Presidente Jair Bonsonaro em foto oficial do Palácio do Planalto |
Pela segunda metade da década-1960, por
exemplo e diariamente, a palavra infraestrutura,
divulgada à exaustão pelos militares que tomaram conta do governo, cansava os ouvidos
da rapaziada. Veio a década-1970 e a nova tendência apontava para o termo alienado. Todo mundo era alienado politico.
Passada a fase dos milicos governantes do
Brasil, ganharam destaque as palavras tranquilo e a expressão tudo bem! Previa-se que aquilo iria
acontecer – tranquilo! Que fulano não
fez nada de chocante contra a ordem natural das coisas - tudo bem!
Em 2018, quem dominou a nossa audição foi o fake news, um anglicismo muito mais usado
nos Estados Unidos. Na verdade, os brasileiros passaram a conviver tardiamente
com a expressão que teve os seus dias de glória durante a campanha presidencial
que elegeu Jair Bolsonaro. Ouvimos muito candidato acusando candidato eleito de
plantar notícia inverídica pelos meios de comunicação social.
De início, as fake news foram chamadas por propaganda
negra e seu pai foi um doutor em sacanagem da KGB, agência estatal da
antiga União Soviética, um tal de Willi Muezenberg que inventou o uso de agência
de inteligência para espalhar discórdias e caminhos de instabilidade política
no país de sua mira.
Ian reproduzido de www.ianfleming.com |
Rolava
a década-1940, a da Segunda Guerra Mundial, e um jornalista chamado Stefon
Delmer aprendeu tudo o que não prestava do que fora inventado por Muezenberg.
Ao
juntar-se ao braço britânico da
propaganda de inteligência - War Political Executive-PWE, ele viu que os
dirigentes da sigla não sacavam bem sobre como embaralhar a mente dos alemães,
sobretudo via rádio.
Por criticar a patota incompetente, Delmer
tornou-se antipático na PWE. Sorte a dele de ter conhecido um cérebro brilhante
dentro da inteligência britânica, um
carinha que não se amarrava em seguir os negócios bancários da família.
Tornou-se jornalista, mas isso ainda era de poucas emoções para ele. Pulou,
clandestinamente, para espião amador do MI-16, e foi trabalhar com Delmer, um
gordinho imigrante alemão.
O
carinha em questão tinha 31 de idade e atendia por Ian Fleming. Viciou-se em
perigo no mundo secreto e mostrou-se para o almirante John Godfrey, diretor da
Divisão de Inteligência Naval britânica, um jovem capaz de pensar de forma não
convencional.
Depois de tocar com Stefon Delmer tods as
sacanagens inventadas po Willi Muezenberg, o espião Fleming passou a pensar,
para Godfrey, ideias o quanto mais inusitadas melhor.
Uma
dessas ideias foi colocar em ação (durante a Segunda Guerra Mundial) uma
unidade formada por sujeitos desajustados para operações de espionagem em
território ocupados pelos alemães. O grupo tinha ladrões profissionais para
rouber motores avançados de aeronaves, além de arrombadores para invadir e
roubar códigos e cifras em unidades diplomáticas.
Cartaz de divulgação do campeão de mentiras no cinema |
Antes
de trabalhar com Godfrey, o inquieto Ian Flming ficara encantado quando Delmer
contou-lhe tudo o que sabia sobre a propaganda
negra. Acabada a guerra, ele virou escritor e usou da sua experiência na
espionagem para criar um personagem que deslumbrou leitores e plateias cinematográficas
pelo planeta a fora - James Bond, o agente secreto 007, emocionantíssimo, por causa das fake news, das mentiraças que tornavam cenas dos seus filmes inacreditáveis, como escapar
de um lago repleto de jacarés, pulando sobre os costados de todos eles.
Portanto, Bolsonaro não inventou as fake news.
Ian Flming chegou primeiro.
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