Vasco

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sábado, 30 de novembro de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - GAROTAS DE IPANEMA PISAM NA CABEÇA DO VISCONDE

 IMAGEM REPRODUZIDA DE YOUTUBE.COM.BR - AGRADECIMENTO
Quem reside na carioca Ipanema da Cidade Maravilhosa, passa, de vez em sempre, pela Rua Visconde de Pirajá, a principal do pedaço e que desbrava todo o bairro, ligando o Leblon a Copacabana. Por lá, rola muito comércio que vende as grifes da hora.
Sensuais e belas carioquinhas morenas a caminho do mar, livre, lindas,  leve e soltas pela calçada
 A “Pira” começa na esquina da Rua Canning, com Gomes Carneiro, e termina na Avenida Epitácio Pessoa.  Como corre paralela à praia, deixa a rapaziada sacar as belas garotas de Ipanema que caminham em busca do mar. Convidante a muita paquera, ela cruza com muitos outras ruas, homenageando poetas (Vinicius de Moraes); heroínas (Joana Angélica); baianas arretadas (Maria Quitéria); caudilhos gaúchos (Borges de Medeiros) e colonizador português (Garcia D´Avila).
A “velha Pira” oferece uma mãozinha, também, pra figuras já esquecidas pelo povão, como Teixeira de Melo, Farme de Amoedo, Aníbal Mendonça e Henrique Dumont, que estão em placas públicas. Também, para danados (Jangadeiros) e gente om nome de sardinha enlatada (Gomes Carneiro). Mas, afinal, quem foi este tal de Visconde de Pirajá, que ganhou nome de rua bacana?
Pois bem! Pra começar, ele era baiano, registrado por Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, nascido em 1788 e teve dois irmãos proprietários de títulos de nobreza, um deles presidente do Conselho Interino que governou a Bahia, de 1822 a 1823. Aprontou muito. Não podia sentir o cheirinho do trem, que nem um gavião malvado. Perigosa dando mole, ele não perdoava. Chegava junto!
O Visconde reproduzido de www.wikipedia
Uma das traçadas mais famosas do futuro Visconde de Pirajá - na época um cadete -  foi a filha do Governador da Fortaleza do Morro de São Paulo -  a 64 quilômetros da capital Salvador - hoje,  parada disputadíssima pelos turistas que vão à Ilha de Tinharé, município de Cairu. 
Com o fuxicava, o pai da moça ficou uma fera com o desvirginador de sua filha e foi queixar-se às mais altas autoridades da Província da Bahia, inclusive ao arcebispo.
 Por sinal, falavam as más línguas da gloriosa Província da Bahia que, enquanto as mulheres das autoridades, dificilmente, conseguiam um orgasminho, a filha do Governador delirava durante os garros do futuro Visconde. Gemia alto para ser ouvida por quem estivesse pelas vizinhanças da cama amorosa.
 Enfim, de nada adiantaram as queixas do Governador  da Fortaleza aos zome da Bahia. O cadete Joaquinzão – diziam que era o campeão baiano de sacanagem -, depois de se cansar de visitar a perseguida da filha do queixoso, começou a rodar pelas cercanias de uma bela filha da importante família Pitta Argolo. Daquela vez, porém, ele dançou. Lhe chegarem no cantão. Tinha só 18 de idade e, entre continuar cadete e perder o bom futuro pela frente, preferiu a primeira opção. E enforcou-se com a Pitta Argolo.
 Botar Argolo e argola no dedo não foi problema para o Quinzão seguir chegando as baianas ao pé das felicidade. Ainda mais porque a Pitta Argolo demorou-se pouco por este planeta. Viúvo, ele virou uma grande atração para as ilustres baianas com pimenta no trem. Ele só não cobrava por bons serviços prestados porque, por aquele tempo ainda não havia na Bahia o cargo do gigolô.
 Rola o tempo e, aturdido por tantas visitas a tantas perigosas-  tinha agenda sexual completamente lotada -, o glorioso Quincão decidiu faturar uma prima da finada, que assinava por sobrenome de solteira Teive e Argolo. Casou-se, pela segunda vez. Mesmo já tendo sido apelidado por Santinho da Torre, o que, na verdade, queriam dizer diabinho das camas, travesseiros fronhas e lençóis da Bahia.
Reprodução de www.cobacanbana - agradecimento
 Um dia, no entanto, o carinha resolveu não ser mais herói das mulheres com furor uterino, mas herói com outras armas nãos mãos. Foi lutar pela independência da Bahia e, comandando a Milícia da Torre, ocupou a planície de Pirajá, em julho de 1822. Valente, prendeu todos os portugueses que pintaram pela frente. De quebra, foi agraciado com título de barão - depois, de visconde.
A partir de 1831, quando tentaram assassina-lo, o Visconde de Pirajá começou a andar com umas ideias meio-esquisitas na cuca, principalmente sobre insurreições. Certa vez, com a Bahia cheia de insurretos, convidaram-no para o cargo militar mais cobiçado da Província. 
Surpreendentemente, ele recusou, dizendo que a sua saúde andava pior do que acarajé dormido e sem vatapá. Tempinho depois, participando de lutas baianas, levou uma bala,  seguiu vivo, fora do furdunço , mas ainda dentro das vida militar. Até 1841, quando pirou.
 Pirajá pirou! Tanto, que tentou, por duas vezes, se degolar. Chegou a armar os seus escravos, dizendo que os seus parentes queriam mata-lo. Não teve jeito. O jeito foi interna-lo para tratamento psiquiátrico. Viveu por 60 temporadas e não foi matado. Terminou pisado - pelo povão que passa pela Visconde de Pirajá.       


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