, pois eles teriam de ser
verdadeiras damas e apanhavam muito por conta disso. Ted Boy, por exemplo, teve
braços fraturados, em duas oportunidades, e cansou de voltar pra casa com
machucados em várias partes do corpo.
Bandidos – Satã, Rasputim, Barba Negra, Vingador, Múmia, Fantomas,
Mongol, entre outros -, também se machucavam e chegavam a passar um bom tempo
em recuperação de fraturas e outros trumatismos. Para os mais leves vencerem os
odiados pesadões, era preciso treinar muito e levar estratégias para a luta.
Por exemplo, um mocinho, pesando 75 quilos, precisava cansar um bandidão de
120, para aplicar-lhe o golpe fatal.
Ted Boy Marino -na verdade, Mário
Marino - chegava a treinar durante oito
horas diárias, para manter a forma e desenvolver um repertório de golpes, dos
quais o mais vibrante era o dropkick,
pulo com os dois pés acertando o peito e derrubando o adversário. Empolgava,
mas ele e os demais que faziam o espetáculo juravam jamais terem ganho uma boa
grana, só cachê por lutas. Que mais reclamava eram os que encadernavam mais de
um personagem, como Rubens Martins, que fazia Satã e King Kong, e Melquíades
França Neto, encarnando
Fantomas
e Fu Manchu. Também chorava muito ...., o dono do personagem Verdugo, que
ficava entre bandido e herói, mas com visual macabro.
A popularidade de Ted Boy Marino valeu-lhe
participação em uns 35 programas mensais, inclusive novela e apresentação de
desenho animado, e um convite, do produtor global Wilton Franco, para
participar da primeira formação de os “Os Adoráveis Trapalhões”, com o palhaço
Renato Aragão, o pacifista Ivon Curi (cantor)e o galã Wanderley Cardoso
(cantor). O seu papel era meter a porrada nos bandidos que se envolviam em
confusões com o personagem do Aragão. Em 1969, ele era um dos globais que mais
cartas recebiam.
A revista "O Cruzeiro" fez um ensaio com Ted Boy e a cantora Vanusa |
Quando mudou-se, da Calábria para Buenos
Aires, o então garoto magricela Mário tinha 12 de idade. Por viver levando a
pior nas discórdias com os amigos, decidiu mudar tudo, procurando aprender a
luta livre no clube Independiente. Não demorou muito e, tendo por mestre Martin
Caradaján, mais famoso do que o presidente da Argentina, de repente, ele já
estava lutando em programas do Canal 9 da capital portenha. E pintou o convite
para vir lutar no Brasil, em 1965, e virar ídolo. E por aqui ficu enquanto
viveu.
Antes do estrondoso sucesso do telecatch já havia luta livre no Brasil,
tendo por principais representantes Helio Grace e Valdemar Santana, que
chegaram, inclusive, a disputar uma luta de 3h40- assunto para uma outra
coluna. Combinado?
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