Vasco

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sábado, 15 de junho de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - SESSÃO MADRUGADA DE ROCK NA CADEIA

Erasmo, primeiro à esquerda, teve...
Roberto Carlos cantava o rock´n´roll e participava do programa de TV Clube do Rock, comandado por seu conterrâneo capixaba Carlos Imperial, que o queria como o Elvis Presley brasileiro.
 De repente, Roberto não tinha a letra de Hound Rock, sucesso de Elvis, mas um colega de curso de datilografia - Arlênio Lívio - sabia quem poderia arrumar-lhe. E o levou à Tijuca, onde residia Erasmo. 
Do encontro rolou grande amizade – também, com Tim Maia e Jorge Ben (hoje, Benjor) e toda a turma da Rua do Matoso. De quebra, surgiu o conjunto The Sputiniks - Roberto, Tim, Jorge, Arlênio e Welligton -, que não subiu muito por conta de briga entre Roberto e Tim.
Sputinicks fora do espaço, Roberto formou Os Terríveis – com Carlos Imperial (acordeon e piano), Paulo Silvino (voz e futuro humorista), Vítor Sérgio e Edson Morais (guitarras), Amílcar (guitarra havaiana) e João Maria (bateria). 
De outra parte, Arlênio chamou Erasmo para montarem The Snakes, com Edson Trindade e Zé Roberto “Chininha”. E passaram a fazer vocais para Roberto e Tim , no programa de TV Clube do Rock, comandado por Imperial.
...fama de mau em seus primeiros
sucessos no dico. 
 Por aqueles finais de década-1950, inícios da 60, a turma só namorava em grupo, para aguentar a barra nas brigas com os caras dos bairros onde arrumavam meninas. Lá pelas tantas, a turma de Roberto e Erasmo conseguiu convites para uma festa na casa de uma garota da Ilha do Governador, num sábado. Sem rivais, ficou à vontade e dançou, comeu e bebeu – cerveja e cuba libre – à vontade. 
Na volta pra casa, pelas madrugadas, a rapaziada, muito animada pela bebida, aprontou a maior bagunça dentro do ônibus, cantando alto, batucando e tocando violão. Espantou o motorista, que a levou para um posto da Aeronáutica, perto do aeroporto do Galeão (atual Tom Jobim).
'Irmãos-camaradas' na década-1970, em foto
reproduzida do site oficial de Roberto Carlos
Imediatamente, soldados cercaram o coletivo, que só levava o grupo, e o “convidou” a adentrar ao recinto.  Acusados de perturbar a ordem pública e de desobedecer a lei do silêncio, todos foram se explicar ao oficial do dia, que mandou-os para uma cela, sem perceber que haviam levado junto o violão. Já que estavam presos, seguiram tocando e cantando. Chamaram a atenção dos milicos do plantão, que gostavam do rock´n´roll.  De repente, a turma já estava de papo com o oficial do dia, que convocou um sargento que tocava piston. E rolou a maior sessão madrugada de rock na cadeia.
 Quando o domingão amanhecia, o oficial do dia liberou a rapaziada, pedindo desculpas pela noite de cana e explicando que, zelar pela ordem pública, era a sua obrigação. Desculpas aceitas, a moçada pediu carona no primeiro carro aeronáutico que seguisse para perto da Tijuca. Como não o havia, o oficial do dia fez uma vaquinha, com quem estava de plantão e juntou o que dava para pegarem um ônibus e se mandarem. 
Roberto, Erasmo e agradecera e ficaram de voltar no dia seguinte, para pagarem o empréstimo – nunca mais voltaram.                        

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