O 15 de novembro corresponde a uma das maiores
sacanagens políticas já roladas neste país. O marechal Deodoro da Fonseca
proclamou a República, derrubando o
barraco imperial do grande protetor de sua carreira militar, Dom Pedro II, o
qual teve 24 horas de prazo para dar o fora do pedaço.
Aconteceu
em 1889. Passadas 98 viradas de calendário, rolou algo mais esquisito: o
deputado paulista Cunha Bueno propôs à Assembleia Nacional constituinte, discutinte de uma nova carta brazuca, a restauração da monarquia por
estas bandas.
Cunha Bueno reproduzido de www.camara.leg.br queria volta da monarquia |
Esquisito? 1 - Bueno malufara - Secretário
de Cultura do governo Paulo Maluf-1978; 2
- votara no dito cujo, contra Tancredo Neves, no colégio eleitoral-1985; 3 -
fugiu do plenário para não votar a Emenda Dante de Oliveira-1984, que previa a
volta de eleições presidenciais diretas no país; 4 – seu partido de 1987, o
PDS, de sustentação aos generais-presidentes, era republicano até a gata miar.
Ser malufista era apoiar um político da situação que seria candidato a Rei, caso houvesse eleição para isso. Em se tratando de néo-monarquistas, tudo a ver. Por sinal, antes da Constituinte-1988, o deputado Cunha Bueno colaborara com um jornal, escrevendo artigo pelo qual comparava o presidente Ernesto Geisel a um monarca. Não citou qual, mas imaginemos que pudesse ser Dom Pedro I, que foi ditador como o Alemão.
Ser malufista era apoiar um político da situação que seria candidato a Rei, caso houvesse eleição para isso. Em se tratando de néo-monarquistas, tudo a ver. Por sinal, antes da Constituinte-1988, o deputado Cunha Bueno colaborara com um jornal, escrevendo artigo pelo qual comparava o presidente Ernesto Geisel a um monarca. Não citou qual, mas imaginemos que pudesse ser Dom Pedro I, que foi ditador como o Alemão.
Quando propôs a emenda restauradora da
monarquia, por considerar a república a grande responsável pela instabilidade
política brasileira, Cunha Bueno foi ironizado pelo relator do regimento constitucional,
o então senador Fernando Henrique Cardoso, do MDB e futuro presidente da república-1995/2003,
dizendo que só a acataria se lhe fosse garantido um título de nobreza. Bueno topava
a sacanagem e devolvia que só dois presidentes brasileiros, sem citar quais,
cumpriram seus mandatos com equilíbrios de forças no Congresso Nacional.
Fernando Henrique, reproduzido de twitter (@FHC) foi constituinte em 1987/1988 |
Presidente
do Movimento Parlamentarista Monárquico, o deputado Cunha Bueno - deputou,
federalmente, entre 1975/2003 – tinha o apoio do
príncipe Dom Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança, mas não o lançava
para o trono. Pregava a possibilidade de uma eleição direta para Imperador, por
decisão da Constituinte – a primeira da história da monarquia.
Cá entre
nós: no dia do plesbicito-1993 que rejeitou a volta da monarquia ao Brasil,
votei contra. Deveria ter sido a favor, pois, tempinho antes, eu havia namorado uma carioca descendente
de Dom Pedro e que tinha o apelido de Princesinha.
Devo ter molhado o pescoço (por dentro) com algo de qualidade duvidosa, pois
deixei ser príncipe por não saber
votar. Então, Pelé tem, ou não, a razão de dizer que o brasileiro não sabe votar?
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