Vasco

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sábado, 2 de fevereiro de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - TED BOY MARINO, UM MOCINHO CALABRÊS

Cartaz de divulgação de programação
  Pela metade da década-1965, o brasileiro empolgou-se com um espetáculo existente desde os tempos dos romanos, a luta livre, que pintou por aqui, na TV, modernizada e rebatizada  por telecatch. Um misto de porrada pra valer com marmelada. 
 Um dos principais responsáveis pelo estouro da audiência televisiva era um italiano nascido na Calábria e criado na Argentina, o mocinho Ted Boy Marino. Loiro, bonitão e invencível, ele fez tanto sucesso quanto aos reis do iê-iê-ie que, naquele momento, dominavam corações e mentes de garotos a coroas.
 Aquele show que tanto divertia o tele e o torcedor presente ao ginásio continha, realmente, cenas pastelão, como lutador espremendo limão nos olhos do adversário, cuspindo no rosto do outro e até arrancando a roupa do juiz, deixando-o com o bubum de fora, para risadas gerais. De sua parte, o público, também, interagia, atirando sapatos, guarda-chuvas, canetas, o que pudessem em cima dos bandidos, dos quais o mais odiado era Aquiles, o Matador. Fora dos ringues, o cidadão Vespaciano Félix de Oliveira era visto pelos colegas como a mais adorável das criaturas.
Capa de revista era uma consrtante
 Ser mocinho, casos de Ted Boy e de Tigre Paraguaio, principalmente, não era nada mole, pois eles teriam de ser verdadeiras damas e apanhavam muito por conta disso. Ted Boy, por exemplo, teve braços fraturados, em duas oportunidades, e cansou de voltar pra casa com machucados em várias partes do corpo.
  Bandidos – Satã, Rasputim, Barba Negra, Vingador, Múmia, Fantomas, Mongol, entre outros -, também se machucavam e chegavam a passar um bom tempo em recuperação de fraturas e outros trumatismos. Para os mais leves vencerem os odiados pesadões, era preciso treinar muito e levar estratégias para a luta. Por exemplo, um mocinho, pesando 75 quilos, precisava cansar um bandidão de 120, para aplicar-lhe o golpe fatal.
Ted Boy Marino -na verdade, Mário Marino -  chegava a treinar durante oito horas diárias, para manter a forma e desenvolver um repertório de golpes, dos quais o mais vibrante era o dropkick, pulo com os dois pés acertando o peito e derrubando o adversário. Empolgava, mas ele e os demais que faziam o espetáculo juravam jamais terem ganho uma boa grana, só cachê por lutas. Que mais reclamava eram os que encadernavam mais de um personagem, como Rubens Martins, que fazia Satã e King Kong, e Melquíades França Neto, encarnando
Fantomas e Fu Manchu. Também chorava muito ...., o dono do personagem Verdugo, que ficava entre bandido e herói, mas com visual macabro.
 A popularidade de Ted Boy Marino valeu-lhe participação em uns 35 programas mensais, inclusive novela e apresentação de desenho animado, e um convite, do produtor global Wilton Franco, para participar da primeira formação de os “Os Adoráveis Trapalhões”, com o palhaço Renato Aragão, o pacifista Ivon Curi (cantor)e o galã Wanderley Cardoso (cantor). O seu papel era meter a porrada nos bandidos que se envolviam em confusões com o personagem do Aragão. Em 1969, ele era um dos globais que mais cartas recebiam.
A revista "O Cruzeiro" fez um ensaio com Ted Boy e a cantora Vanusa
 Quando mudou-se, da Calábria para Buenos Aires, o então garoto magricela Mário tinha 12 de idade. Por viver levando a pior nas discórdias com os amigos, decidiu mudar tudo, procurando aprender a luta livre no clube Independiente. Não demorou muito e, tendo por mestre Martin Caradaján, mais famoso do que o presidente da Argentina, de repente, ele já estava lutando em programas do Canal 9 da capital portenha. E pintou o convite para vir lutar no Brasil, em 1965, e virar ídolo. E por aqui ficu enquanto viveu.
 Antes do estrondoso sucesso do telecatch já havia luta livre no Brasil, tendo por principais representantes Helio Grace e Valdemar Santana, que chegaram, inclusive, a disputar uma luta de 3h40- assunto para uma outra coluna. Combinado?   

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