Vasco

Vasco

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

O VENENO DO ESCORPIÃO - EXTRA - ELEIÇÃO DIRETA PARA IMPERADOR

 O 15 de novembro corresponde a uma das maiores sacanagens políticas já roladas neste país. O marechal Deodoro da Fonseca proclamou  a República, derrubando o barraco imperial do grande protetor de sua carreira militar, Dom Pedro II, o qual teve 24 horas de prazo para dar o fora do pedaço.
Aconteceu em 1889. Passadas 98 viradas de calendário, rolou algo mais esquisito: o deputado paulista Cunha Bueno propôs à Assembleia Nacional constituinte, discutinte de uma nova carta brazuca, a restauração da monarquia por estas bandas.    
Cunha Bueno reproduzido
de www.camara.leg.br queria
volta da monarquia
 Esquisito? 1 - Bueno malufara - Secretário de Cultura do governo Paulo Maluf-1978;  2 - votara no dito cujo, contra Tancredo Neves, no colégio eleitoral-1985; 3 - fugiu do plenário para não votar a Emenda Dante de Oliveira-1984, que previa a volta de eleições presidenciais diretas no país; 4 – seu partido de 1987, o PDS, de sustentação aos generais-presidentes, era republicano até a gata miar.
 Ser malufista era apoiar um político da situação que seria candidato a Rei, caso houvesse eleição para isso. Em se tratando de néo-monarquistas, tudo a ver. Por sinal, antes da Constituinte-1988, o deputado Cunha Bueno colaborara com um jornal, escrevendo artigo pelo qual comparava o presidente Ernesto Geisel a um monarca. Não citou qual, mas imaginemos que pudesse ser Dom Pedro I, que foi ditador como o Alemão.   
 Quando propôs a emenda restauradora da monarquia, por considerar a república a grande responsável pela instabilidade política brasileira, Cunha Bueno foi ironizado pelo relator do regimento constitucional, o então senador Fernando Henrique Cardoso, do MDB e futuro presidente da república-1995/2003, dizendo que só a acataria se lhe fosse garantido um título de nobreza. Bueno topava a sacanagem e devolvia que só dois presidentes brasileiros, sem citar quais, cumpriram seus mandatos com equilíbrios de forças no Congresso Nacional.
Fernando Henrique, reproduzido
de twitter (@FHC) foi
constituinte em 1987/1988
 Durante a monarquia brasileira, o Imperador estava acima dos partidos políticos, dispondo do Poder Moderador que deveria permitir-lhe atravessar crises políticas sem arranhões à sua figura. Mas, na verdade, aquele era um instrumento altamente autoritário, estabelecedor do desequilíbrio parlamentar, pois o ome poderia derrubar o Gabinete de governo quando estivesse de saco cheio com a politicada.    
 Presidente do Movimento Parlamentarista Monárquico, o deputado Cunha Bueno  - deputou, federalmente, entre 1975/2003 – tinha o apoio do príncipe Dom Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança, mas não o lançava para o trono. Pregava a possibilidade de uma eleição direta para Imperador, por decisão da Constituinte – a primeira da história da monarquia.
 Cá entre nós: no dia do plesbicito-1993 que rejeitou a volta da monarquia ao Brasil, votei contra. Deveria ter sido a favor, pois, tempinho  antes, eu havia namorado uma carioca descendente de Dom Pedro e que tinha o apelido de Princesinha. Devo ter molhado o pescoço (por dentro) com algo de qualidade duvidosa, pois deixei ser príncipe por não saber votar. Então, Pelé tem, ou não, a razão de dizer que o brasileiro não sabe votar?    

Nenhum comentário:

Postar um comentário