Vasco

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domingo, 28 de agosto de 2016

O DOMINGO É DIA DE MULHER BONITA - MARIA ESTHER, PRIMEIRA FERA DO TÊNIS

  Quando um dos grandes heróis da história moderna, o general francês Charles De Gaulle, que presidira o seu país, veio ao Brasil, em 1964, o cerimonial do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, exigiu a presença da tenista Maria Esther Bueno durante, a recepção ao visitante, no Jockey Clube paulistano.
 Para chegar lá, sem contratempos, a Estherzinha, como a imprensa a chamava, precisou cobrir-se  com um cobertor e esconder-se, agachada, junto ao banco traseiro do carro. Se a vissem, De Gaulle teria que esperar muito por ela. Como o presidente brasileiro Juscelino Kubitscheck, que bebera um chá de cadeira, em 1959, após ela conquistar, pela primeira vez, o inglês Torneio de Wimbledon, nas disputas individuais (simples).            
 Por vários anos, Maria Esther Bueno foi a “rainha do esporte brasileiro”. Sangue azul preparado, desde 1640, para ser injetado em suas veias. Por aquela época, quando foi restaurado o reino de Portugal, seu antepassado Amador Bueno teve a coroa de Rei do Brasil lhe oferecida pelos paulistas, mas a rejeitou.
Quem não conhecer a saga da Estherzinha tem este lançamento para conhece-la  
 O reinado de Esther começou em 1958, quando ela jogou ao lado da norte-americana Althea Gibson e a dupla venceu a disputa do mais charmoso torneio do planeta, em Londres. Dois anos antes, ela era tão desconhecida pelos patrícios, que a mais importante revista esportiva brasileira, a Manchete Esportiva, do Grupo Bloch, a chamava de Maria Bueno, sobrenome que remontava aos familiares da cidade paulista de Amparo. Mas o seu chamamento por nome duplo já estava à beira da quadra, para entrar em cena.
 
DEZ TEMPORADAS - Entre 1958 e 1968, Maria Esther Bueno esteve na lista das 10 melhores do tenistas do mundo, a hoje “top tem”, como a imprensa prefere chamar, para valorizá-la por uma língua globalizada. Como ela ganhava a maioria das suas competições, há historiadores que lhe conferem 589 títulos, dos quais 170 em quadras estrangeiras. Mas, como não se dava muita importância às estatísticas, antigamente, e a carreira dos astros do passado só são remontadas, hoje, por meio de pesquisas em jornais e revistas, a Estherzinha tem em conta, corretamente, vitórias em 19 torneios Grand Slam, três dos quais em Wimbledon – o circuito passava, ainda, por Roma, Austrália, Estados Unidos e França, nesta nas quadras de Roland Garros, onde Gustavo Kuerten, o Guga, venceu três.
 Quando a Estherzinha brilhava, não havia os milionários patrocínios atuais e nem direito de escolha da disputa. Os tenistas teriam de obedecer ao regulamento e não discutir se a quadra era dura, de saibro, ou de grama, bem como encarar jogos individuais, em duplas e duplas mistas. Para ela, até que foi bom, pois teve a oportunidade de jogar ao lado dos “asrtraços” das década-1950/1960, os australianos  Rod Laver e Roy Emerson.

SEM PIEDADE - A dureza dos regulamentos dos tempos de Maria Esther, certa vez, a deixou cerca de 20 horas dentro de uma quadra. Pior eram as viagens. Ela chegou a gastar 60 horas para chegar à Austrália, na déada-1950, pois não havia aviões a jato para todas as partes do planeta. Nas quadras, não havia bancos para os tenistas descansarem. Um chapéu e um gelo era o máximo para encarar três “sets”, sem “tie break” – os homens jogavam cinco.
 Quando Guga – ganhador de 16 títulos de ATP-Associação dos Tenistas Profissionais, (três em Roland Garros) e número 1 do ranking mundial ao final de 2000 – ainda era juvenil, não sabia quem era Maria Esther Bueno. Muito antes dele e por três temporadas, ela já havia ocupado aquela posição na turma das garotas. Mais? Ganhara verbete na Enciclopédia Britânica e fora convidada a almoçara com a rainha da Inglaterra. Além de ter sido recebido por vários outros monarcas, papas e chefes de governo, entre eles a também inglesa Margareth Tatcher.

A www.sigladesign.com.br produziu esta bela arte com
a campeoníssima. Agradecimento do Kike pela reprodução.   
 Chamada de “maravilhosa”, pela Duquesa de Kent, o apreço da família real por Maria Esther Bueno sempre foi tão grande que, depois que ela não jogava mais como profissional  pediram-lhe para dar aulas de tênis para princesa Diana e os seus filos William e Harry.
 Das grandes vitórias de Estherzinha, a que mais lhe marcou foi na final de Wimbledon-1964. Ela havia passado uma temporada sem jogar, por conta de uma cirurgia de apendicite. Contanto com a simpatia do público que a vira vencer naquela quadra, em 1958/1959, ela foi pra cima da australiana Margareth Court, campeã em 1963, um mulherão de 1m80cm de altura, malhadíssima em academias de ginástica. Mas ela, com 1m69cm de altura, superou tudo e ganhou, mais uma vez, a mais charmosa disputas do tênis mundial.           

 BISTURI - Maria Esther Bueno, que chegou a passar por 15 cirurgias ao longo da carreira,  viveu, também, sem projetarr,  uma das mais “sexy histories” do tênis. Seguinte: o estilista Ted Tiling encantou-se pelo seu jeito latino e o estilo de jogo. E passou a produzir para ela roupas de todos os tipos, jamais deixando-a repetir um modelo. Em 1958, só se jogava vestido de branco, em Wimbledon.  Então, Ted entregou-lhe um saiote todo branco por fora, com forro rosa-choque. Pronto! Quando ela ia sacar e a galera via aquela  novidade, gritava: “Uuuuuauuuu!”. E o “shocking pink” emplacou fama para quem havia vencido, pela primeira vez lá fora, aos 17 anos de idade, em Roma – todos os caminhos da Esterizinha não a levaram. Partiram de Roma.           

 

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