Vasco

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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

HISTÓRIAS DO KIKE - NÉLSON CAZUMBÁ

                                  O zagueirão que virou ginásio de esportes em subúrbio da Bahia

 

Quando eu tinha por volta dos meus 14 de iade e só havia visto em campo atletas da Bahia, pra mim, não poderia haver defensor melhor do que o Nélson Cazumbá, do Leônico, de Salvador. Nunca chegava atrasado em um lance, era dificílimo de ser vencido em disputas diretas por bola e parecia ter molas nas chuteiras, pela suas impressionante impulsão. Por causa daquilo, o Bahia o contratou para ser zagueiro de área.     

 Os torcedores baianos achavam que Cazumbá fosse o apelido da fera, mas era nome de família mesmo, de descendentes que mantiveram o sobrenome familiar mesmo durante o período escravista, um etnônimo vindo da região central da África, do grupo etimolinguístico Cazumbi, Zimbi, Nzumbi, originário do Kibundo Nzumbi.

 Defensor regularíssimo, principalmente como lateral-direito, Nélson Cazumbá nunca era badalado pela imprensa baiana. Para mim, fora um absurdo ele não ser convocado para a Seleção Brasileira que iria tentar o tri na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra. E posso garantir que, se ele tivesse naqueles Brasil 1 x 3 Portugal, que eliminaram o time canarinho, a coisa seria diferente. Alertado por seus espiões, o técnico brasileiro do selecionado português, Oto Glória, armou esquema para a sua rapaziada explorar as deficiências do lateral-direito brazuca Fidélis, que estava mal fisicamente. E não deu outra. Por ali rolou o vexame canarinho. Duvido que tivesse acontecido se a camisa dois amarelinha estivesse nos costados de Nélson Cazumbá.

 Me senti vingado da injustiça da CBD, não levando Nélson Cazumbá para a Copa-66, quando ele foi a superfera da defesa do Leônico na conquista do título de campeão baiano daquela temporada, vencendo, em melhor de três, o campeão baiano de 1965, o “grande” Vitória, por 2 x 1, em 17 de abril de 1967 (campeonato atrasou-se), na Fonte Nova, com gols (2) de Zé Reis, diante de  20.313 pagantes – Gomes;  Nélson Cazumbá, Bel, Biguá e Petrônio; Bolinha e Careca; Gagé, Armandinho, Zé Reis e Geraldo foi o time que, nas 10 vitórias e dois empates (só uma queda, na melhor de três) teve o Nelsão por peça fundamental.

  Ypiranga-1974, da esquerda para a direita, em pé: França, Nelson Cazumbá, Rabelo, Santos, Aliomar e Alvino; agachados,na msma ordem: Iaúca, Raimundinho, Deri, Dilermano e Luizinho

Em 1969, mais uma vez, o Vitória ficou pra trás diante da raça de Nélson Cazumbá, com o Leônico campeão do Torneio Cidade de Feira de Santana, com as participações, ainda, de Fluminense Bahia locais. Em 1971, o Esporte Clube Bahia queria o bicampeonato estadual, e o técnico Sylvio Pirilo (lançou Pelé na Seleão Brasileira) pediu reforço para a lateral-direita, onde só contava com Zé Oto. Foram atrás de Nélson Cazumbá, que ganhou o seu segundo título estadual - Aguiar, Zé Oto (Nelson Cazumbá), Roberto Rebouças e Souza; Baiaco e Elizeu; Adilson, Sanfilippo, Amorim (Zé Eduardo) e Carlinhos (Nilo) foi o time-base.

 Campeão, em 1972, do primeiro Torneio Incentivo disputado na Bahia (criado pela Confederação Brasileira de Desportos-CBD para não deixar clubes parados), o Leônico queria mais e  achou que, para voltar a vencer a disputa, precisaria da energia de Nélson Cazumbá em sua defensiva. O repatriou e ele o ajudou a carregar os canecos de 1975/1976/1977/1978 -  França; Robson, Nelson Cazumbá, Santos e Florisvaldo; Roberto Oliveira (Newton) e Luís Ferreira; Vando, Jair, Piolho (Ventilador) e Chiquinho foi o time-base das última conquista.

 Em 1977, o Leônico deixou Salvador e instalou-se no município de Simões Filho, a 20 km da capital. Por ali, Nelson Cazumbá conquistou o título do Torneio  Prefeito Jonga Simões, com as participações, ainda, do Bahia e das seleções da cidade e de Lauro de Freitas. Também, pelo novo endreço, sagrou-se, simbolicamente, tetracampeão baiano-1978/1979/1980/1981-  do interior, tendo, na derradeira destas temporadas vivido o seu último Leônico, como atleta, por este time-base: Iberê; Bira, Ademir, Silveira e Zé Maria (Nélson Cazumbá); Renato, Douglas e Luiz Ferreira; Joãozinho, Chiquinho (Hamilton) e Sabino.

Em 1982, ao 39 de idade, veteraníssimo, Nélson Cazumba foi convidado pelo presidente do Leônico, João Guimarães, para ser o auxiliar-técnico do treinador Pinguela (João Paulo de Oliveira), ex- jogador do Fluminense, Bangu e Bahia, entre outros. Em 29 de março de 2012, três meses após ele se tornar uma pessoa espiritual, o Governo da Bahia prestou-lhe a homeangtem que a imprensa esportiva baiana sempre lhe negoue, inaugurando ginásio com o nome dele, no bairro Nova Brasília de Valéria, equipado com quadra poliesportiva, vestuário, palco e arquibancada para 400 pessoas, dentro das festividades de comemorações das 463 viradas de calendário de Salvador – muito merecida.

https://jornaldebrasilia.com.br/blogs-e-colunas/historias-da-bola/nelson-cazumba/

Publicado pelo Jornal de Brasília de 02.03.20-25 e trazido para cá pelo Túnel do tmepo

          
 
 
 

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