Se não foi a primeira – o Kike nunca encontrou textos assinados
por mulheres em revistas esportivas brasileiras de antes de 1970 -, Meg foi dona
desta glória, escrevendo para Manchete Esportiva, uma magazine do grupo Adolpho
Bloch, que dominou o seu setor, da metade até quase o final da década-1950.
Por aquele tempo,
jornalismo esportivo era algo completamente machista. Como o grosso da
cobertura ficava com os rapazes, o diretor Augusto Rodrigues (irmão de Nélson
Rodrigues, colunista da publicação) aceitava que Meg fizesse pautas mais leves.
E ele jogava pra cima, principalmente,
dentro de uma página totalmente colorida, as belas, belas do esporte.
Por exemplo, na edição de
N 63, de 2 de fevereiro de 1957, ela contou que a basqueteira Neide de Araújo,
do América, jogava com tanta garra que chegou a deixar a quadra, durante jogo
contra o Flamengo, para receber 11 pontos no queixo.
Segundo Meg, por ter baixa
estatura, a atleta americana levava muita desvantagem nos confrontos corpo a
corpo, o que lhe obrigava a se virar cuidado para não sair do jogo desfigurada.
“E não quer sair tão cedo. Quer jogar até enjoar”, ressaltava Meg, realçando
mais o seu personagem: “... Neide acha que esporte é vício. Entra na vida da
gente e só sai um dia, não se sabe quando. É moça ativa...” – texto bem
adequado à proposta editorial da Manchete Esportiva, bem mãos femininas.
A ótima revista Manchete Esportiva, que foi
publicada na cidade do Rio de Janeiro, pela Bloch Editores, que detinha a
segunda revista de maior circulação do Brasil – Revista Manchete (1952 a 2000). ]A semanária dedicado ao esporte surgiu a partir de novembro 1955 indo até maio
de 1959, retornando entre 1977 e 1979. Geralmente, cada número continha 60
páginas, em formato de aproximadamente 26 cm x 35 cm.
O valor de capa era de
Cr$ 15,00 (quinze cruzeiros), considerado baixo para o período. As reportagens apresentavam um padrão de
escrita, falam sobre a modalidade esportiva praticada pelas atletas, os eventos
que já participaram ou que iriam estar seus prêmios e suas vitórias.
Também,
era perguntado para a atleta sobre seus hábitos, gostos culturais e em algumas
aparecem sua opinião sobre o futuro, estudos e profissão. As reportagens eram
sempre assinadas com pseudônimo de MEG9 . Nos textos eram frequentes perguntas
sobre casamento, estudos, trabalhos e bons hábitos, que reafirmavam para as
mulheres as funções de boas esposas e mães zelosas.
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