Vasco

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terça-feira, 19 de novembro de 2019

GOL MIL DO 'REI' PELÉ - HÁ MEIO-SÉCULO

 Em 1969, o Vasco tinha um time daqueles que só participava de campeonatos. Não fazia medo em ninguém. O seu grande momento, naquela temporada, terminou sendo estar em uma das maiores festas do futebol brasileiro, a do milésimo gol de Pelé, na noite de 19 de novembro de 1969, no Maracanã.
 Eram 23h11,  quando o camisa 10 do Santos correu para a bola, de marca Drible, e a chutou, para o canto esquerdo das balizas defendidas pelo goleiro argentino Edgar Norberto Andrada. A partida valia pelo Robertão, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, embrião do atual Campeonato Brasileiro, e o Santos, com o gol do Rei do Futebol, igualava o placar, aberto pelo adversário sem sem brilho, aos 17 minutos do primeiro tempo, por intermédio do meia Benetti.
Eram jogados 33 minutos do segundo tempo, quando Pelé partiu para dentro da área vascaína, com a bola dominada. Os zagueiros Renê e Fernando lhe deram combate e, ao ver o atacante caído no gramado, o árbitro pernambucano Manoel Amaro de Lima marcou o pênalti.
Renê jura que não o fez. Até hoje garante não ter tocado um dedo em Sua Majestade, o Camisa 10 – Renê, no entanto, fizera um gol contra.
Depois de esperar que os fotógrafos escolherem o melhor ângulo para eternizar aquele momento – os demais atletas santistas se colocaram no meio do campo –, Pelé atendeu os gritos de “Pelé, Pelé”, dos torcedores que pediam para ele cobrar o pênalti, e correu para a bola. De nada adiantou o lateral-direito vascaíno Fidélis fazer buracos na marca do pênalti. Com o pé direito, o Rei transformou aquela noite na mais importante do ano, para os brasileiros, até "maior" do que a da descida do homem na Lua, três meses antes.
Marcado o gol, Pelé apanhou a bola no fundo das redes e a beijou. Rapidamente, o roupeiro vascaíno Chico o vestiu com uma camisa, do seu clube, com o número mil às costas.
 O goleiro Agnaldo o colocou nos ombros – Pelé tinha a pelota sempre levantada para o alto –, e com ele deu uma volta olímpica pelo Maracanã, com a partida paralisada, fato inédito na história do futebol. 
- Naquele dia, eu enfrentei o mundo. Em campo, não dava para escutar nem a respiração dos torcedores. Até a torcida do Vasco torceu contra mim -, declarou Andrade, tempos depois.
 De sua parte, Pelé confessou, também, muito depois, que tremeu, daquele vez: 
- O jogo parado, o estádio inteiro calado. Eu, a bola e o Andrada. Naquela hora tive um terrível medo de falhar. Fiquei nervoso. Sabia que todos esperavam o gol. Pouca gente viu, mas fiz o sinal da cruz antes de cobrar o pênalti.
 De volta ao chão, ao se ver diante de um “mar de microfones”, Pelé pediu:
-Pensem no Natal. Pensem nas criancinhas”. Antes, dissera ao repórter Geraldo Blota, da Rádio Gazeta, o primeiro a ouvi-lo: “Dedico este gol às criancinhas do Brasil.
POLÊMICAS – Tema rico para discussões, houve quem levantasse que o verdadeiro milésimo gol de Pelé fora marcado no dia 4 de fevereiro de 1970, nos 7 x 0 santistas, sobre o América, do México. Nesse ponto, a colocação foi a de ter sido o “gol-mil” do atleta, como profissional.
 Um dos maiores historiadores do futebol brasileiro, Thomaz Mazzoni, sustentou que o "milesimal" teria acontecido nos 4 x 0, sobre o Santa Cruz, em Recife, em 6 de novembro de 1969. Ele computava um gol de Pelé, pela seleção brasileira militar, no Sul-Americano das Forças Armadas, em 1959, quando o placar fora Brasi 4 x 1 Paraguai,  com Pelé marcando um tento.
Em 1995, a Folha de São Paulo recontou os gols do artilheiro santista e afirmou que o milésimo teria sido contra o Botafogo, da Paraíba, num amistoso, em João Pessoa, no dia 14 de novembro, na inauguração do Estádio Governador José Américo de Almeida. Por sinal, também, de pênalti, aos 23 minutos do segundo tempo.
 Recuou o “milésimo”, de 19.11, para 14.11.1969. “Mais depois”, a revista paulistana Placar levantou a bola de que um dos gols atribuídos ao Pelé, em 1965, na realidade, fora marcado por Coutinho, pretgendendo, com aquilo, que o gol. 1000 voltasse a ser gol 1.000.

No entanto, em 1965, Coutinho e Pelé não atuaram juntos pela Seleção Brasileira. Dupla fatal formada por eles indo à rede com a camisa canarinha deixou de existir, a partir de 5 de maio de 1963, após Brasil 2 x 1 Alemanha Ocidental, amistosamente, na alemã Hamburgo, com um gol de cada um, e em 28 de abril de 1963, em Brasil 3 x 2 França, também, amistosamente, na casa do adversário, com dois tentos do “Rei”. E atuaram juntos defendendo o escrete nacional, pela última vez, em 12 de maio de 1963, em Brasil 0 x Itália, na italiana Milão. Naquele dia, curiosamente, o ataque canarinho do início do amistoso foi: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, todos santistas.

Santos 2 x 1 Vasco da Gama, do pretenso gol.1000, foi assistido por 65.157 pagantes, totalizando cerca de 100 mil presentes, com os “caronas”. O Santos do “Rei milesimal” teve: Agnaldo; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Djalma Dias (Joel Camargo) e Rildo; Clodoaldo e Lima; Manuel Maria, Edu Américo, Pelé (Jair Bala) e Abel, treinados por Antoninho. O Vasco da Gama, armado por Célio de Souza, alinhou: Andrada; Fidelis, Moacir, Fernando e Eberval; Renê, Buglê e Benetti; Acelino (Raimundinho), Adilson Albuquerque e Danilo Menezes (Silvinho).              





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