Vasco

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sábado, 8 de junho de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - OUSADOS, INTELIGENTES LADRÕES DE BELEZAS

O Concerto, do holandês Vermeer
A tela “La Gioconda”, pintada por Leonardo da Vinci não era vista por especialistas como o melhor trabalho técnico do italiano. Davam mais créditos a “Dama com Arminho”,  óleo sobre madeira, retratando Cecília Gallerani, entre 1489/1490, a pedido do amante Ludovico Sforza.
 Quis o destino, porém, que o que roubo de “La Jaconde”, como falam os franceses - em 21 de agosto de 1911 -,  tornasse uma pequena moldura, de 53 por 77 centímetros,  um mito insuperável. Tudo por conta da grande divulgação do caso, pela mídia internacional (ler mais, abaixo).
 Muitos outros roubos de belas telas aconteceram, mas nem mais são lembrados. O  considerado maior de todos aconteceu em 18 de março de 1990, no Museu Gardner, da norte-americana Boston. 
Golpe mais do que de mestre. Fazia muito frio na madrugada de um feriado religioso -  Dia de São Patrício – quando dois sujeitos vestidos como policiais chegaram dizendo ser preciso verificar um barulho esquisito saído de um dos corredores do prédio.
 Era 1h24min quando eles renderam os dois seguranças. Após 1h21min de “larapinagem”, foram embora, levando 13 telas, entre elas “O Concerto”, de Johannes Veermer; “Mulher e Cavaleiro de Preto”, e “Tempestade sobre o Mar da Galileia”, esta a única marinha pintada por Rembrandt Harmens van Rijn. Valor do roubo: 300 milhões de dólares - e nenhuma pista dos ladrões, até hoje que carregaram a arte dos dois holandeses.
 No Museu Poznan, na Polônia, foi aplicado um grandes drible em esquemas de segurança. Um malandro conseguiu autorização da casa para reproduzir “A Praia de Pourville”, do francês Oscar-Claude Monet, para trabalho do seu curso de pintura. Quando tinha tudo pronto e, de há muito, percebido que a vigilância era falha, ele trocou a tela original pela sua cópia e saiu carregando a moldura, com mais de um metro de largura - mole, mole!
Única marina pintada pelo francês Monet

 Pode ser lenda que o ladrão tenha saído pela porta principal do Museu Poznan assoviando, mas que foi tremenda ousadia, sem dúvida. Coisa mais ousada, no entanto, aconteceu na italiana Galeria Ricci Oddi, em Piacenza. 
O ladrão pescou, literalmente, a “Retrato de Mulher”, do austríaco Gustav Klimt. Foi ao telhado, munido de uma linha grossa e de um enorme anzol, e mandou ver. Era 1910 e só quatro dias depois deram conta do sumiço da peça, que desapareceu para sempre - bem como o ladrão.
 De volta para “La Gioconda”, o larápio chamava-se Vincenzo Peruggia, era italiano, pintor de paredes, trabalhara no parisiense Museu do Louvre, em 1910, e fora o instalador da porta de vidro que protegia a tela. Usou seu velho uniforme branco dos empregados da casa e sabia desprender a pintura.
Finalizado em 1503, “La Gioconda” era conhecido só por entendidos em arte e nem ocupava lugar de destaque no museu. Roubado em uma segunda-feira de Louvre fechado,  com poucos servidores trabalhando, a sua ausência só foi notada no dia seguinte.
 Em 10 de dezembro de 1913, o quadro estava recuperado, porque  Peruggia vacilou e o vendedor de antiguidades Alfredo Geri o entregou à polícia de Florença, que o capturou em Como, no norte da Itália. Preso, o ladrão justificou o roubo como “patriotismo”. Queria devolver ao seu país o que fora, segundo ele, roubado por Napoleão Bonaparte. 
Mulher e Cavaleiro de Preto, do holandês Rembrandt
Na verdade, Leonardo da Vince vendera “La Gioconda” ao rei francês Carlos I, em 1516, por quatro mil táleres de ouro – moeda usada na Europa, a partir de 1518 -, grande negócio para a época.
Vicenzo  Peruggia, cujo papo não colou na polícia, no entanto, ficou no lucro. Tornou-se famoso e pegou só 385 dias de cadeia. De sua parte, “La Joconde” foi levada à Galleria degli Uffizi, em Florença, e teve a sua autenticidade confirmada.
Durante as investigações do roubo da Mona Lisa – denominação errada, pois Mona Lisa foi neta de Lisa Gherardini, a modelo de Leonardo da Vinci – até o pintor espanhol Pablo Picasso foi suspeito pela surrupiação
Por sinal, Picasso teve uma de suas  642 telas roubadas no Brasil: “A Dança”, que estava no Museu da Chácara do Céu, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro.
Para citar poucas, entre outras telas famosas, também, roubadas estão “Natividade com São Francisco e São Lourenço”, do italiano Michelangelo Merisi, o Caravaggio, surrupiada em 1969, quando valia 28 milhões de dólares, e “Sibylle de Cleves”, do alemão Lucas Cranach, valendo 7,5 milhões da mesma moeda.  

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