É tradição: troca de treinador do Vasco da Gama vem acompanhada de muita fofoca. Não poderia ser diferente com o titio Orlando Fantoni, que voltara à Colina, em 1980, após ter passado por lá, em 1977/78, quando a sua rapaziada conquistou o título do futebol estadual, bem como a 14 Taça Guanabara.
Fantoni recebera um Vasco com time nada promissor. Em fevereiro, os astros Jorge Mendonça (meia-atacante que fizera grande sucesso no Palmeiras) e o apoiador Carlos Alberto Pintinho (ganhador de vários títulos estaduais pelo Fluminense) tornaram-se reforços.
Dois meses depois, foi a vez goleador Roberto Dinamite, repatriado do espanhol Barcelona. Para a torcida vascaína, ter Mendonça (que trabalhara com Fantoni no Náutico-PE) e o Dinamite juntos no ataque, era garantia de muitos goleiros desempregados.
Dois meses depois, foi a vez goleador Roberto Dinamite, repatriado do espanhol Barcelona. Para a torcida vascaína, ter Mendonça (que trabalhara com Fantoni no Náutico-PE) e o Dinamite juntos no ataque, era garantia de muitos goleiros desempregados.
Mas não foi bem assim. Fantoni brigou com Mendonça, desentendeu-se com cartolas e sobraram um monte de queixas de todos os lados. Resumo da ópera: o titio foi mandado embora da Colina, pelos cartolões Antônio Calçada e Eurico Miranda.
Do que se queixava a diretoria vascaína? De Fantoni estar gagá; fazer preleções para as paredes dos vestiários; de assistir aos treinos da beira do gramado, sem falar aos jogadores; de ser incapaz de mudar o time durante uma partida; exibir pessimismo; destruir bom de ambiente; reclamar de tudo; definir, para o trabalho, um grupo de atletas, pela manhã, e mudar tudo à tarde. Além disso, o treinador era acusado de comportar-se indevidamente durante hospedagens em hotéis e de não gostar de ficar nas concentrações.
Orlando Fantoni (E) com Dirceu, em 1977, em seus bons tempos na Colina, reproduzidos do Jornal de Brasília |
Ele antipatizava a comissão técnica lhe imposta, principalmente os supervisores Dante e Aírton Brandão, o preparador físico Hélio Vígio e o vice-presidente médico Pedro Valente, por fazerem preleções nos vestiários e mudarem seus horários de treinos.
Para Fantoni, eram todos “mentirosos, traidores”. Por causa disso, chegou a pedir demissão, por três vezes, todas negadas pelo vice-presidente Antônio Calçada.
Para os atletas, entre eles Jorge Mendonça, com quem o titio se desentendera, Guina e o tricampeão mundial Marco Antônio, classificar Fantoni por esclerosado e dizer que ele não sabia mudar o time era um absurdo. Os três o tinham por dócil e de bom diálogo. Guina, inclusive, além de vê-lo bom treinador, o via amigo e protetor dos jogadores, contradizendo às acusações da comissão técnica, de ser entregador dos comandados.
Jorge Mendonça, um dos 'criseiros' de plantão, em São Januário, reproduzido de netvasco.com.br |
O primeiro batia-lhe por ter visto o time mudar de tática durante o jogo do Brasileiro, contra o Náutico-PE, sem ordem do comandante, e este deixar o barco rolar. O outro achara terrível os atacante Jorge Mendonça e Paulinho, durante jogo na Venezuela, pela Taça Libertadores, em Cracas, ofenderem, moralmente, seu chefe, por terem sido substituídos, e este ter ficado calado.
Orlando Fantoni foi substituído por Gílson Nunes, de 34 de idade, o ponta-esquerda do time campeão carioca-1970. Este foi considerado, pelos atletas, a melhor opção para aquele momento.
Gilson assumiu anunciando seguir os passos do antecessor, mas querendo “futebol moderno, lutador, de estivadores da bola”. Mas não teve tempo pra ver. Aqueles seus planos, em maio, terminaram, em 14 de agosto, quando Mário Jorge Lobo Zagallo ocupou o seu lugar.
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