Se
tivesse disputado os jogos olímpicos modernos de 1896 e 1900, a judoca Rafaela
Silva não teria levado pra casa uma medalha dourada. As duas primeiras
Olimpíadas premiaram os primeiro e segundo colocados, respectivamente, com
prata e de bronze, além de uma coroa de louros. O ouro só chegou a partir de
1904, tendo o Comitê Olímpico Internacional o concedido, retroativamente, bem
como o bronze, a quem merecia.
Em 1904, as medalhas mediam 37,8 centímetros
de diâmetro e pesavam 21 gramas. Em 2012, em Londres, caíram para 8,5 cm de
diâmetro e peso de 375 a 400 gramas. Uma outra mudança ocorreu no anverso.
Entre 1928 e 2000, trazia Nice, a deusas grega da vitória, com o romano Coliseu
ao fundo. Em 2004, durante os Jogos de Atenas, os gregos fizeram a correção
histórica e trocaram o templo romano pelo estádio do Panathinaikos, onde
surgiram, realmente, os Jogos Olímpicos. Assim, cada cidade-sede se divulga.
Filha
de família pobre, Rafaela Silva nasceu na Cidade de Deus, área carente da Zona
Oeste do Rio de Janeiro. Ela conheceu o tatame em uma academia na rua onde
morava, aos oito anos de idade. Foi a maneira que os seus país encontraram para
torna-la mais calma, pois ela era muito brigona. No Instituto Reação, criado
pelo ex-judoca Flávio Canto, medalha de bronze olímpica-2004, a Rafa foi sendo
formada pelo treinador Geraldo Bernardes, que viu potencial nela e pagava as
suas passagens e alimentação quando ela competia fora do RJ.
"Rafa Dourada" em foto reproduzida do provedor deste blog, www. fotocom.esportesolímpicos.ig.com.br. Agradecimento |
Em
2008, Rafa Silva correspondeu à aposta de Geraldo, conquistando o título
mundial sub-20. Em 2009, voltou do Mundial da holandesa Roterdã, com um quinto
lugar, a melhor classificação brasileira. Eliminada dos Jogos de Londres-2012,
por aplicar um golpe irregular, e devido insultos racistas, queria abandonar
o judô, no que foi impedida pela sua família, o seu treinador, Flávio Canto e
uma psicóloga. Ainda bem, pois, nos últimos três anos, além de chegar a liderar
o ranking da Federação Internacional de Judô, subiu ao pódio em quase todos os
torneios disputados. Entre eles, o Campeonato Mundial de Judô-2013, no Rio de
Janeiro.
Até
conquistar a primeira medalha brasileira dourada na Olimpíada Rio-2016, Rafaela
perdeu disputas internacionais, para a alemã: Miriam Roper; a sul-coreana Jandi Kim, sul-coreana e a húngara Hedvig Karakas, a qual
devolveu a derrota neste 2016, temporada em que venceu, também, Corina
Caprioriu, e a mongol Sumya Dorjsuren, na final olímpica diante da primeira do
ranking mundial da categoria.
Rafaela,
mulher dourada no peso leve (57kg), juntou uma outra glória que nenhum outro
judoca brasileiro já conseguiu: campeã olímpica e mundial. Sarah Menezes,
Aurélio Miguel e Henrique Guimarães conquistaram o ouro olímpico, mas nunca o
do Mundiais. De outra parte, João Derly (duas vezes), Tiago Camilo, Luciano
Correa e Mayra Aguiar saíram dourados de Mundiais, mas, não, olimpícamente.
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